"Em reunião de família no Dia dos Pais de 2004, o jornalista Aldo Pereira propôs como tema de reflexão aos presentes a opinião segundo a qual o fim do mundo já começou. Já. Agora. Ou, noutras palavras, que em três ou quatro gerações, seus descendentes não chegariam à idade de ser pais.
Esclarecimento: agnóstico, o Aldo não estava referindo nenhuma profecia como a que seitas milenaristas de vez em quando propõem. (Testemunhas de Jeová acreditaram que o fim se daria em 1914, mas desde então deixaram de mencionar datas.) Segundo ele, sua “profecia” não inspirou nos filhos e netos presentes nenhuma reação melhor do que “Ah, é? Puxa! Hum, me passa a garrafa.” Claro. Todos nós temos problemas imediatos e prioritários. Embora conformado com o natural ceticismo de seus descendentes, o Aldo distribuiu entre eles, na terceira semana de agosto, a seguinte mensagem.
Não desafiei ninguém para aposta; admito que o resultado seria inverificável, pelo menos para mim, já que estamos falando de uma antecipação de décadas. Não houve aposta, também, porque, como a grande maioria das pessoas, meus interlocutores viram nessa previsão algo de lunático, talvez até um daqueles prenúncios de senilidade que obrigam pessoas educadas a uma discreta e polida desconversa. Outra razão é a aparente improbabilidade: pois o mundo não esteve sempre aí, sem registro histórico de nenhum cataclismo? (Isto é: um ou outro terremoto, vá lá, a erupção do Krakatoa em 1883, e a devastação florestal causada por aquele meteorito caído na Sibéria em 1908; mas nada disso ameaçou de extinção a espécie humana.)
Não proponho abandono de nossos deveres, afazeres e planos imediatos para nos ocuparmos do tema. O que proponho é levarmos em conta alguns dados presentes, acompanharmos os eventos, e irmos refletindo não apenas sobre o que pode sobrevir nesta geração, mas sobre o que já está acontecendo. E, pelo que vejo e leio, o que acontece é que o fim do mundo já começou. Vai durar algumas décadas, se tanto, mas acelera. Poderemos revertê-lo? Por favor, respostas informadas, com fundamento científico, não meros palpites céticos daquilo que, naturalmente parece mesmo incrível.
Por “fim do mundo” não quero dizer a aniquilação astronômica do planeta, colisão com asteróides ou cometas, e outros acidentes cósmicos. Não que estejamos inteiramente a salvo desses funestos encontros cósmicos. O meteorito caído na Sibéria em 1908 causou a devastação de 2.000 quilômetros quadrados de floresta; mas a Terra já recebeu impactos milhões de vezes mais potentes, inclusive o que se supõe haja aniquilado os dinossauros e a maioria das outras formas de vida que havia há 65 milhões de anos.
Mas astrônomos calculam a probabilidade de catástrofes desse tipo em uma cada 100 milhões de anos. Ou seja, são altamente improváveis. Apesar das horríveis alterações geológicas em curso na superfície, acho que a Terra continuará sendo, por milhões de anos, esta gotinha de lama azul perdida na Via Láctea. Sosseguemos.
O que refiro aqui como “fim do mundo” é o suicídio involuntário da humanidade, resultante de uma combinação paradoxal de muito saber com ignorância, muito poder com impotência, muita ação com inação. Também me parece evidente e inevitável que levaremos conosco a maior parte da criação. Esta impressão fatalista resulta da configuração de alguns fatos, sem significação maior em si, mas cada um contribuindo como peça de mosaico para uma visão perturbadora.
Noutro dia, enquanto assistíamos a um jogo do Brasil no Peru, notei a majestosa geleira que se recortava contra o céu, ao fundo. O ambientalista galês Mark Lynas, filho de geólogo, também se impressionou com fotos da Cordillera Blanca, a serra mais alta do Peru, tiradas pelo pai durante pesquisa feita em 1980, a foto que mais o encantou, tirada por seu pai, era da majestosa Geleira Jacabamba, que se abria em leque até a borda de pequeno lago, no qual flutuavam icebergs que a franja de gelo desprendia continuamente. (Geleiras escorregam pela rocha das montanhas como rios lentíssimos, porque, nessas quantidades maciças, o peso do gelo lhe impõe progressivas deformações plásticas.)
