Os nomes são fictícios.
Mariinha e Miguel choraram quando ele foi estudar
fora. Com os anos, as trocas de cartas, os telefonemas e a vida em comum foram
diminuindo até desaparecerem. Se reencontraram na festa do padroeiro, dois anos
atrás. Ela já não tinha os quinze anos de então, mas trinta e um. Ele acabara
de se separar. O sentimento juvenil – que nunca tinha ido embora – renasceu.
Mariinha ainda morava com os pais; Miguel, que herdara a casa dos avós, trouxe
experiencia profissional e algum dinheiro do exterior. Planejaram uma vida
juntos, anunciaram bodas. Mas veio a pandemia e os planos foram suspensos.
Finalmente as vacinas chegaram. Finalmente. Infelizmente ela sempre foi do
grupo de pessoas que não podem ser vacinada, além dos anticorpos muito baixos.
Miguel, ao contrário, se recusou a se vacinar. De nada adiantou o choro dela,
os pedidos para que ele se vacinasse para ajudar a protege-la. Irredutível, não
se vacinou. Nem entendeu que essa é apenas a primeira de outras pandemias que
virão. Destruída, ela resolveu pôr um fim na
relação. Cinco dias depois foi internada já em estado grave. Desesperado, ele
tentou visita-la no hospital. Tentou. Testou positivo e continua assintomático.
Nunca mais a viu. Ela faleceu um mês depois da internação, no dia em que
completaria trinta e três anos. O arrependimento dele não vai servir para nada,
por toda a longa vida que provavelmente terá.
*
A partir do dia 15 de outubro o green pass
(certificado de conclusão do ciclo de vacina ou os resultados de testes
negativos a cada 48/72 horas) será obrigatório para todos os trabalhadores
italianos. Isso inclui servidores públicos, empregados da iniciativa privada,
autônomos e profissionais liberais. Casos especiais serão tratados como tais.
Desprovidos do passe não poderão ser demitidos, mas suspensos, sim. O que
comporta desconto do salário. O vírus só será vencido quando toda a população
mundial for imunizada, impedindo o aparecimento de novas variantes.
2 comments:
Oi Allan, nossa história hein! Pois é...igual a esta, existem outras. Que triste!!! Lamentável. Os meus pais também não querem se vacinar. Os argumentos: os mais tolos possíveis. Não tem conversa, não tem reza que os faça mudar de ideia. Também tenho outros conhecidos, bitolados em fake news, lendas e paranóicos com teorias diversas de conspiração. Acho que o fim da humanidade não é nem o vírus mas sim a ignorância.
Um amor interrompido, podiam ter sido felizes.
Oi, Allan!
Já assistiu um vídeo da BBC que fala sobre a queda de imunidade das vacinas com o passar do tempo? Pelo que entendi, teremos que tomar vacinas praticamente de 6 em 6 meses. Quem não quiser se vacinar, testar positivo e ser assintomático como o Miguel, deveria ser processado por sair contaminando pessoas.
A conduta no Brasil é que, quando se está com covid assintomático não pode ser vacinado. Mas a pessoa tem que ficar em quarentena.
Beijus,
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