Sim, eu sei. Amanhã é só mais um outro dia, nada muda.
Os dias nascem e duram apenas vinte e quatro horas. Pouco tempo para saciar
todas as nossas curiosidades, aprendemos uma coisa de cada vez. Mas no final o
dia sempre acaba, a noite nos faz dormir e acordar para um novo dia que promete
ser igual a tantos outros, mesmo acreditando que serão diferentes, mesmo que
sejam diferentes e nos ensinem novas lições, esclareçam enigmas e tragam novos conhecimentos.
Os dias são iguais, nada muda e duram sempre vinte e quatro horas. Os dias são
iguais.
Acontece que nós, humanos, gostamos de inventar marcos
temporais, símbolos abstratos que nos ajudem a crer nas mudanças que
planejamos. Somos assim, precisamos de futuro. E o futuro é o dia que ainda não
vivemos, experiências novas, conhecer pessoas e lugares a nós estranhos.
Precisamos de esperança. E um dia é pouco tempo, não cicatriza ferida, nem
permite avaliar se estamos no caminho certo. Um ano são vários dias, podemos procrastinar
acreditando que ainda temos tempo, seguir em frente confiantes, deixando que os
acontecimentos engulam nossas vidas e empurrem para o lado os nossos sonhos.
Então vem um novo ano e a confiança se renova. E, de
repente, transformamos nossos sonhos em planos e lutamos para concretizá-los.
Outros anos passarão antes de chegarmos onde queríamos. Ou perto. Só então nos
damos conta de que é o movimento que produz a mudança. Jogamos fora a poltrona
e nos preparamos para novas empresas, novas experiências e objetivos. E quando
o ano acaba, e fazemos a conta do que realizamos, e entendemos que fazer é
melhor que planejar, aí um novo ano chega, não importa o dia, não importa o tamanho
do sonho, só importa festejar.
E a esperança já não será uma espera, mas uma
possibilidade.
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