Já fazia algum tempo que Lynas cogitava de verificar o progresso do aquecimento terrestre e suas medonhas conseqüências. A foto, segundo ele, inspirou-lhe a decisão de implementar os planos, que apropriadamente incluiriam uma visita à geleira fotografada. Veja abaixo o que sobrou da geleira com o degelo que ela sofreu entre 1980 e 1922. (O próprio Mark Lynas me autorizou a reproduzir as fotos.)
glacier_jacabamba.jpg
Desaparecimento de gelo (o minério mais abundante no mundo, escrevi eu num fascículo da Abril, há mais de 30 anos) ocorre no mundo todo. Hoje, todas as geleiras estão em progressiva e nítida retração. Nos últimos 30 anos, informa Lynas, as geleiras da região de Lima, no Peru, perderam 811 milhões de metros cúbicos de água, volume três vezes maior que o do Lago Windermere, o maior da Inglaterra. A Agência Européia de Ambiente prevê que as geleiras dos Alpes terão desaparecido por volta de 2050 e que, em 2080, a Europa não terá mais inverno. Quem gostar de humor negro pode imaginar Papai Noel num trenó de rodas e colorida roupa tropical. Como se sairá dessa a indústria de cartões de Natal?
E daí? — poderão perguntar os menos informados. Não seria até interessante vermos a rocha nua que há por baixo de tanto gelo?
Bem, afora o dado teórico de que o degelo total elevaria o nível dos mares em 90 metros, acontece que, numa escala mais realista, geleiras são tetas montanhosas que amamentam os principais rios do mundo. No Himalaia, o degelo pode afetar diretamente meio bilhão de pessoas que vivem nos sopés, primeiro com inundações como as que têm flagelado Bangladesh, depois com desertificação. A fabulosa riqueza hídrica do Brasil se deve, em grande parte, à água que escorre pela vertente oriental dos Andes. Se as geleiras andinas desaparecerem, os rios do Peru secarão, as áreas cultivadas dali se tornarão desertos, e uma horda faminta se deslocará, adivinhem para onde. Estamos preparados?
O desaparecimento do gelo sugere outra arrepiante possibilidade: a do feedback. Isto é, a de cada processo afetar outro que, em rebote, venha agravar o primeiro. Assim, à medida que a brancura do gelo reduz a reflexão da luz solar incidente no planeta, mais luz e concomitante energia térmica são absorvidas. Noutras palavras, quanto mais gelo desaparecer, mais depressa a Terra se aquecerá. Idem com o aquecimento dos mares. Teoricamente, quanto mais quente a água, maior a liberação de metano dos oceanos para a atmosfera. E quanto mais metano, mais quente a água. O teor de metano dos mares é estimado em valor igual ao dobro de todo o carbono contido pelas florestas, e que vem sendo liberado por queimadas e abate.
No século 20, a temperatura média do globo subiu 0,6º; neste século, poderá subir de 1,4º a 5,8º, conforme as variáveis de diferentes modelos. Até medidas corretivas podem ser contraproducentes. Por exemplo, a redução de fumaça e poeira pode aumentar a incidência de radiação solar e agravar o aquecimento da atmosfera e da hidrosfera. Nesse caso, a temperatura média poderia subir até 7 graus no curso do século 21, algo sem precedente na história geológica do planeta. No fim do período permiano, há 251 milhões de anos, erupções maciças de vulcões siberianos e a decorrente formação de grossas camadas de fumaça e pó elevaram em 6 graus a temperatura média da atmosfera; uns 95% da vida terrestre se extinguiram. Enfim, fumaça protege e fumaça destrói; este é apenas um dos paradoxos a nos ameaçar.
Quanto a preparativos, o Pentágono parece ocupar-se de alguns. Alterações climáticas, diz um relatório militar americano, podem evoluir de debate científico para tema de segurança nacional dos Estados Unidos. Escassez de alimento, água e energia podem levar a guerras e anarquia mundial com a disputa de recursos de sobrevivência entre países; alguns deles se verão compelidos, então, ao emprego de armas atômicas.
O clima pode superar em gravidade o drama atual do terrorismo e das guerras étnicas em moda. Perto de 3.000 pessoas morreram no atentado de 11/9/2001. Mas furacões e inundações têm matado centenas de milhares — e o número aumenta ano a ano. Malária, disenteria e fome decorrentes de alterações climáticas têm custado em média 160.000 vidas anuais, segundo estima a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Vocês acham coincidência que, pela primeira vez em minha vida, furacões comecem a preocupar brasileiros? Furacões na costa sul do Atlântico? E tão abaixo do trópico como está Santa Catarina? Saibam que nunca antes houve registro meteorológico de furacão nessa latitude sul. Será apenas coincidência que o poder destrutivo dos furacões do Caribe venha aumentando em linha sincopada, mas sempre ascendente?
