domingo, julho 28, 2013

Dicas sobre o verão na Itália

Se você chegou nesse blog agora e ainda não leu as dicas que dei em outras ocasiões (AQUI, AQUI e AQUI, por exemplo), aqui vão algumas informações que podem amenizar a sua viagem na terra da pizza durante o período de verão.

- A primeira coisa a localizar em uma cidade italiana nesse período é o supermercado. Compre a água lá (se o supermercado estiver vazio) e você economizará uma fortuna.

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- Se você mora por aqui ou alugou um apartamento para a temporada, compre frutas e verduras todos os dias, em pequenas quantidades e tenha sempre produtos frescos. O pêssego ainda duro de hoje estará mofado depois de amanhã.

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- Não dê comida aos pombos nem compre de camelôs. A multa pode sair mais cara que a passagem de avião.

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- Se for conhecer a ilha de Capri, não leve tamancos, que são proibidos por lá. Informe-se antes e descubra outras bizzarrices das cidades italianas.

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- Veneza é uma cidade que deve ser visitada, mas na época certa. Só turista estrangeiro visita Veneza durante o verão. A cidade vira uma sauna (“Veneza é úmida?”) e é muito difícil não se perder. Durante o verão, Veneza fede.

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- Se você caiu na armadilha de visitar Veneza durante o verão, não alugue um carro; Veneza se conhece a pé ou de vaporetto (o transporte de barco). Ao pegar um vaporetto, não brigue para ser o primeiro a entrar para escolher o lugar da janela. Os últimos a entrar ficam fora, no convés; os primeiros vão sufocar no calor e descobrir que não dá pra sair.

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- Quando viajar de trem, lembre-se sempre de convalidar o bilhete antes de entrar no trem. Se for andar de ônibus, a regra é a mesma. Caso esqueça, tente conversar com o fiscal (capotreno) para que ele convalide o bilhete e te libere de pagar os cinquenta euros de multa (se pagar diretamente a ele, ou cem euros até quinze dias da notificação, ou duzentos, depois). Nas estações ferroviárias existem as máquinas para convalidar que podem ser de diferentes modelos e cores. Essa aqui é a mais tradicional; essa outra é o modelo mais recente; nessa é possível comprar e já convalidar o bilhete; dentro do ônibus tem tem essa.

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- E se por acaso você não encontrar nenhuma máquina para convalidar o bilhete (macchine obliteratrici) funcionando, tire uma foto com o seu celular e mostre ao fiscal.

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- Viajando de carro? Veja como pagar o pedágio na Itália neste vídeo.

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- 20 gramas de cravo-da-India em meio litro de álcool por 5/6 dias. Coe e adicione 100 ml de óleo de amêndoa (ou óleo para bebê). Agite bem e use no corpo como repelente. Os pernilongos italianos vão detestar.
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quarta-feira, julho 24, 2013

Al Bano e Romina Power juntos de novo

A série “Trilha sonora italiana” nem sempre reflete meu gosto musical. A intenção é transmitir aos leitores ou visitantes do blog o que faz (ou fez) sucesso na Itália; o que toca nas rádios. Alguns posts são respostas a quem me escreve ou deixa comentários pedindo informações sobre algum artista, que pode concidir com o meu gosto. O post de hoje é dedicado à nossa querida ouvinte Romina, que nos prestigia diretamente da Inglaterra. Obrigado pela audiência, Romina.

Albano Carrisi é filho de agricultores de uma cadezinha na Puglia, sul da Itália. Aos dezessete anos caiu na estrada e foi virar cantor em Milão. Operário, garçom e cantor. O sucesso chegou aos 24 anos. Aos 27 se casou com Romina Power, filha de Tyrone Power e Linda Christian, nascida em Los Angeles. Juntos, Al Bano e Romina Power formaram a dupla de maior sucesso da música italiana, com um estilo popular.

O casal teve quatro filhos e um casamento que durou 29 anos. Em 1994 a filha Ylenia – então com 24 anos – desapareceu misteriosamente em New Orleans. O desgaste pela tragédia acelerou o fim da parceria e do casamento, em 1996. Divorciaram-se em 1999. Separados, Al Bano continuou sua carreira de sucessos, enquanto Romina preferiu uma vida mais discreta e acabou voltando para os Estados Unidos.

