Sunday, July 17, 2011

Onde comer na Itália

Toda vez que algum conhecido, amigo ou parente programa uma viagem à Itália, recebo uma solicitação de dicas sobre onde se hospedar e onde comer. Com o início da alta estação a quantidade de e-mails que recebo aumenta, junto com a responsabilidade pelo sucesso da viagem de alguém que estimo. Raramente posso oferecer um auxílio à altura da expectativa de amigos e parentes. A maioria das minhas viagens dura um dia, normalmente a trabalho e nem sempre tenho tempo para almoçar. Hospedar-me em hotéis? Raridade.

Eis algumas sugestões para a sua primeira viagem ao país da pizza.

Como quase não faço uso de hotéis e, portanto, possuo pouca experiência direta, sugiro acessar os seguintes sites: Hotel.pt, Minube e Trivago. Há, ainda, a opção de um cruzeiro marítimo, o que resolve o problema de hospedagem e de onde comer. Durante o período entre Julho e Agosto os preços sobem muito, o calor costuma incomodar e a qualidade dos serviços não é garantida. Se puder, programe suas férias para Junho ou Setembro. Os hotéis costumam trabalhar com reservas e quem não planeja antes corre o risco de não encontrar onde dormir durante a alta estação. Outra dica é pesquisar na Internet as opções de hospedagem nas cidades que se deseja visitar. Digite “hotel”, “albergo” ou “bed and breakfest” ao lado do nome da cidade. Informe-se antes se o hotel estará aberto no período da sua viagem. De um bed and breakfeast (B&B) a um cinco estrelas os preços podem variar. E já que podem, variam muito.

Onde comer é mais fácil para quem vive aqui, mas mais complicado para quem vem para fazer turismo. Quando estou fora de Piacenza, costumo procurar uma trattoria ou osteria fora dos circuitos turísticos no almoço. Normalmente são restaurantes mais ou menos rústicos que oferecem pratos típicos com produtos da estação. O que comer vai depender da região, cidade ou vilarejo. Se, por exemplo, estiver na zona de Livorno durante o Inverno, vou escolher um cacciucco livornese (sopa de peixe muito saborosa), mas durante o verão prefiro um peixe na grelha. Nas montanhas do norte come-se polenta com javali durante todo o ano, mesmo no Verão. Enfim, entre e peça sugestão ao garçom. A maioria das trattorias e osterias servem de dois a quatro escolhas de primeiro prato (massa ou risotto) e outros tantos de um segundo prato (carnes ou peixe) com contorno (verduras, batatas, etc.). Tudo por um preço que varia entre €10,00 e €20,00, anunciado por um cartaz à entrada do restaurante sob o titulo MENU FISSO. Mas, atenção: a enorme maioria só oferece o “almoço executivo” italiano no almoço (!). Evite os restaurantes próximos aos pontos turísticos. A frequência neles exclui os habitantes locais, pois nem sempre a comida é fresca e, provavelmente, o prato típico não será feito “a regola d’arte”. Entre o vinho da casa desconhecido e meia garrafa (mezza bottiglia) de vinho da região, fique com a segunda opção.

À noite procure o restaurante indicado pelo pessoal do hotel e peça conselho sobre o que comer. Em uma viagem a San Benedetto del Tronto jantamos duas vezes no mesmo restaurante – a terceira vez foi cancelada por não termos feito reserva (prenotazione). Na primeira vez pedimos antipasto misto di mare, mais primeiro e segundo pratos (que devem ser informados ao garçom ao mesmo tempo); na segunda vez pedimos apenas o antipasto misto di mare, pois ninguém conseguiu comer toda a comida no primeiro jantar. Pizza, focaccia, piadina ou sorvete são alternativas bem italianas para o jantar (sim, sorvete. Mesmo sob a neve do Inverno).

