Andrea Camilleri nasceu em 6 de setembro de 1925, na pequena Porto
Empedocle, província de Agrigento, na Sicília. Vive em Roma desde os anos
Quarenta.
Muito antes de se tornar escritor, foi diretor de teatro,
roteirista, dramaturgo e professor da Academia Nacionale d’Arte Dramatica. Sua
carreira como escritor começou em 1978 com “Il corso delle cose”, escrito dez
anos antes. E só parou de escrever por um período de doze anos, entre os anos
oitenta e noventa. Com diversas honrarias, prêmios, homenagens, amado pelo público e pela crítica, Camilleri é um patrimônio vivo.
Alguns romances de Camilleri são escritos em vigatês, uma
língua inventada por ele que mistura expressões de dialetos sicilianos com a
língua italiana, respeitando a estrutura da escrita italiana. Não se trata
simplesmente de inserir termos dialetais nas frases, mas um trabalho árduo de
encaixar vocábulos que coincidam com aqueles da língua oficial tanto no sentido
como na sonoridade. Esse dialeto particular das primeiras obras do
escritor, quando respeitava rigorosamente as regras da literatura italiana. E foram tantas poesias premiadas, admiradas e respeitadas pela crítica e escritores. Apesar do
sucesso como escritor abandonou a poesia quando se interessou pelo teatro, passando a
escrever contos e crônicas. Até decidir escrever peças teatrais e
descobrir não ser capaz de obras mais longas com suas palavras. Deixou de
escrever, seja em verso que em prosa. Anos mais tarde deparou-se obras
literárias escritas em dialeto siciliano, que o fizeram voltar a ter vontade de
escrever. A língua exclusiva de Camilleri começou quando acudia seu pai em fim
de vida no hospital e contou-lhe uma história que gostaria de publicar, mas que
não era capaz de compô-la em italiano. Foi seu pai quem sugeriu de escrevê-la
como ele tinha acabado de contar.
Vigata também é uma cidade inventada por ele. Ficaria na
província de Montelusa (também inventada), na Sicília. “Agrigento
sarebbe la Montelusa dei miei romanzi, però Montelusa non è un’invenzione mia
ma di Pirandello, che ha usato questo nome molte volte nelle sue novelle:
l’Agrigento di oggi la chiamava Girgenti e anche Montelusa, e io gli ho rubato
il nome, tanto non può protestare”. [Agrigento seria a Montelusa dos meus romances,
mas Montelusa não é uma minha invenção, mas de Pirandello, que usou esse nome
muitas vezes nas suas novelas: a Agrigento de hoje a chamava Girgente ou
Montelusa, e eu roubei dele, já que ele não pode reclamar mesmo]. Vigàta seria a sua pequena Porto Empedocle natal.
Rebelde – foi expulso do colégio episcopal por ter jogado
ovos num crucifixo – simpático e divertido, é chamado de “Maestro”
[mestre, em italiano] e reverenciado até por seus poucos desafetos políticos.
Suas entrevistas são deliciosas e nos faz refletir sobre como um senhor de 93
anos sobrevive fumando tanto. Há pouco tempo Camilleri ficou cego. “Fiquei
cego mas meus sonhos são coloridos”, afirma rindo.
Apesar dos muitos livros que escreveu – e que continua
escrevendo –, seu personagem mais famoso é o comissário Montalbano, da série
policial que foi parar na tv e no cinema. Montalbano è um comissário de polícia inteligente,
com pouca paciência, que entende como ninguém os costumes sicilianos, inclusive
a relação com a Máfia. O nome é uma homenagem ao escritor espanhol Manuel
Vázquez Montalbán, criador de um outro personagem “Pepe Carvalho”.
Para não deixar o personagem incompleto, Camilleri escreveu – há mais de uma década – o epílogo da série com a morte do comissário, que deve ser publicada num livro póstumo e que está guardado na gaveta do seu editor. O sucesso é imenso. Porém, muitos leitores italianos nunca leram Camilleri. Alguns por desistirem da leitura na primeira página, pela linguagem quase cifrada do autor. Pessoalmente considero Andrea Camilleri o maior romancista italiano da atualidade. E adoro o divertido dialeto inventado. Acho que seria uma justa homenagem se Porto Empedocle mudasse o nome para Vigata, depois que a última aventura do comissário Montalbano fosse publicada. Nunca li Camilleri em português, e não ousaria: não há como traduzir a intrincada língua. Se você nunca leu, aproveite para conhecer e se deliciar. E prepare-se para rir muito.
Para não deixar o personagem incompleto, Camilleri escreveu – há mais de uma década – o epílogo da série com a morte do comissário, que deve ser publicada num livro póstumo e que está guardado na gaveta do seu editor. O sucesso é imenso. Porém, muitos leitores italianos nunca leram Camilleri. Alguns por desistirem da leitura na primeira página, pela linguagem quase cifrada do autor. Pessoalmente considero Andrea Camilleri o maior romancista italiano da atualidade. E adoro o divertido dialeto inventado. Acho que seria uma justa homenagem se Porto Empedocle mudasse o nome para Vigata, depois que a última aventura do comissário Montalbano fosse publicada. Nunca li Camilleri em português, e não ousaria: não há como traduzir a intrincada língua. Se você nunca leu, aproveite para conhecer e se deliciar. E prepare-se para rir muito.
Montalbano no cinema: Il Commissario Montalbano: Amore
Site de fãs de Camilleri: Vigata.org
Entrevistas de Cammileri para o projeto “La Banca Della Memoria”: la banca della memoria
Site oficial: Andrea Camilleri
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1 comment:
Belo texto sobre um belo autor
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