No Irã, todo e qualquer livro que não tiver sido lançado lá, antes do lançamento em qualquer outro país, poderá ser copiado e impresso pelas muitas editoras iranianas, sem o devido pagamento dos direitos autorais. Esse foi o motivo que levou Paulo Coelho e outros escritores a escolherem o Irã para o lançamento mundial de um livro. Fico devendo a informação se cada editora há o próprio tradutor ou se usam uma única tradução. Há alguns anos li uma reportagem que sugeria importância de uma nova tradução da obra de Freud, pois a primeira, que teria servido de base a todas as que se seguiram, teria cometido erros que proporcionariam uma visão equivocada sobre os ensinamentos do pai da psicanálise. Na Itália, os títulos e créditos nos finais dos filmes estrangeiros, dão destaque à equipe de dublagem, nominando não apenas o diretor de dublagem, mas cada dublador com os respectivos nomes dos personagens dublados.
Em 1994 a empresa onde eu trabalhava presenteou todos os gerentes com o livro “Feitas Para Durar” de Michael Collins e James I. Porras, traduzido por Sílvia Schiros. O livro, na realidade o relatório de uma pesquisa que durou seis anos, trata sobre o porquê de algumas empresas sobressaírem enquanto suas concorrentes não têm o mesmo resultado. É uma fonte de consulta ainda atual e um dos poucos livros que trouxe do Brasil. Anos mais tarde, a internet tratou de me aproximar da Sílvia Schiros, tornando-a uma colaboradora do blog ecológico coletivo do qual fazemos parte. É na Sílvia que eu penso quando leio que os tradutores estão indignados com o que está acontecendo. Mas não precisa ser tradutor para se indignar com o que fazem algumas editoras com obras já traduzidas.
O sempre atento e também indignado escritor Milton Ribeiro simplificou tudo em um parágrafo: “Há um gênero de trapaça pouco conhecida e muito, mas muito sacana. É o plagiador (ou copiador) de traduções alheias. Imaginem que o plagiador, normalmente o próprio editor ou um funcionário, faz a tradução de uma obra de, digamos, Philip Roth; porém, em vez de traduzir a obra, pega uma edição portuguesa, dá uma ‘tropicalizada’ e manda bala.”
Como indignar-se e basta nunca resolveu nada, a tradutora Denise Bottman, fez um blog onde denuncia esse tipo de plágio. O resultado não poderia ser outro: A Denise está sendo processada exatamente por denunciar o plágio, como bem alertaram O Globo, através do blog Prosa on-line, do Guilherme Freitas, o próprio Milton Ribeiro, o site Tradutor Profissional e a Raquel, dona do blog Jane Austen em português, que também está sendo processada, entre outros.
Existe um blog em apoio à Denise Bottman e uma Petição em favor à Denise, mas você pode fazer mais que assiná-la. Ajude a divulgar, boicote as editoras que aplicam a “lei de Gérson” para economizar uns trocados e, antes de comprar um livro traduzido, se possível, informe-se sobre o tradutor. Se ele aparecer como tradutor de trocentas outras obras, desconfie.
Mas não esqueça de a assinar a petição, como eu já fiz. Ou, pelo menos, indignar-se.
9 comments:
oi, bom dia, primeiro quero te agradecer pelas tuas palavras, e aqui lendo este texto te digo que é super interessante!!!
um grande grande abraço,
Caro Allan,
obrigada pela divulgação e pelo apoio.
abs
Obviamente meu nome já está na petição. É um absurdo que Denise vá gastar $ com um plágio a meu ver claríssimo. Espero que ela vança e que sirva de exemplo para quem faz isso.
ÀS vezes não tempo para fazer o PHÉS, né?
Abraço.
Oi, gostei do seu blog.
Tbm tenho um blog de cartas, posso colocar o link do seu blog no meu?
vai lá e dê uma conferida.
cartaskelus.blogspot.com
Abs,
Kézia Sena
Allan, ótimo post, adorei - principalmente a parte que me toca. :-) Obrigada.
Allan, há anos eu vi a primeira cena da Metamorfose passada em cinco peneiras, cinco traduções.
O resultado: ah, cara, CINCO livros, cinco livros.
Eu me preocupo com o tradutor, com sua qualidade e sua familiaridade com a obra a ser traduzida.
Porque ele pode simplesmente destroçar o texto.... beijos.
Assinei e repassei sua postagem.
Manoel Carlos
Assinei a petição e acho que as editoras idôneas deveriam cobrar ética das criminosas.
Eu já estava comprando livros de edições portuguesas por causa da demora do lançamento no Brasil, agora que boicoto de vez! Por causa de algumas, darei preferência para as editoras portuguesas.
Bom fim de semana!
assinei a petição. abçs.
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