Terremotos à parte, viver na
Itália tem seu preço e não é barato. Segundo uma matéria do jornal “Il Sole 24 Ore,” a Comissão
Europeia chamou a atenção para a carga tributária
italiana, que chega a alcançar 47,3% da
renda de um trabalhador
italiano, alertando que o excesso de tributos é desfavorável ao crescimento.
O preço da gasolina na
Itália é um exemplo de como como
funciona o sistema fiscal
italiano: menos de 30% do valor
exibido na bomba de gasolina paga todo o sistema de produção e distribuição (do poço de petróleo ao tanque do carro),
incluindo os lucros dos gestores
dos postos; o restante é
constituído por uma infinidade de tributos, fruto da triste mania
italiana de resolver tudo com impostos. Em 1935
(!!!) Mussolini introduziu uma contribuição de
1,90 liras por litro para financiar a guerra pela conquista da Abissínia; em 1956
foi a vez da crise de
Suez (14 liras); o desastre de
Vajont em 1963 (10 liras); em 1966
houve a enchente de Florença
(10 liras); em 1968,
o terremoto de Belice (10 liras); o terremoto de
Friuli, em 1976 (99 liras); terremoto em
Irpínia, em 1980 (75 liras); missão militar no
Líbano, em 1983 (205 liras); outra missão militar, dessa
vez, na Bósnia, em 1996
(22 liras); renovação do
contrato dos ferroviários em 2004
(0,020 euros); em 2005
foram adicionados 0,005 euros para compra de ônibus ecológicos; Lei 34/11 para o
financiamento da manutenção e conservação de bens
culturais, das entidades e instituições
culturais (0,0073 euros); Lei 225/92
para afrontar a emergência
causada pelos imigrantes líbios
em 2011 (0,040); enchente na
Ligúria e na Toscana em 2011
(0.0089 euros); fundo único de
0,02 euros para o espetáculo; Decreto-lei 201 de
2011 para “Disposições urgentes pelo crescimento, a
equidade e a consolidação das contas
públicas”, já no governo de
Mário Monti (0,112 euros sobre o diesel e
0,082 euros sobre a gasolina). Como se não
bastasse, existe ainda o imposto sobre taxas e impostos, o IVA
(equivale ao nosso ICMS), que é
calculado sobre a soma de todos os valores,
incluindo as contribuições compulsivas, com uma alíquota de
21%.
Faça as contas: a cada centavo
aumentado na bomba de gasolina o governo
arrecada cerca de 20 milhões de euro por mês. Devo ter
esquecido algo, não estou
atualizado sobre a formação do preço da gasolina, mas
prefiro nem lembrar.
Considerando que as leis passam
pelo Congresso, que por sua vez é composto por políticos, a população não está satisfeita com o contra cheque cada vez mas minguado. O
financiamento dos partidos é feito com dinheiro público (dos que pagam imposto) e, de acordo com as informações
divulgadas nos últimos meses pelos jornais
italianos, dos mais de 2,5 bilhões de euros entregues aos partidos políticos, aproximadamente 2 bilhões de euros
desapareceram da contabilidade oficial [um plebiscito de
2000 disse “não” ao
financiamento público dos partidos políticos].
Enquanto no
Brasil desaparece o IPI para os carros de até 1000 cilindradas, na
Itália o Sr. Mário Monti resolveu sobre taxar os carros de luxo, com valores que
superam os 3000 euros para uma simples transferência de propriedade. Como resultado, as concessionárias demitiram um mar de funcionários,
algumas fecharam e outras já
avisaram que não podem suportar por mais tempo. Como a
Guardia di Finanza (espécie de polícia federal contra a sonegação)
aproveita para verificar se entre os proprietários desses
carros não se
escondem evasores fiscais, poucos se
aventuram a manter um automóvel de luxo,
obrigando a venda nos países vizinhos, com
consequente queda nos serviços adjacentes (oficinas,
etc.). O resultado é que parte do valor da venda não é
declarada, gerando uma arrecadação inferior àquela
de Dezembro de 2011, agravado pela ausência de
arrecadação por serviços adjacentes não
prestados. Um verdadeiro tiro no pé, mas não o suficientemente dolorido para acordar o primeiro-ministro.
.
9 comments:
Allan,bom fim de semana!Inté!
Nem me fala de taxas que me doe os nervos, meu marido è agricultor e a vida è reclamar das tais taxas e impostos, proximo mes indo pra o Brasil relaxar meus ouvidos rsrs. abraço
Caramba, a carga tributaria é muito alta!
Quantas dificuldades socias e economicas para muitos povos!
bjs
Nem me fala, aqui tb a gasolina tem um preco exorbitante. Nosso carro é a gás porque nao é facil manter um carro grande à gasolina.
Gostei da nova foto no perfil.
Tá beleza!
Sim, eu falo girias antigas, rs.
Bom fim de semana e espero que sem abalos terrestres porque os abalos finaceiros esses nao têm fim.
Abracos
e eu, que moro no Oriente medio e nao pago um centavo de impostos, alem de pagar 0.20 de Euro pelo litro da gasolina, me arrepio de pensar que minha vida vai voltar a ser taxada...e logo!!
e eu, que moro no Oriente medio e nao pago um centavo de impostos, alem de pagar 0.20 de Euro pelo litro da gasolina, me arrepio de pensar que minha vida vai voltar a ser taxada...e logo!!
O modelo fiscal brasileiro é tal e qual o italiano, o governo arranca o pelo de todos os brasileiros, com um obvio ônus maior para os de baixa renda.
E o ex-preisdente e seu partido estão vendendo a idéia do financiamento público de campanha... vai sumir muuuuuito dinheiro.
Hola Allan, tienes un bello espacio.
te dejo mis saludos.
Olá,
Obrigado pelas informações.
Quanto ao descontentamento sobre o financiamento público de campanha, o privado pode ser pior ainda. Veja no Brasil por exemplo, a Odebretch financia as campanhas do PT e PSDB apostando nos dois cavalos para que o que ganhar faça os contratos bilionários com ela para que ela tenha o retorno desejado. O Governo fica na mão de empreiteiras e grandes corporações. Quando tiver oportunidade pega as principais financiadoras de campanha dos candidatos, elas doam na cara dura para mais de um partido, que por sua vez tem filosofias diferentes, então elas não simpatizam com causas e sim com o lucro ilícito.
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