Essa
é a história da Neza. Pensanso bem, é um cadinho da história da Neza mais o Zé, porque um sem o outro era nenhum.
Gentes simples, como simples é a vida. Eram, também, epeciais. Não só porque
cada pessoa è especial, mas porque eram especiais.
Juntos
viveram e viveram. Deram duro para criar os filhos (sim, tiveram filhos) com
exemplos de moral, amor e fé. Fé na vida, fé nas gentes. Ele, sempre concentrado
no trabalho, quando tinha que trabalhar; concentrado no repouso quando tinha
que descansar; concentrado na pescaria, quando ia pescar. Com a família no
centro do mundo. Ela, atenta a tudo o tempo todo, com a família que cada vez
mais se expandia, adicionando parentes, amigos e nescessitados.
O
Zé era de um modo doce e educado, um jeito simples de resolver as coisas. A
Neza era direta, instintiva, de sentimentos intensos e decidida. Beijava e
brigava com a mesma energia, raiva e perdão. Eram opostos e diferentes que,
unidos, beiravam à perfeição. Talvez por isso mesmo viveram juntos uma vida, mesmo
depois que os filhos criaram, cada um, a própria família. Foi pra isso que
criaram os filhos.
Um
dia o Zé foi embora, pescar em outros lugares que não fossem o ‘Panema. A Neza
ficou só, na casa que agora era só dela, no canto dela. “Me deixa quieta no meu canto”, dizia. Os olhos já não
refletiam o brilho de sempre. Passava o tempo esperando o tempo passar. Nem
raiva nem perdão.
Domingo
passado foi dia de festa, com músicas que ela não ouvia há muito tempo. Os
olhos azuis do Zé cruzaram com os dela e a Neza entendeu como um convite. Ela
aceitou e foi dançar com o Zé. Juntos de novo, estão lá dançando, como se não
houvesse mais nada no Universo senão dançar. A Neza decidiu continuar a
história deles, mesmo que o Zé decida ir pescar em outros ‘panemas. Ela vai
atrás.
Porque
o Universo é lugar de ficar junto. E de dançar.
3 comments:
Tambem acho que o universo é lugar para ficar junto e dançar, difícil é encontrar o par.
"[...]com a família que cada vez mais se expandia, adicionando parentes, amigos e nescessitados". Linda e humanamente, "Neza e Zè", por certo entenderam que o bom mesmo desse mundo é agregar, é juntar "gentes". E fizeram isso como ninguém. Eles tinham uma epécie de imã, atraíam... e quem chegava perto não mais queria ir embora. Assim se deu comigo e com os meus, todos os amaram. Quanto a mim, em particular, quando me cheguei a eles, levada pela então amiga Inês(a filha caçula, a quem por tempos chamei de "Astrophila"), senti que ainda havia "gente mesma" nessa existência daqui; era possível! Enfim, cheguei creio que na categoria de "necessitada", necessitada de amor. Isso eles tinham de sobra; e penso que de alguma forma me amaram. De necessitada, agora "alimentada", tornei-me amiga. E assim, quando, contrariando os contrários e adversos das pequenezas humanas, fui abraçar a vó Inês pela última vez, eu abracei o mais que pude... abraço infinito. Eu sabia que seria o último. A lembrança que me fica é a da vó "amalgamada" às flores do pé de manacá da serra... do seu portão, ela acenava em sinal de despedida e sorria singelamente um sorriso de quem também sabe que a hora da partida se aproxima. A vó era flor; tenho para mim que era mesmo flor de manacá, flor florescente...
Que homenagem bacana, Allan! Com certeza, eles estão juntos e felizes.
Um abraço solidário para você e toda família, garoto
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