Caros e Caras,
Paz e saúde!
Quando se muda de cidade, estado ou país, costumam haver dificuldades em adaptar-se aos novos padrões, ruas e vizinhos da mesma forma que às novas culturas e realidades. Tem-se a impressão de tatear no escuro e nos falta um manual. Não raro, faz-se papel de bobo ou presunçoso.
Descobri, há algum tempo (mais precisamente quando mudei pra Salvador, em 87, um país diferente do Brasil do Sudeste, onde a língua é até parecida. A cultura, não.), que tão importante quanto falar a língua local é conhecer e dominar em breve tempo, os costumes e assuntos locais, sob risco de ser rejeitado pela comunidade. No caso do Centro-norte da Itália (onde moramos atualmente), é importante, por exemplo, ter opinião sobre aquele político, o novo pacote do governo, a migração clandestina, os pífios resultados sindicais ou sobre o técnico de futebol do time da cidade. Da mesma forma que os filhos, mesmo pequenos, devem praticar algum esporte, ou fazer parte do grupo de escoteiros ou do coral do colégio. Enfim, devem ter uma outra atividade social, além de frequentar a escola das 8:00 às 16:30.
No manual de sobrevivência na selva italiana, em que se transformou o mosaico destas minhas cartas, faltava um glossário, que começo a suprir neste momento. Aos não iniciados na língua, sugiro tentar ler com o sotaque italiano: c+e pronuncia-se tche; c+i, tchi. Assim, escrevo Piacenza e leio piatchêntza. Como estarei no Brasil nestas três semanas, muito ocupado comprando livros em Sampa, vagabundeando no Embu ou pescando no Paranapanema, preparei este pequeno e incompleto glossário para apresentá-lo em partes. Dificilmente visitarei blogs amigos ou abrirei e-mail. Por favor, não se ofenda. Juro que naquele rancho à beira do rio não tem sequer tomada.
• Aldo, Giovanni e Giacomo – versão italiana dos Trapalhões, no cinema. No teatro, são impagáveis.
• Armani, Giorgio – um cara que transformou a camiseta preta num estilo. E que estilo.
• Bel Paese – o modo como se referem ao próprio país. (Posso dizer ufanismo?)
• Berlusconi, Silvio – político de centro-direita (sic). Chefe de Governo. E não só.
• Bo – se diz: bôôhhh…! Com uma cara séria e as sobrancelhas levantadas. Significa “sei lá!”
• Bossi, Umberto – político de extrema-direita, de propostas separatistas (o Norte rico do Sul pobre e supostamente corrupto). Aliado de Berlusconi.
• Brasiliana – sinônimo de mulata. Normalmente à caça de gringo. No caso italiano, os gringos é que vão à caça de uma brasiliana.
• Brodo – caldo resultante do cozimento de carnes, cenouras e cebolas inteiras, louro e folhas de salsão. Ou, se preferir, um cubinho de caldo Knorr fervido em um litro d’água.
Ciao.
5 comments:
Cada roca com seu fuso, cada povo com seu uso (ou vice-versa). Assim a cultura de cada povo, cada canto, cada região, tão diversa e por isso tão interessante. Vive la difference!
E graças ao Allan podemos nos mudar para o centro-norte da Itália e nos adaptarmos rapidamente!
Eu tenho um problema muito sério de adaptação, acho que isso é que me impede de grandes conquistas.
Allan,
"Berlusconi, Silvio – político de centro-direita" Centro direita???
Ok!
Allan, abri o blog meio pelo costume, nao pensei que voce estivesse postando durante as ferias. Ainda bem que segui o habito.
Abracos
Leila
Adoro Bo!!! hehehe!!!
vc falou o significado de puzza? acho que esta palavra define tão bem fedor!
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