Você não precisa restringir-se aos restaurantes econômicos, apenas lembre-se de consultar os preços nos cardápios fora da porta do restaurante e de somar os preços de antipasti, entrate, primi piatti, secondi piatti, contorni, dessert, vini e coperto. Mesmo que você opte por apenas um prato de massa e vinho, o “coperto” estará sempre presente na conta. O coperto é uma taxa por pessoa que não inclui o antipasto. Alguns restaurantes até oferecem pão ou antipasto, mas é somente uma cortesia não obrigatória. Se à entrada do restaurante houver o símbolo do Slow Food, significa que a qualidade da comida é ponto de honra da casa, que os produtos são frescos, da estação, produzidos na região e que a comida é típica da zona. Caso visite Turim, Gênova, Bolonha, Milão, Monticello, Pinerollo e Asti (em breve, Piacenza) vale a pena ir conhecer o Eataly e aproveitar para comer em um dos restaurantes dos mercados. Em alguns deles é possível observar todo o processo da preparação da massa na sua frente

Há algum tempo um casal de japoneses virou noticia por ter pago € 600,00 (seiscentos euros!) por um almoço em um restaurante de Roma. A mesma conta, apresentada a um casal italiano não sairia por mais de € 80,00; em cidades turísticas alguns restaurantes possuem dois cardápios: um para os locais e outro para turistas. Apesar desses fatos, a maioria dos comerciantes age com honestidade. De qualquer forma, confira sempre os preços antes. E aproveite a viagem.
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6 comments:

Anonymous said...

como diz uma amiga minha: acha que vou pra itália e não vou me esbaldar nos restaurantes??? mangia che te fa bene!!! abraço allan

cucchiaiopieno.com.br said...

Excelente post!
Infelizmente tem pessoas desonestas que se aproveitam dos turistas.
Na minha cidade, fui em uma pizzeria al taglio, fui atendida pelo dono, comi 1 pedaço de pizza e tomei uma garrafinha de agua. Achei caro mas retornei na outra semana pois a pizza era muito boa. Nesse dia fui atendida pela mulher do dono, comi 2 pedaços de pizza e tomei uma garrafinha de agua e paguei bem menos que na semana anterior. So' ali me dei contar que na 1a vez o dono se aproveitou, pois viu que sou estrangeira! Uma tristeza.
Um abraço
Léia

Thais Miguele said...

Olha, eu voltei da França agora, e o que fiz foi comprar um guia Timeout pra saber os melhores lugares para comer. Um deles acertou em cheio. O outro, quase. O que mudou foi o preço dos pratos do lugar (meu guia era de 2009). O terceiro já não existia mais. Tinha virado uma agência de viagens. No geral, valeu a pena. Bjo bjo.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ said...

Allan, nós tb quando estamos em alguma cidade turistica quando queremos almocar ou jantar, procuramos um lugar longe desses pontos. É que geralmente para atender tantos clientes que chegam as comidas sao geralmente pré prontas e prá nós tem gosto de plástico, rs. Por isso, procuramos um cantinho mais afastado do centro. E com isso temos descoberto locais fantásticos!

Abracos

Lili Detoni said...

Querido amigo! Estive na Itália e nem deu para conhecer vc e sua esposa... Nossos dias não "bateram" com os de vcs... e assim ficou adiado nosso delicioso café... Mas, já estou trabalhando com todas as forças, e espero estar aí novamente muito em breve! Assim, com certeza, teremos mais tempo e poderemos agendar um super café da tarde, ok? Desculpe-me por nem ter ao menos ligado, mas tive que fazer roteiros que não haviam sido programados e, por fim, alteramos todos os nossos planos. No próximo ano, eu e Inês, com certeza iremos conhecer Piacenza, pois isso já está na lista de "coisas que não podemos perder", ok? Desculpe-me (mais uma vez) e obrigada pela sua carinhosa atenção!
Abraços do Brasil!
Lili.

Lili Detoni said...

Ah! Só para dar uma dica deliciosa para quem for em Firenze: Não deixe de conhecer o restaurante NERONE, na Via Faenza (próximo à estação Santa Maria Novella). Os preços são bons, a comida é maravilhosa, o vinho é dos deuses, além de servirem um Tiramissu maravilhoso, com o autêntico sabor da Toscana! Esse restaurante é lindo, com uma decoração surpreendente, com antiguidades, poltronas e sofás lindíssimos e coisas lindas para dar um charme especial! Para quem gosta de fotografar, lá é tudo de bom!!!!
É isso!
Lili.