No
início do mês passado (Março) fui levar a Bianca ao Istituto Humanitas, em Rozzano, uma cidade da região metropolitana
de Milão. Ela precisava fazer os exames preoperatórios para uma pequena
cirurgia no ombro direito que, rebelde, costumava sair do lugar. Chegamos cedo
e ficamos em jejum – ela por força dos exames, eu por solidariedade – até à uma
da tarde. Fizemos um lanche no bar do hospital e voltamos para completar os
exames. Como a programação das visitas com o anestesista, a enfermeira e o
cirurgião era a partir das três e meia, fomos almoçar. Às seis e meia saímos do
hospital com tanto papel que não tinha dúvida de que a cirurgia seria feita por
um advogado.
No
final do mês, lá fomos nós de novo. Dessa vez para a cirurgia (day hospital). Chegamos às sete da
manhã, depois de mais de uma hora de viagem. A Bia foi levada para a preparação
às nove, nove e quinze. Eu e a Eloá decidimos que era hora de tomar café da
manhã e fomos ao bar do hospital. Ai...! O café da manhã italiano se resume a
cappuccino ou café e brioche doce. O meu se alarga pelos queijos, salames, pão,
sobras do jantar, pizza gelada... E café. Vou me acotovelando com médicos
enquanto vasculho o bar na busca por um pedaço de focaccia ou pizza, pergunto à
atendente se há algo salgado e ela – de olhos arregalados – avisa que salgado
só na hora do almoço.
Abandonei
a Eloá com o livro dela e saí para procurar um bar. Em frente ao hospital eis
que surge uma paninoteca
(sanduicheria) diante do meu estômago. Fechada (quem, em Milão, entraria pra
comer um sanduíche de manhã?). Caminho mais uns metros e encontro um “tudo na
grelha”, também fechado. Vou até a esquina, pois lembrei da piadineria (piadina é uma tortilha pouco digerível recheada com a escolha do
cliente, tipo misto quente) que simplesmente não poderia estar fechada. Mas
estava. Caminhei desanimado até encontrar um bar, logo depois da banca de
jornais que não vendia revistas, e deparo com o cartaz na entrada: “Pizzas,
focaccias, sanduíches e pratos frios”. Sorri. Entrei e pedi dois sanduíches: um
com coppa e um com salame (tinha caminhado muito e precisava repor o índice de
gordura, as colorias, matar a fome, enfim). O balconista me olhou desconsolado
e avisou que não tinha nada de salgado àquela hora.
Voltei
derrotado ao hospital e deparei com a paninoteca abrindo. Entrei e comi. E
decidi que da próxima vez levo de casa. Esperando que não tenha uma próxima
vez. A Bianca? Está bem, obrigado.
.
16 comments:
Allan,
Entendo tua saga por algo salgado. Não é possível matar a fome com doce. Aqui, no Brasil, o café da manhã pede pão com manteiga.
Espero que Bianca se recupere logo.
Abraço, garoto
Boa recuperação à Bianca!
Também sofri muito aqui na França com o café da manhã, geralmente com doce. Todos me olhavam (e ainda olham) atravessado quando como algo salgado de manhã ou, sacrilégio, quando misturo queijo (ou nata) com doce de leite ou "confiture" de morango. Comia pão com patê, qua para os franceses é servido como entrada. Agora até me acostumei e posso comer um croissant (sem recheio), pão com geléia, mas quando tenho a oportunidade ataco nos salgados!
hahahaha... quando tenho a oportunidade de ir a alguma cidade italiana, sempre acho o café da manhã só com doces, estranhíssimo. Sou mais um pãozinho com manteiga e um copo de café com leite.
Boa recuperação para a filha!
Uma verdadeira saga!
Fiquei imaginando a comida que deliciosa kkkk
Está tudo bem com ela agora?
Kisu!
Não sei se por ser mineira ou farofeira mesmo... mas me resguardo com alguns lanchinhos salgados (pão de queijo!?), aonde vou, não confio muito nas opções que podemos ou não encontrar. Espero que por ai todo mundo esteja bem
E você decidiu pelo melhor, pode ter certeza. Eu já aderi àquelas marmitinhas térmicas, já que sou vegan e chata mesmo para comida. Pizza? Nunca, nenhuma hora do dia. Aboli. Chata eu num é hihi
Que continue bem sua pequena,
Cris
Que triste isso kkk, não sabia desse costume aí na Itália. Sou alguém que não sobrevive sem café e um pãozinho com manteiga. Em julho estarei passeando por aí e vou prevenida kkk. Obrigada pelo texto.
Saúde para todos.
To ctg e nao abro! Eu tenhoooo que comer algo salgado! Tb sou adepta as sobras da janta! Quer me ver fe.iz de manha? Me da tortellini in brodo, pizza, cachorro quente! Hehehe
Melhoras pra filhota!
Olá!
Realmente uma intensa maratona!
Que bom que a Bianca está bem, mas garanto que a sua precaução é eficaz. Aprendi com minha sogra isso. Ela sempre se prevenia com alguma coisinha da fazenda... rsrs
Oi, Allan!
Eu também sofri muito para me adaptar ao café da manhã doce daqui. no começo, continuava comendo meu sanduíche com ricota e peito de peru de manhã feliz da vida.
com o passar do tempo, fui me adaptando, mas o negocio do biscoitinho de manhã não rola.... preciso de sustância rs
meu café tem sido com torradas e geleia agora mas tem dias que faço um bom misto-quente com suco de laranja :)
Boa recuperação pra filhota ;)
Espero que a cirurgia tenha sido um sucesso e que Bianca se recupere plenamente o mais breve possível.
Aos fins de semana costumo ir ao Café do Alto e meto o pé na jaca: bolo-de-rolo, bolo pé-de-moleque, bolo Souza Leão, carne de sol, tapioca e muito suco!
Manoel Carlos
Espero que a Bianca esteja bem!
Já acostumei-me com o café-da-manhã doce dos italianos, mas quando vim morar aqui meu marido não conseguia entender como eu podia comer pão com queijo no desjejum:)
Allan,
Como está Bianca? Conheço algumas pessoas que precisaram fazer a mesma cirurgia para acabar com este incomodo muito desagradavel.
Não consigo comer um sanduiche de manha cedo, sempre comi pouco. Certa vez, o que salvou a mim e outros amigos numa viagem de "turma" foi um sanduba de mortadela numa birosca (aberta as 6 da matina) no meio do nada de uma estradinha de terra batida. Nunca comi com tanto gosto um sanduiche como aquele, claro, junto com uma coca borbulhante.
Beijos
Allan, desejo que sua Bianca esteja ótima.
adorei conhecer mais da Itália, detalhes que só um blog diário, e de alguém consciente, pode nos passar.
Sobre o post abaixo, que não tem espaço para comentários. Eu choro, sabe? Choro muito, com histórias de pais e filhos (pai - o homem - mesmo), sejam bonitas ou não. meu pai era presente, esteve conosco o tempo todo, mas muito fechado, muito no seu papel de soberano e não nos deixava chegar perto. Com a chegada ds netos, ele se abriu, estava quase se tornando um pai, não uma entidade, mas se foi, sem que eu tivesse lhe dado um único abraço, a minha vida toda. Eu choro e choro, até hoje. Como agora.
beijo.
Oi Allan querido, quanto tempo n passo por aqui, ando mais facebookando rs. Olha vc tocou em um assunto bem interessante...sinceramente eu não vou me acustumar nunca com essa coisa de café da manha com coisas doces...acho isso o fim!!!! grande abraço amigo...
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