Depois de 18 anos da última apresentação juntos, Al Bano e Romina Power voltarão a dividir o mesmo palco, mas não é um retorno à dupla, esclarecem ambos. Para comemorar os 70 anos de Al Bano, o artista foi convidado a se apresentar com amigos no Crocus Hall, de Moscou, onde o cantor é tido como uma celebridade. Os organizadores do evento conseguiram o que muitos acreditavam impossível: fazer Al Bano e Romina Power cantarem, mais uma vez, alguns dos grandes sucessos da dupla. “Ele é o pai dos meus filhos. É importante esquecer velhos rancores”, declarou Romina. Voltará a felicidade?


domingo, julho 21, 2013

Nação versus Estado

A Folha de São Paulo publicou essa semana uma reflexão ponderada sobre as manifestações no Brasil, do experiente jornalista Aldo Pereira, um caro amigo:

Nação versus Estado
Aldo Pereira

Chame de Junho o primeiro surto de manifestações; chame de Julho o segundo. Junho exibiu, na cacofonia de cartazes desfilados, sinceridade, espontaneidade, vibração juvenil — e muita ingenuidade. Julho tirou da naftalina mofadas bandeiras e slogans para tentar, com histórica truculência e intimidação, reclamar as ruas para si.

Sem foco nem liderança, Junho pareceu inconscientemente anarquista. Contrastante, Julho exibiu relíquias que ainda inspiram fé nos órfãos do comunismo. Junho manifestou descontentamentos pontuais, gemidos sintomáticos de dorzinhas agudas, e pediu para elas paliativos como reversão de aumento de tarifas.

Julho também ficou em queixas pontuais, que no conjunto correspondem a explícita carência, a serem tratadas com mais dinheiro menos trabalho para assalariados. Surpreendeu-se em não achar adesão comparável à de Junho. A decepção talvez o leve a ponderar certa medida de evolução sociológica no Brasil: não apenas a proporção de assalariados tende a diminuir, como também o antagonismo de classes.

Em greve de operários contra os donos duma fábrica o conflito de interesses se dá entre partes mutuamente dependentes. Mas gestores de sindicatos fósseis tomem nota: greves em transporte, escolas e centros de saúde se inspiram na tática terrorista de ameaçar com as consequências reféns inocentes. Como esperar simpatia dessas vítimas?

Junho e Julho, contudo, configuram juntos o descontentamento da Nação com seu Estado patrimonialista. Nação? Estado? Patrimonialismo? Para ganhar foco e eficácia, os dois movimentos carecem de melhor percepção da estrutura e da conjuntura política do Brasil. Reabrir cartilhas para atualizar conceitos como os referidos, afora os de soberania (que a classe política nos usurpa), ação direta e também iniciativa.

Sem visão e organização política, a Nação se expõe a ser engabelada com paliativos e engodos diversionistas. Plebiscito de cima para baixo é drible para reter a bola. Em jogos assim, ganhará sempre quem ditar as regras. A tal “Constituinte específica” que o governo chegou a cogitar para reforma política não daria a você, por exemplo, chance alguma de propor extinção do Senado (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1012200909.htm). (Essa lânguida tertúlia desperdiçará neste ano uns 3,5 bilhões, com os quais se poderia, digamos, dobrar o orçamento de proteção do meio ambiente: pense em rios-esgotos, sufocação urbana, desmatamento etc. Noutras palavras, a múmia institucional do Senado polui em mais de um sentido.)

O governo não perguntará tampouco se você concorda em barrar acesso de corruptos a cargos públicos mediante voto negativo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2908200510.htm), nem de se desfazer deles por “recall” (cassação de mandato por iniciativa do eleitorado). Não consultará você quanto a reformas que confiram ao Judiciário mais probidade e eficiência, nem aos impostos mais racionalidade e justiça.

Sopra a favor dos reformistas sinceros o vento novo da Internet, poderoso instrumento de arregimentação. Para o bem ou para o mal, ela dinamiza a mobilização das massas no mundo informatizado.

Incerto prever até que ponto as redes sociais poderiam contribuir para consultas e decisões políticas. Mas se pela Internet o Estado apura a vida contábil de milhões de contribuintes para tosquiá-los com admirável eficiência, por que não admitir essa tecnologia para exercício de outros deveres e direitos de cidadania?

Aldo Pereira, 80
é ex-editorialista e colaborador especial da Folha.

quinta-feira, julho 18, 2013

Como é o clima na Itália?



Se você está sentindo saudades daquele calorzinho do verão, se sempre quis saber qual é a temperatura no inferno, se não conhece o significado da expressão “isso aqui tá um Saara!”, se nunca viu um termômetro se abanando, vem pra Planície Padana (Itália) nesses dias, vem.


 
Pôr do Sol com neblina (que é pra aumentar a umidade). 20:30 h, 38 °C, umidade sufocante.

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domingo, julho 14, 2013

Enquanto isso...


