O filho de um cliente me contou que não se sentiria a vontade de convidar-me para almoçar na academia de cadetes do Exército Italiano, assim como não convidaria nem mesmo seus pais, se isso fosse permitido. Por outro lado, convidaria o tio do pavê, só para vê-lo passar vergonha. Os cadetes, segundo ele, são punidos se não se comportam de modo exemplar à mesa. Disse, por exemplo, que comer banana ou laranja com as mãos é falta grave. São obrigados a usar garfo e faca e o fazem com habilidade.
Me incomoda quem se comporta de modo deselegante à mesa, mas tudo tem limite. Além disso, o uso das mãos, em alguns casos, é permitido e é o modo correto. Prefiro – e tenho muita companhia nisso – comer pizza com a mão. Frango frito (gente, que saudades de um bom frango à passarinho com alho!) é feito para lambuzar os dedos. Que devem ser rigorosamente lambidos. A maioria dos alimentos fritos pode-se comer com as mãos sem problema.
Existe uma relação sensorial com a comida que vai muito além do perfume, sabor e aparência. Crianças que aprendem a comer com as mãos, tocando alimentos inteiros ou em pedaços, invés da papinha em colheradas, crescem mais saudáveis física e emocionalmente. Uma fruta em cubinhos cria uma experiência muito mais pobre que aquela manuseada com as mãos. Não é por acaso que nas terapias de casal um dos exercícios é a pessoa oferecer à outra (a qual é afetivamente ligada) algum alimento com as mãos. Eu não lembro – e não quero googlar – do nome da atriz de Flash Dance, mas lembro da cena dela comendo lagosta com as mãos. Essa é considerada uma das cenas mais sexy do cinema!
Em todo caso, recomendo não aceitar fruta de sobremesa, caso receba um convite para almoçar em qualquer academia militar italiana.
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