Caros e Caras,
Paz e saúde!
Frequentemente recebo e-mails contando absurdos da burocracia. Decidi escrever o meu. São casos reais. Juro.
1) Na escola onde estudam minhas filhas, a entrada do refeitório fica ao lado de uma das classes e até pouco tempo não tinha porta. Agora tem: a Prefeitura mandou instalar. Mas, (e não teria graça sem um “mas”) a porta foi instalada de modo que, ao abri-la, corria-se o risco de machucar quem saísse da sala ao lado. Na reunião de pais que estava agendada para o dia seguinte, minha mulher sugeriu a mudança da posição da porta. Uma das mães explicou que a medida para a medida já estava sendo tomada, ou seja: um advogado estaria fazendo uma correspondência à prefeitura, informando que se a instalação da porta não fosse mudada em seis dias, a prefeitura seria processada. Minha mulher espantou-se e perguntou se não seria melhor solicitar diretamente ao órgão responsável a execução do serviço. Uma outra mãe, sob a aprovação e constrangimento geral, esclareceu que se tal pedido fosse feito, levaria no mínimo seis meses e poderia nunca ser feito, pois implicaria na mudança do projeto (sic) de instalação da porta. Decidiu-se pela entrega da correspondência para o dia seguinte.
A porta foi reinstalada no último dia do prazo.
2) Exame médico: no total, são cerca de quinze minutos. Você chega, retira um ticket de ordem de chegada e aguarda. Quando chega a sua vez, entrega a carteira de saúde à atendente e espera ela localizar sua ficha. Ela pergunta se você mudou de função e confirma seu endereço atual. Esclarece que se você manipula alimentos deve fazer exames médicos (e só nesses casos). Pede pra aguardar a chamada. Outra atendente chama seu nome e o leva até a sala do médico, na porta ao lado. O médico olha pra você e pergunta se nesse período teve algum problema, você responde que não (não sei o que acontece se respondesse que sim, mas pelo entusiasmo do médico creio que ele nem me escutaria) e ele recomenda o seu retorno para o próximo ano. Nova espera até que a primeira atendente receba da segunda o seu atestado, que esta última levou em uma outra sala para ser assinado. Ela lhe pergunta para que dia gostaria de marcar sua nova visita, no ano seguinte, que é obrigatória. Eu lhe respondo que segunda-feira é um bom dia. Ela olha no calendário e marca na carteira de saúde o dia escolhido. De brincadeira, pergunto o que acontece se chover ou se eu ficar doente. Ela me olha com uma expressão enigmática e começa a folhear um livro surrado e enorme sobre a mesa. Torna a me olhar, dessa vez meio sem jeito e responde: “Essa pergunta não está prevista no nosso procedimento padrão...”
3) Aqui, os carros só podem ser desmanchados (“demolidos”) com autorização e documentação, caso contrario você continua a pagar o imposto de propriedade. E você deve pagar pela demolição. E mais: deve guardar todos os documentos antigos e comprovantes de pagamentos por dez anos, sob pena de ser responsabilizado se o seu carro ou os documentos dele vierem a ser utilizados em algum ato criminoso. Na falta de comprovante, pode ter que pagar com correção alguma taxa já paga, caso o pagamento não conste nos registros. O mesmo vale para contas de água, luz, limpeza urbana, telefone, gaz, escola e assinatura da tv oficial (obrigatória para quem possui ao menos um aparelho de televisão ou um rádio).
4) Vacinação infantil: Quinze dias antes, a escola lhe manda um aviso para ser devolvido assinado, informando que a criança deverá se ausentar dos estudos. Se a criança faltar na vacinação, a polícia vai buscá-la em casa no dia seguinte. Não sei de nenhuma que tenha faltado.
São quatro salas e cinco pessoas. A sala de vacinação tem uma maca e duas atendentes. Uma segura a criança deitada na maca e a outra aplica a vacina. Na perna, pra não marcar e porque dói menos, segundo elas. Mas antes precisa passar na recepção e aguardar na sala de espera, enquanto uma outra atendente leva a carteira de vacina à médica, em outra sala, que irá verificar o estado de saúde da criança antes da vacinação. Essa mesma pessoa leva a carteira de vacinas à sala de vacinação e depois de volta à recepção, para marcar a data do retorno, que pode ser depois de quinze dias, em um ou dois meses para o reforço da vacina ou para a data da próxima dose. Na carteira de saúde da minha filha tem a data da próxima dose de uma vacina: daqui a sete anos.
O texto acima é propositadamente confuso: foi elaborado de forma a fazer você entender que a burocracia serve somente para confundir e constranger e, quem sabe, convencer você de que existe a necessidade de tanta gente para lidar com ela. Ainda que lhe pareça desnecessário.
Ciao.
1 comment:
cara, teu blog tah muito chato. teus testos sao longos e nao tem nenhuma imagem. mete uma foto do coliseu aih!
pedroluis
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