Ponderem estes outros fatos, que tirei do livro de Lynas (que dá outros dados em seu blog) e de fontes de monitoria ambientalista, inclusive a Agência Européia de Ambiente:
Tuvalu é um arquipélago de atóis de coral no sul do Pacífico, povoado por umas 10.000 pessoas. Até 1978 foi colônia britânica, mas não gozará sua independência por muitos anos: em duas ou três décadas, Tuvalu será inabitável, e deverá estar inteiramente submerso antes do fim do século. Mesmo hoje, é difícil achar em qualquer de seus atóis “altitude” superior a meio metro. E essa altitude média é progressivamente menor a cada maré.
A cada verão aumenta o número de pessoas mortas na Europa por hipertermia (“insolação”, mesmo sem exposição ao sol). Áreas crescentes de florestas ressequidas têm sido destruídas por incêndios naturais, lá e nos Estados Unidos.
Um climatologista inglês concluiu, referindo-se aos aumentos anuais na freqüência de inundações da Inglaterra: “Não temos invernos mais: temos estações chuvosas”. Na década de 1990, a temperatura média na Inglaterra foi meio grau centígrado superior à média do período 1960-90. Flores que normalmente se abrem em março já desabrocham em janeiro. Fauna e flora se deslocam, e novas doenças afetam plantas e animais. Em seis dos últimos 10 anos, Oxford, onde mora Lynas, passou o Natal sem neve. É como se o país se houvesse deslocado 75 quilômetros rumo ao sul.
No Alasca, é só esporadicamente que as temperaturas de inverno têm caído abaixo de –20º; há poucas décadas atingiam 40-50 graus negativos. O relativo degelo do permafrost (solo permanentemente congelado) ondula ruas, abre frestas nos pavimentos, e faz desabarem falésias, junto com as casas nelas construídas, nos pontos de beira-mar em que o degelo desampara rochedos. Ventos e marés têm roído ultimamente algumas povoações costeiras, a ponto de imporem deslocamento de todos os habitantes. Isso decorre, em parte, da rarefação do gelo flutuante. Antes, grandes icebergs se fundiam à frente de certas enseadas e protegiam a orla arenosa como se fossem diques. O gelo de hoje é tardio e “jovem”, muito menos espesso, uns 30 centímetros em média, contra a média de mais de um metro que ocorria uma geração atrás. E o congelamento que sobrevinha em outubro só se dá atualmente em dezembro, quando começa o inverno. Tem havido verões de 25 graus C., que os avós de hoje nunca experimentaram lá. Ursos desconcertados não sabem direito se é hora de hibernar, salmões não chegam quando deviam, aves migratórias atrasam partidas e concomitantes épocas de acasalamento e desova.
Diferente do que muita gente pensa, o mar não está pra peixe. Isto é, nem todo o mar. Salvo algumas solitárias exceções, oceanos são mais como desertos percorridos por esparsas “caravanas” de cardumes migratórios. A grande diversidade de fauna e flora oceânicas está nos “oásis marítimos” que são as formações de coral, montanhas quase totalmente submersas, constituídas por bilhões de certos invertebrados vivos e os esqueletos de seus ascendentes mortos. A parte viva dessas agregações depende da delicada simbiose entre certas algas e o coral (“coral” aqui refere-se ao bicho, o pólipo antozoário, não ao esqueleto calcário dele, usado em joalheria). Sem alga, o coral morre, e vice-versa. Colônias de coral saudáveis são esverdeadas e acastanhadas; as mortas são sinistramente brancas. Nos últimos anos, formações de coral de todo o mundo vêm branquejando. Quando a temperatura da água ultrapassa certo limiar, o pólipo ejeta a alga alojada nele, e, desfeita a simbiose, o animal perece. Especialistas dizem que um sexto do coral do mundo já desapareceu nas últimas três ou quatro décadas; em algumas formações, a mortalidade ultrapassa os 90%, causando extinção local de peixes e outros organismos que compõem a cadeia alimentar circundante. É como se um sexto das florestas do mundo tivesse deixado de existir, mas sem chamar tanta atenção. A não ser a de predadores humanos que continuam atacando o coral a dinamite.