“O povo novo quer muito mais do que desfile pela paz” (Tom Zé)

Um amigo – comerciante de carros – exprimia a admiração dele pelos protestos no Brasil: “nós, italianos, jamais iríamos pras ruas exigir as mudanças de que tanto precisamos. Eu mesmo, me lamento dos efeitos da crise, tenho consciência de que a classe política poderia fazer muito, sou contra toda essa corrupção cuspida na cara da gente todos os dias, mas não teria coragem de ir às ruas. Prefiro ficar aqui, reclamando que as vendas caíram, reclamando dos políticos e botando a culpa no governo. Fazendo de conta que não sei que somos nós a escolher o governo.”

Italiano é capaz de mover o mundo para defender a receita tradicional da massa de todo dia, mas não move uma palha para tentar mudar o que realmente afeta a vida de todo dia. “Cambiare tutto per non cambiare nulla” [mudar tudo para não mudar nada]. Basta que algum político apareça na imprensa gritando palavras de ordem e dando socos na mesa. Aplausos, tapinhas nas costas, holofotes e a consciência de que no dia seguinte tudo continuará como antes.

Neste mês de Julho-verão, três assuntos dominam os noticiários e as conversas de bar: “Será que dessa vez o Berlusconi vai ter que se exilar pra não ir em cana?”; que jogador cada time comprou, está comprando, se interessa ou está fingindo que não interessa; como sair de férias sem gastar o dinheiro que a crise não permitiu ganhar.

A classe política vive num mundo virtual, no qual é obrigatório falar muito para não esclarecer nada. As leis se adaptam às necessidades dos legisladores e a aparência é de que tudo vai bem, obrigado; o futebol europeu está sendo vendido aos sheiks árabes e uns poucos jogadores fortunados começam a ganhar cifras estratosféricas. Diante de um cheque em branco, os astros do futebol trocam de time jurando amor eterno, até o próximo árabe; entre o delírio dos políticos e os salários futebolísticos, o italiano comum se envergonha em dizer que não tem dinheiro para viajar durante as férias e se esconde nas piscinas públicas longe de casa. Depois do verão, quando todos voltam à dura rotina de ter que se virar para sobreviver até o ano seguinte – quando (juram os políticos) tudo vai melhorar – , a regra é fingir não ter visto o colega de trabalho no mês anterior, escondido na mesma piscina de todos.

Quando chegará a hora dessa gente esbranquiçada mostrar seu valor? Será que o primeiro passo seria um desfile pela paz?

quarta-feira, julho 10, 2013

Tormentone d'Estate

Tormento de verão. Como já devo ter deixado claro em algum post perdido nestes anos, o verão italiano dura pouco. Já cantava Adriano Celentano: “Cerco l’estate tutto l’anno, e all’improviso, eccola qua” [procuro o verão o ano inteiro e, de repente, olha ele aqui].

Por durar tão pouco, o verão acaba virando uma loucura coletiva e tudo é exagerado: roupas brancas, calças pescador, sorvetes, festas, música alta, enfim, um mês de Carnaval com uma ressaca monumental, também coletiva.

Como sempre nessa vida moderna, cada verão tem uma trilha sonora marcante. Não pela qualidade das músicas apresentadas, mas pela insistência com que elas tocam nos rádios no último volume. Sabe aquela música que você não chega a ter o direito de ter um opinião própria, pois vai ouvi-la de qualquer jeito? Pois é...!

Durante algum tempo, a língua espanhola dominou os verões italianos e, vez ou outra, volta. Ouça: Los Del Rio - Macarena, Jarabe de Palo – Depende e Manu Chao – Me gustas tu.

Mas o português não é ignorado nos meses de julho e agosto. Já tocaram por aqui: Tribalistas – Já sei namorar, Maria Gadu – Shimbalaiê, Gusttavo Lima – Balada boa, Michel Teló – Ai, se eu te pego e a mistura Don Omar & Lucenzo – Danza Kuduro.

É claro que PSY – Gangnam Style fez sucesso também na terra da pizza. E não faltam músicas em inglês: Shakira – Whaka Whaka, Coldplay – Viva la vida, The White Stripes – ‘Seven Nation Army’ (mas só a batida do baixo, que aqui virou “pô, popô po popô, pô”, hino da Copa do mundo de 2006, ano em que a Itália foi campeã) e Bon Jovi – It’s my life.

Italianas? Ei-las: Tiziano Ferro – E Raffaela è mia, Cesare Cremonini – Marmellata #25, Vasco Rossi – Come stai?, Liga Bue – Happy hour e Lunapop – Vespa 50 Special.

Isso só para dar uma ideia, pois a lista seria muito longa. Além disso, o fato de tornar-se um "tormentone d'estate" não significa que estaremos da música nas estações vindouras, pois elas voltam. Elas sempre voltam. Neste ano ainda não descobri qual é a canção que irá tocar sob os guarda-sóis e não só. Mas se pudesse escolher, seria essa aqui:




E você, também tem que aturar esse tipo de epidemia sazonal?

:)
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sexta-feira, julho 05, 2013