Flutuava o ano de 1.000.0218 a.C. quando, aqui pertinho, naquilo que um dia viria a ser parte da província de Piacenza, mas que ainda eram apenas uns pontinhos de terra naquele mundaréu de água, foi inventada a neblina.
Hoje somos os maiores exportadores de neblina do
mundo. E planejamos viagens espaciais para levá-la muito, muito além.
Se você vive onde não há neblina, não sabe o que está
perdendo. Também não se perderá, que é a parte divertida. A neblina modifica a
geografia, esconde os sorrateiros, camufla sonhos, prega sustos, abraça
suspiros.
Nem todo outono e inverno tem neblina. Aliás, ela está
ficando cada vez mais rara. A exceção foi esse ano, quando ela começou em
novembro e ainda nessas madrugadas de fevereiro vem nos visitar. Gosto de ir às
montanhas e colinas da província em dias de neblina. Do alto vê-se todos os
vales cobertos por um estrato branco e o céu limpo acima da vida lá embaixo,
menos frenética que o normal. Prefiro neblina de noite, quando saio para fumar
um charuto e me divirto com os sustos. Meus e dos outros.
Dirigir com neblina é mais perigoso que com neve. Na
neve o motorista sabe que tem que ir devagar e obedecer às práticas
aconselhadas. Além dos pneus de neve. E, se não souber, a viagem acaba
rapidinho. Com a neblina a única prática segura é deixar o carro na garagem.
Hoje amanheceu com uma neblina braba. Felizmente a neve de ontem já derreteu. Aqui na cidade, que nas colinas e montanhas o frio preserva a neve. Vou sair e brincar com a geografia, sonhar com alguma praia ensolarada e suspirar. Escondido na neblina.
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