Na China, o Rio Amarelo, menor apenas que o Yangtze, só atinge o mar durante metade do ano: nos outros meses, seca durante o percurso, quilômetros antes do litoral. Também estão secos, estes permanentemente, os seis rios que contornavam a histórica cidade de Wuwei, antes convertida pelo governo revolucionário em centro duma área de lavoura irrigada. O governo admite que a cada ano uns 1.500 quilômetros quadrados de área se tornam desérticos, com resultantes tempestades de areia que têm flagelado povos nômades das planícies da Mongólia. Uma dessas “tempestades pretas” matou 85 pessoas em Beijing, em 1993, e descascou o asfalto por onde passou.
Há salvação? Pode haver, mas não a vejo, porque:
1) A apuração de fatos conducentes a predições exatas levaria anos, ainda que não lhe faltassem recursos financeiros e tecnológicos.
2) Sem domínio dos fatos, não haverá consenso; e mesmo que soubéssemos tudo quanto precisamos saber, ainda restariam duas questões cruciais: a) Dispomos da tecnologia necessária para reverter o processo? b) Haveria condições políticas e militares de acomodação dos muitos interesses divergentes? Os lobbies do carvão e do petróleo controlam o governo e o Congresso dos Estados Unidos, aquecedor-mor do planeta. Embora nada ganhem com o fim do mundo, esses lobbies tudo fazem para que a prevenção, se houver, se dê à custa de outros, não com prejuízo de seus interesses.
3) Havendo conhecimento, recursos e consenso, haveria tempo? É verdade que, a despeito da recalcitrância de Bush et al, o chamado Protocolo de Kyoto entrará em vigor quando, como se prevê, a Rússia aderir a ele. Mas, penso, o efeito será insuficiente e tardio, porque defasado.
Entre as muitas críticas que faço à educação institucionalizada está a falta do ensino metódico de pensar. Não me refiro às tentativas ineptas de introduzir filosofia européia no currículo, mas à formação de conceitos necessários à reflexão produtiva sobre os dados de conhecimento. Conceitos como o multidisciplinar de defasagem.
O solstício de inverno no hemisfério sul ocorre em 21 ou 22 de junho. É o dia em que o Sol descreve seu arco mais curto no céu, e o mais próximo do horizonte. Conseqüentemente, é o dia mais curto do ano. Como a temperatura baixa ou sobe em razão da duração e do ângulo de incidência da luz solar, esse deveria ser o dia mais frio do ano.
Não é. Tipicamente, as temperaturas continuam a baixar ainda por uns dois meses, embora dia a dia o Sol passe mais alto e por mais tempo. Essa diferença de fases entre causa e efeito é a defasagem. Aplicada ao caso do aquecimento terrestre, e supondo que fosse possível deter imediatamente todas as suas causas, quanto anos decorreriam até a reversão eficaz do fenômeno? Qual seria a defasagem?
Ninguém sabe. Igualmente, ninguém sabe em que medida e prazo seria possível: a) conter o crescimento da população; b) diminuir significativamente a emissão de dióxido de carbono (CO2), isto é, reduzir em até 75%, nos paises mais ricos, o consumo de petróleo e energia mecânica; desativar fábricas, e não apenas as de automóveis; desempregar milhões; reduzir rebanhos (peidos de gado introduzem na atmosfera volume significativo de carbono na forma de metano, CO4, liberado do capim digerido). Imaginem a gritaria de frigoríficos, frangueiros e hamburgueiros, em meio a concomitantes massacres repressivos da horda desempregada.
Subitamente, encaramos a cara feia da política sem a máscara cor-de-rosa da propaganda e a lubrificação dos lobbies. Deparamos a essência da política que, em minha opinião, se exprime numa pergunta: quem paga a conta, e do quê? (Para escrever seu livro, Lynas voou milhares de quilômetros em aviões que, nessas viagens, acrescentaram mais de 15 toneladas de CO2 aos gases do efeito estufa. E ele não diz de quantas árvores estão vindo as toneladas de papel consumidas na produção de seus livros. Moral: mesmo bem intencionados esforços e intervenções agravam o problema.)
