Tuesday, June 19, 2012

SAL

É só eu viajar que o Blogger começa a se assanhar. Vejam que agora ele está delirando. Meus sais!

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Quantos índices de comparação de preços existem? Quem consegue entender como funciona um desses índices, sem uma longa e atenciosa leitura? Um índice de comparação de preços deveria facilitar a compreensão da flutuação do custo de vida, mas tudo parece subjetivo demais. Um índice de preços interno (de uma região) considera a variação de preços em determinado período, de um grupo de artigos mais ou menos representativos do consumo médio, o que torna tudo mais relativo ainda. Os índices internacionais que medem o custo de vida em diferentes países, não são factuais – apesar dos esforços dos economistas – por não considerarem as diferentes realidades internas. Por exemplo, o índice Big Mac não pode ser aplicado na cidade que não possui um MacDonald’s. Poder, até pode, mas a população não compreenderia o cerne da comparação e o assunto ficaria restrito aos profissionais. Mesmo assim a informação será sempre aproximativa, pois o índice Big Mac considera o preço médio do produto nas diversas lojas. Relendo um interessante artigo de 2003 intitulado “Comparações da Paridade do Poder de Compra Entre Cidades: Aspectos Metodológicos e Aplicação ao Caso Brasileiro”, dos economistas Carlos R. Azzoni, Heron E. do Carmo e Tatiane Menezes, lembrei que não estou sozinho na busca por um índice qu reflita uma realidade próxima às realidades locais.

Pensando há muito sobre a questão, busquei um índice que pudesse ser utilizado na maioria das cidades do mundo todo. Um artigo essencial, com produção mais ou menos estável e sem grandes oscilações de preços; algo básico. Depois de anos, descobri que a resposta estava onde eu sempre desejei que estivesse: aqui, na minha casa, todos os dias, como na sua casa e em milhões de outras casas espalhadas pelo mundo. O SAL nosso de cada dia (em maiúsculas, para parecer um índice de verdade), que se dissolve fácil – como o dinheiro no meu bolso – e é fácil de encontrar. O sal é confiável e velho conhecido; utilizado há séculos como excelente conservante de alimentos, nos transmite a impressão de que irá conservar o preço da cesta básica; foi usado como moeda em um período remoto; regula a quantidade de água no organismo; em excesso é prejudicial à saúde (assim como o dinheiro, e é por isso que se dissolve fácil no meu bolso).

A fórmula de cálculo ainda precisa ser aprimorada, mas a minha sugestão é anotar o preço do quilo de sal cada vez que o comprar. Dividindo todos os preços pelo preço do quilo de sal é possível avaliar a variação dos preços em cada casa, criando um índice pessoal dos próprios costumes. Quantos quilos de sal custou a sua tv nova? Por quantos quilos de sal vendeu seu carro? Quantos quilos de sal você gasta por semana com bobagens? Fácil, não? A cervejinha, o cabeleireiro, o táxi, o jornal, a conta do telefone e o dentista terão seus preços vigiados pelo índice SAL. Até a inflação poderá ser medida pela variação do preço de sal. Tudo calculado com os preços do mercado mais próximo da sua casa, tudo dentro da realidade de cada um (lembre-se de anotar periodicamente os preços por quilo de sal dos artigos consumidos para ter um registro do andamento da economia: “Imagina que eu ganhava uma tonelada e meia de sal por mês cinco anos atrás!). Não importa quanto custa um quilo de sal aqui ou aí, mas quantos quilos de sal você precisa para viver, considerando os preços de onde você se encontra e deixando de lado os problemas das características regionais e transitividade. O índice SAL vai medir o seu custo de vida, não importa em qual faixa social se encontre. E se quiser saber o custo de vida em outro país, basta descobrir a relação entre salários, o preço do sal, das mercadorias e serviços. Posso até imaginar as passeatas diante das salinas, protestando contra o aumento do preço de sal: “Se aumenta o sal, aumenta tudo!”

Nunca mais vou olhar o saleiro dos restaurantes do mesmo modo. Aliás, pega o cardápio aí e veja quantos quilos de sal vamos gastar hoje, com o quilo de sal custando € 0,15.
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10 comments:

Thais Miguele said...

Assistiu o Fantastico ontem, né?

myra said...

nunca vamos saber destas coisas, eu pelo menos nao..complicado demais,
abraços

Amantikir said...

Bom DIA! Allan,amanheci feliz e nem o kg do sal pode afetar isso!E como não entendo nada de economia,obrigada pela forma didática como me explicou o mecanismo que rege esta mesma ECONOMIA! Inté!

Bruxa do 203 said...

Já estou imaginando entrar em uma loja e perguntar quantos quilos de sal custa cada item.

Sempre achei estranho comparar preços por cidade, já que dentro da mesma cidade também existe diferença de preços.

Anonymous said...

tio,
intindi nada

pedro luis

smsedi said...

Bom, acho que calcular por quilo de sal não funcionaria comigo, uso pouco sal, mas isso pode ser substituído por um outro gênero alimentício. Eu gostei do seu post é um método simples e interessante.
;)

Inaie said...

quando comecei a ler, imaginei logo que poderíamos monitorar a economia através de rolos de papel higiênico, mas acho que vc mandeou melhor. que seja o sal, entao.

Mirko said...

Sei que vc sabe que a coisa [dos indices de preços] é mais complicada, mas gostei assim mesmo e vou adoptar. :)

Nennafalchi said...

Genial!!!

Uso pouco sal e pouco açucar, mas - assim como a Edilma - posso usar outro alimento que uso muito.

Beijinhos na familia.

Anonymous said...

Eis uma ideia simples e eficiente. Vou espalhar. rssss

Mayra