Wednesday, July 08, 2009

Água mineral II











Há algum tempo escrevi aqui um post esclarecendo o porquê do consumo de água mineral na Europa. Uma leitora havia deixado um comentário sugerindo que eu experimentasse um filtro da marca Brita, que não encontrei na cidade. Em Dezembro passado, num jantar na casa de um vizinho, descobri que já era possível encontrar o tal filtro. Trata-se de uma simples jarra com um elemento filtrante que deve ser substituído quando um pequeno dispositivo da jarra informa ser exaurido.

Comprei no dia seguinte e descobri que a loja aceitava o cartucho usado para ser devolvido ao fabricante para reciclagem. Meio ressabiado, usei o filtro desde então, enquanto me informava sobre a potabilidade da água oferecida pelo fornecedor público (a água que sai da torneira das casas). Durante a pesquisa descobri que a água tratada na Itália é, de um modo geral, de boa qualidade, apesar do gosto forte do cálcio que forma o calcário, presente em quase toda a península. O jornalista Giuseppe Altamore, investigador da situação da água potável italiana, chega a afirmar que se pode beber sem medo a água da torneira, com exceção de Amiata, na Toscana, onde o teor de arsênico é cinco vezes superior ao nível permitido pela legislação. E antes que você me pergunte como é possível, esclareço que a lei italiana é assim, cheia de emendas e rasuras, para permitir esse tipo de absurdo. O mesmo jornalista nos alerta sobre uma pesquisa alemã elaborada pelos cientistas Martin Wagner e Jorg Oehlmann da Goethe University de Frankfurt, publicado na revista Environmental Science and Pollution Research. Os estudiosos analisaram algumas marcas de água mineral e concluíram que alguns compostos hormonais das garrafas plásticas podem ser transferidos para a água. Martin Wagner e Jorg Oehlmann sugerem que o estudo é apenas a ponta de um iceberg, presumindo que outras embalagens plásticas de produtos alimentares também poderiam contaminar os alimentos.

Voltando ao filtro Brita, é extremamente simples de usar, bastando enchê-lo com água e aguardar alguns segundos para que a água da torneira perca o gosto característico, ligeiramente salobro. Água para beber, fazer chá, café ou cozinhar, sem o inconveniente das embalagens plásticas. Para evitar um contato prolongado com o plástico do filtro, transfiro imediatamente a água filtrada para três jarras de vidro com tampa. Uma fica sobre a mesa da cozinha, para fazer café, etc. As outras duas vão para a geladeira. Mas nada de fazer grandes estoques de água filtrada, pois é sempre um produto alimentar a ser considerado com curto prazo de validade.

Economicamente também é vantajoso. Em casa consumíamos 3 garrafas de água de dois litros, diariamente. O preço médio de uma garrafa de água mineral – na região onde moramos – é de 0,50 euros, totalizando, em média, 45 euros por mês. Uma caixa com três filtros custa 19,99 euros. Como usamos um filtro por mês, o que equivale a 6,66 euros, economizamos algo como 38,34 euros por mês.

Acredito que um corpo em boa saúde produza todos os hormônios de que necessita, sem precisar dos eventuais hormônios transmitidos pelas embalagens plásticas. Economizar também é um fato positivo, mas o que me levou mesmo à procura de uma alternativa às garrafas plásticas da água foi a ânsia que me causava aqueles sacos de lixo cheios de garrafas vazias, que eu não tinha certeza de que seriam realmente recicladas.

Ufa! Deu sede.

7 comments:

Claudia Souza said...

Aqui em casa tb usamos o Brita faz tempo, pelos mesmos motivos que você optou. Li que a única coisa que ele faz é "quebrar a dureza" da água, ou seja, diminui um pouco o calcário, o que já é muito. Em termos de contaminação, muda pouco na realidade, mas a água da torneira, pelo menos como nos informamos aqui em Milão, é bem confiável. Abraços!

maray said...

vc conhece bem esta minha região: imagina o que é ver o Pirajussara então, cheio de PETs, inundando a região! ( atualmente não inunda mais, depois do piscinão, mas fica um cheiro que nem te conto!)
Já me informei com engenheiros sobre a água de sampa e dá pra beber direto sim. O cheiro, por conta de umas algas, não é muito bem. Mas meu nariz não é lá essas coisas, também :)

Amandita said...

Ah descobri estas garrafas filtrantes quando morava na Irlanda e as adotei definitivamente! Não suporto beber água da torneira. Primeiro que não acredito na qualidade e segundo pelo gosto horrível. É realmente um bom produto. Na ausência do bom e velho filtro de barro que minha mãe tem lá no Brasil, não tem opção melhor. Além disso, livramos o meio ambiente das fastidiosas garrafas plásticas que se juntam...
Inté

.../.. said...

Oi Allan, tudo bem por aí? Aqui em casa bebemos água da torneira: a qualidade é ótima mas demorei muito a me acostumar com isso. Tenho sempre água mineral para as visitas pois sei que o pessoal aqui é muito mal-acostumado com as garrafas...
Uma vez pensei em trazer um filtro do Brasil, mais para enfeitar a cozinha e dar um 'toque' da terrinha, mas sá o incomodo no avião...
Quanto às jarrinhas, achei muito práticas e bonitinhas. Vou olhar no site.
Beijos e boa sexta!

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ said...

Allan, nunca vi a Brita por aqui. Aqui existe um outro tipo onde colocamos a água na garrafa e apertamos um botao para que o gás entre na água; Até ontem a água alema era vista e tida como muito boa. Como temos tido muitas enchentes por aqui por causa do calor; ontem já passou no jornal para termos cuidado com a água; pois já foram encontradas outras bactérias nao queridas, cuidados com hepatitis e tudo o mais. Enfim, o negócio e voltar a cozinhar a água como no tempo da minha avó, rs.

Parabéns pelo texto.

Bom fim de semana

Segunda impressão said...

Isso não deveria acontecer em nenhum lugar do mundo, vez que a água tem uma utilização essencial. Não sei se é pior não haver lei, ou precisar dela para resolver problemas dessa ordem.
Essa história de compostos hormonais das garrafas plásticas, realmente me deixou assustada. Aqui em casa fazemos um certo estoque de água mineral ou filtrada, o consumo é grande, vivo na zona oeste, uma das regiões mais questes do Rio, mas ainda assim, não deixa de ter contato com os plásticos.
Esses plásticos!!! Não contribuem para o meio ambiente...e agora isso!:S

BLOGZOOM said...

Allan, vim conferir sua postagem!
Curioso que eu já tinha visto esta marca para vender e nunca mais.
Alias, tem muitas garrafas que realmente deixam gosto, eu não aprecio paladar diferenciado.
Eu tenho uma jarra aqui em casa que é danada. Eu passei a usa-la, então, quando faço mate, ao menos, não sinto nada a não ser a erva.

Beijos