Hoje, 25 de abril, comemora-se a liberação italiana do
nazifascismo. É uma data simbólica, escolhida por ter sido nesse dia, em 1945,
que se iniciou a retirada dos soldados alemães e da República de Salo de Milão
e Turim, como consequência do rompimento da “Linha Gótica” por parte dos
aliados e da resistência italiana.
Neste feriado, assim como no dia 1° de Maio, por toda
a Itália ouve-se aquela que se tornou o hino da Resistência: Bella Caio.
Bella Ciao é uma canção que se tornou popular vinte
anos após a Segunda Guerra e não chegou a ser cantada pela Resistência italiana,
durante a guerra.
A melodia, na verdade, tem origens mais antigas,
aparentemente aproveitando-se de partes de outras músicas e adaptando-as. Em
1919, o acordeonista Mishka Ziganoff (Odessa, Ucrânia, 18889 – Nova Iorque,
EUA, 1967) gravou o disco “Klezmer-Yiddish swing music”, no qual há uma peça com
uma melodia muito próxima à de Bella Ciao, mas não teria sido a única a fornecer
inspiração àquela italiana. Do mesmo modo, a letra sofreu – e sofre ainda,
dependendo de quem a canta – modificações no tempo. Há, ainda, a versão cantada
pelas mulheres emilianas (da região Emilia-Romagna) que iam trabalhar nas plantações
de arroz na região Piemonte. Nessa versão, “bela ciao” faz alusão ao fato de
perderem a juventude no trabalho no campo. Em poucas palavras, não existe
nenhum registro da origem da música. É um canto popular.
O certo é que Bella Ciao é uma tradição inventada. A
letra que a tornou famosa foi pensada para unificar as lutas contra os
invasores, não faz nenhuma referência a lutas de classes, partidos políticos ou
guerra específica, justamente para não excluir qualquer parte. Tornou-se
célebre a partir de 1964, após um festival de música em Spoleto, na província de
Perugia, região da Úmbria, quando a canção abriu o festival na versão camponesa
e foi apresentada na versão partigiana (a resistência formada por civis),
no final.
A letra mais cantada é a que segue.
Una mattina mi sono alzato
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
Una mattina mi sono azalto
E ho trovato l'invasor
O partigiano, portami via
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
O partigiano, portami via
Ché mi sento di morir
E se io muoio da partigiano
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E se io muoio da partigiano
Tu mi devi seppellir
E seppellire lassù in montagna
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E seppellire lassù in montagna
Sotto l'ombra di un bel fior
Tutte le genti che passeranno
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
E le genti che passeranno
Mi diranno "che bel fior"
È questo il fiore del partigiano
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao
È questo il fiore del partigiano
Morto per la libertà
È questo il fiore del partigiano
Morto per la libertà
* * *
A seguir, a versão camponesa.
Alla mattina appena alzata
o bella ciao bella ciao
bella ciao ciao ciao
alla mattina appena alzata
in risaia mi tocca andar.
E fra gli insetti e le zanzare
o bella ciao bella ciao
bella ciao ciao ciao
e fra gli insetti e le zanzare
un dur lavor mi tocca far.
Il capo in piedi col suo bastone
o bella ciao bella ciao
bella ciao ciao ciao
il capo in piedi col suo bastone
e noi curve a lavorar.
O mamma mia, o che tormento!
o bella ciao bella ciao
bella ciao ciao ciao
o mamma mia o che tormento
io t’invoco ogni doman.
Ed ogni ora, che qui passiamo
o bella ciao bella ciao
bella ciao ciao ciao
Ed ogni ora, che qui passiamo
Noi perdiam la gioventù
Ma verrà un giorno che tutte quante
o bella ciao bella ciao
bella ciao ciao ciao
ma verrà un giorno che tutte quante
lavoreremo in libertà.
*
* *
E
a gravação de 1919.
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