Caros e Caras,
Paz e saúde!
Nos últimos dias a imprensa italiana tem se ocupado de notícias de camuflagem. São argumentos de grande impacto mas de pouca importância. Um ator foi internado por overdose na mesma festinha que matou (também por overdose) uma dançarina brasileira. Às amigas ela dizia ter encontrado o príncipe azul que mudaria a sua vida. Ele declarou que sabia apenas que era brasileira e se chamava Ana. Dias depois, Lapo Elkan, herdeiro da Fiat, também foi internado pelo mesmo motivo, salvo pelos travestis com quem estava.
A fragilidade do euro em relação ao dólar, como resultado da insegurança internacional pela indefinição política na Alemanha, sequer foi noticiada. Nem chegou a ser analisada ou discutida como possibilidade. A atual queda – ainda que leve – do euro em relação às outras moedas é observada como movimento natural da economia mundial, como se a economia não fosse movida por questões sociais.
Esta é a época do início dos realityes na TV – no inverno a audiência aumenta – e todos os meios de comunicação preferem noticiar o que lhes fará vender. O comércio é o objetivo real no primeiro mundo. No terceiro mundo, também. A diferença é que aqui o consumidor tem algum dinheiro para consumir. Basta anunciar.
Mesmo a dura batalha no parlamento italiano por uma quota feminina entre os parlamentares, não mereceu destaque: foi noticiada apenas no dia, entre tapinhas nas costas das defensoras da proposta.
Os jornais e talk shows se entopem de personalidades que esclarecem as eternas brigas e reconciliações. Isso vende tanta revista quanto cocaína pra atores e herdeiros ricos: o italiano, assim como o brasileiro, adora fofocar sobre a vida dos famosos.
Somente a mudança da lei eleitoral italiana está tendo a divulgação devida. Derrotado nas últimas eleições que escolheram os governadores das regiões, Silvio Berlusconi está empenhado em virar a mesa. Ajustando a lei eleitoral de modo a permitir-lhe vencer mesmo perdendo, futucou o vespeiro da oposição com o dedo, amparado nas costas largas que tem. A grande mídia agradece e monitora cada político 24 horas por dia.
Sei não, mas acho que quando acabar a capacidade da imprensa italiana em criar cortinas de fumaça acabar, será tarde demais para o povo entender que big brothers, as overdoses e brigas dos famosos não interferem tanto assim no cotidiano. Suja e enfadonha, a política é a mão que determina até mesmo o que noticiar. E faz com que todos acreditem na existência de um ser autônomo que ninguém domina ou controla, chamado economia. Frugalidade também vicia. E o risco continua sendo a overdose.
Ciao.
6 comments:
Oi Allan, venho lendo com alguma frequencia teu blog, na verdade acabou me inspirando a criar um tambem. Estou na Italia hà menos de 2 anos e tb jà percebi que politica aqui è como em casa, ou como dizem aqui no sul...tutto il mondo è paese. De uma olhada no meu blog e se quiser, eu teria prazer em publicar algum texto seu. Um abraço, Cleber
Sair do Brasil pra quê, se aí fora é tudo igual? Aqui, pelo menos se fala português, eu acho, hehe abs
Se por aí escondem "debaixo do tapete" aqui é escancarado. mas não dá em nada!!! No fundo, dá na mesma...
Dá-lhe Allan!
Como é que se diz "lucidez" em Italiano?
Abraços,
Gui.
Bom dia!!
Preciso de sua ajuda, derreti a borracha da minha cafeteira. Eu mesma posso troca-lá?
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