– Alô!
– Oi, Lu.
– …Que receita?
– Calma! Não posso ligara para minha irmãzinha não, é?
– …Que receita?
– Eu também estou bem, obrigada. O fim-de-semana foi ótimo…
– Bi, nós passamos o fim-de-semana juntas. Diga logo que receita você quer, dessa vez.
– A de gnocchi com gorgonzola do pai.
– Bianca, nós moramos na Itália! Desça, vá até o mercadinho da esquina e compre um pacote de gnocchi recheado com gorgonzola.
– …É que eu convidei ‘alguém’ pra jantar aqui em casa e pensei em fazer algo especial.
– Anota aí: pro gnocco você vai precisar…
– Pula essa parte. Comprei gnocchi pronto.
– Não era pra ser algo especial?
– O molho, Luiza! Eu preciso da receita do molho!
– Gorgonzola, pimenta do reino, noz-moscada, manteiga, pancetta, vinho branco e farinha de trigo.
– Vinho branco e farinha? Não leva leite?
– Guarda o leite pro capuccino. Vinho branco e farinha.
– Anotei tudo. E aí...?
– Corte a pancetta em cubinhos…
– Xí, esqueci de comprar pancetta.
– Usa bacon ou speck. Até presunto cru serve.
– Tenho um pedaço de speck na geladeira. E aí…?
– Frite a pancetta… quer dizer, o speck, na mesma panela que você vai usar pra fazer o molho. Apague o fogo e separe o speck. Coloque a manteiga na panela ainda quente…
– Quanto de manteiga eu uso?
– Bi, você já viu alguma receita do pai com medida? É tudo q b.
– Q b: quanto basta. E aí…?
– Quando a manteiga derreter, junte a farinha, q b, ligue o fogo baixo e vá mexendo com um batedor.
– Diáchoé “batedor”?
– Frustino.
– E por que você não diz “frustino”?
– Porque nós estamos falando em português e em português frustino é batedor. ...Eu acho.
– Tá. E aí…?
– Vá adicionando o vinho aos poucos sem parar de mexer.
– …Vinho? Tá bom, tá bom. Q b.
– Uma pitada de pimenta do reino e uma de noz-moscada. Junte o gorgonzola em cubos e vá mexendo sempre. Quando o gorgonzola derreter, apague o fogo, junte o speck, despeje sobre o gnocchi e sirva.
– Como é que se corta gorgonzola em cubos?
– Aos pedaços, em rodelas ou como você quiser. Vai derreter, mesmo!
– Rodelas…?
– Bi, por que você não usa os livros de receitas que eu te dei?
– Porque não tem as receitas do pai. E porque é mais fácil quando minha irmãzinha explica.
– Mas não dava pra ser menos dependente na cozinha? Ou esperar mais umas horinhas e ligar pro pai no Brasil?
– A essa hora o pai já acordou e está dando a caminhada dele na praia. E desligou o telefone para não acordar a mãe. Depois, cada uma com as suas dificuldades. Ou você se lembra do teorema de Pitágoras?
– Da próxima vez, experimenta servir pra “alguém” um teorema de Pitágoras. Tchau!
– Tchau, Lu. Brigadinha e beijoca.
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14 comments:
Ótimo, ótimo. E essa farinha, qual é?
Helion,
A farinha - que esqueci de especificar - é de trigo. :)
hummm... que vontade que deu!
bjs
Ju
Ótima forma de dar uma receita, anotei e dei risadas.
Para um nordestino, você imagina o perigo que é ver numa receita a palavra farinha, neste caso, evidentemente é farinha de trigo.
Seu comentário foi absolutamente correto e preciso.
Manoel Carlos
eu lembro perfeitamente do teorema de pitágoras! Em compensação, na cozinha...snif..:(
Senti os aromas todos daqui de longe: noz moscada, vinho, queijo... hammmmmm
('escutar' conversas dos outros pode ser bommmmm)
Allan, essa receita deve ser do outro mundo de gostosa!!!
Que delícia deve ser isso.
Ah, segui seu conselho e fiz uma pausa entre os dois volumes de Os Irmãos Karamazov.
Abraço
nham! Um fondue com esse molhinho heim? Seria mais romantic...rs. Beijus
Que diálogo delicioso!!!:-D
Abraço.
Allan nao gosto de gorgonzola....rs
Bjs
ahhaahahah....ótimo.
Morri de fome agora.
Que delicia!!!!
Pronto, agora já sei a receita, mas ainda não sei fazer, vou chamar a Lu. kkkkkkkkkkkkkkk
Beijos
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