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Ao aposentar-se este ano, o astrofísico britânico Martin Rees, nome prestigiado no mundo das ciências, calculou em 50% nossas chances de sobrevivência neste século. Afora riscos de guerra nuclear, erupções vulcânicas descomunais, colisão de asteróide, cometa e outros bólidos, ele acrescenta ao cômputo os riscos recém-chegados da biotecnologia e da nanotecnologia. (Caso você tenha acabado de chegar de uma viagem a Marte, e queira saber algo elementar a respeito de nanotecnologia, dê uma espiada no arquivo “Fim do mundo nano” que vai anexo a este. E se quiser ver um panorama atual da nanotecnologia, lindamente ilustrado, veja outro anexo, o “Nano Scientist.html que baixei da última edição da revista Scientist
Terrorismo ou acidente de engenharia genética poderão causar epidemias, epizootias e epifitias calamitosas, talvez incontroláveis, receia ele. E como para confirmar essa opinião, logo depois autoridades sanitárias do governo americano advertiram como provável que uma variedade mutante do vírus causador da gripe de frangos na Ásia possa causar pandemia mais grave que a gripe espanhola; a qual, ao se propagar pelo mundo em 1918, deixou no rasto mais de 20 milhões de mortos.
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Bem, o poeta T.S. Eliot previu que o mundo acabaria não com uma explosão, mas um soluço. Com resignação e modéstia, discordo: acho que teremos explosões, sim, afora gritos, gemidos e soluços. Você não ouve?
Para não dizer que neguei uma nota menos sombria a esta advertência, que conselho tenho a dar, eu, tantas vezes já pai nesta cascata de filhos, netos e bisnetos? Ocorre-me apenas uma ode de Horácio que, de tão citada, virou provérbio romano: Carpe diem. “Aproveita o dia [de hoje]".
Hum, alguém me passa a garrafa?
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Um mês depois de eu ter enviado a filhos e netos a mensagem acima, notei as seguintes notícias que contribuem para configuração de uma tendência:
No mês de agosto formaram-se oito furacões no Atlântico (o primeiro deles, Alex, formou-se em julho, mas atingiu intensidade de tempestade tropical e furacão em agosto). Agosto de 2004 quebrou o recorde de sete furacões ocorridos em agosto de 1933 e repetido em 1995. A média histórica é de quatro.
Flórida e adjacências foram atingidas por uma tempestade tropical (Bonnie) e antes de outro ciclone (o furacão Charlie) se haver dissipado; havia 98 anos que não se registrava atividade simultânea de dois ciclones na costa Atlântica da América.
Em setembro, o furacão Ivan matou em seu trajeto 000 pessoas em ilhas do Caribe e 00 nos Estados Unidos; enormes danos materiais e sofrimento com a perda de bens. Para sorte do povo cubano, ao avançar para os Estados Unidos o olho de Ivan passou no vão de mar que separa Cuba da península mexicana de Iucatã. Apesar do enorme diâmetro e da potência do ciclone, sua borda causou poucos estragos por atingir regiões relativamente despovoadas.
Ainda em setembro, a tempestade tropical Jeanne matou centenas de pessoas em Haiti (o desflorestamento do país agrava o efeito de inundações e favorece deslizamentos que afogam muita gente em lama). O número hoje, 22, estava perto de 700, mas aumentando à medida que o escoamento de água e lama deixava aflorar cadáveres. Havia esperança de que, embora se tornasse furacão e seu rumo parecesse incerto, a tempestade Jeanne e o furacão Karl se dissipassem no alto-mar dentro de umas duas semanas. Já o jogo de pressões atmosféricas no Atlântico parecia prenunciar que a tempestade tropical Lisa atingiria o Caribe e a Flórida como furacão ainda na primeira quinzena de outubro.
Como todas geleiras do mundo, também a de Yulong, na China, está derretendo depressa: sua língua de gelo encurtou uns 10% nos últimos vinte anos, e o degelo se acelera. No oeste da China a temperatura média tem subido 0,3 graus C. a cada ano, nesse período. Graves reduções no volume de água de rios alimentados pela geleira podem afetar cerca de 300 milhões de pessoas. Esse não é o único problema climático atual na China: tem havido recordes de inundações no sul e no leste, ao mesmo tempo em que secas e no norte e no oeste estão estendendo desertos a cercanias de grandes cidades, inclusive Beijing. Nuvens de gafanhotos, favorecidas por variações climáticas, têm destruído lavouras. Indiretamente o problema tem trazido vantagens a países como o Brasil, dos quais a China vem comprando cada vez mais alimentos para compensar a minguante produção própria. A longo prazo, porém, a perspectiva de uma China faminta é um pesadelo estratégico para seus vizinhos."
(By Aldo Pereira)
1 comment:
"Um pouco longo" é o escambau! ficou MUITO longo, mas é ótimo! o cara é dos melhores, onde ele escreve agora? Imprimi o teu post e o texto dele. Divinos!
Abração,
Lenine
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