O prefixo “eco” tornou-se uma das expressões de marketing de maior sucesso mundial. Estou aguardando o momento em que se tornará substantivo. Nenhum produto hoje é oferecido ao consumidor sem estar atrelado à ideia do respeito à natureza. São eletrodomésticos que consomem menos energia, carros que poluem pouco, produtos biológicos (“bio” é quase uma marca), bens produzidos com materiais reciclados, serviços que não agridem o meio ambiente…
Toda essa estratégia acaba por desenvolver, cada vez mais rápido, consumidores com uma consciência ecológica que vão aprendendo a reconhecer as armadilhas de empresas verdes de fachada, a racionar antes de usar e a questionar antes de comprar. A dizer adeus ao supérfluo. Lentamente, estão deixando de ser consumidores para voltarem a ser simplesmente pessoas. É a busca por um novo estilo de vida.
Suponho que o hábito do pic-nic ainda irá durar algumas gerações na Europa, mas tenho visto copos, talheres e pratos de plástico sendo substituídos pelos tradicionais artigos de vidro, aço e cerâmica. Apesar dos parques oferecerem cestas de lixo, muita gente prefere levar o lixo de volta e reciclá-lo em casa. São pequenas ações que, sozinhas, não mudarão o mundo, mas que contaminam o vizinho do pic-nic ao lado e irão aumentar a tal consciência ecológica coletiva. Essa, sim, capaz de mudar hábitos de consumo e obrigar à produção responsável de bens e serviços com um menor impacto ambiental.
Um guarda-roupa menos interessado na moda, mais prático e versátil, e ao mesmo tempo reduzido, começa a fazer tendência. A bicicleta ganha novos espaços assim como os lenços de tecido estão retomando bolsos que já foram seus. Viagens em lugares exóticos que metem em risco um ecossistema particular estão sendo substituídas por opções que não ponham em risco a preservação do pouco que resta. A razão começa a prevalecer sobre o consumo.
É a velha Europa dando sinais de que novos hábitos são necessários. Mesmo que seja apenas para manter o estilo de vida ocidental. Só que dessa vez com consumo responsável. Ninguém precisa de dois carros, duzentos pares de sapatos ou roupas novas a cada estação. Os escravos das novas tecnologias começam a intuir que é possível viver sem estar coligado a alguma rede social virtual, dezoito horas por dia.
Na primeira oportunidade, pegue a bicicleta; deixe o celular, mp3, note book ou qualquer outro penduricalho tequinológico em casa; em um cesto de vime, junte umas frutas da estação, um pedaço de queijo produzido localmente, uma garrafa de vinho, toalha e guardanapos de pano, copos de vidro e os pratos e talheres de todos os dias; ponha uma roupa velha e convide os amigos para um pic-nic. Se lembrar de levar um saco para trazer de volta todo o lixo produzido, você estará em sintonia com os europeus mais chiques do momento. E se descobrir que pode viver uma vida mais simples, com menos produtos mas nem por isso com menos prazer, não estranhe: provavelmente é uma fase de transição, na qual você começa a se tornar uma pessoa que consome apenas o necessário sem sentimento de culpa, deixando de ser o consumidor que as fábricas produziram. É um tipo de liberdade zen. É ecológico, é chique e você vai gostar.
8 comments:
É uma vida mais natural, mais livre ...
Aqui no Brasil entraram na moda as Ecobags. Depois de muito tempo estão começando a repensar os saquinhos de supermercado.
Bjs.
Elvira
Muito melhor viver assim. Mesmo pequenininho, já tento ensinar valores assim para Samuel. Afinal, é a nova geração, aliada aos nossos exemplos, que realmente vai mudar as coisas. Sobre a frutinha do post abaixo, fiquei com água na boca só de tentar imaginar o sabor... hummmm
Sempre gostei de pegar a bike e me perder por aí e sigo fazendo isso ainda hoje. Lembro que eu tinha mania de dizer "vou fugir de casa". Colocava meia dúzia de coisas na mochila e sumia por horas inteiras. Que delícia...
Beijos moço
Faz dias que estou ensaiando ir ao Parque para um pequinique, mas até agora o ensaio está sendo adiado sempre para o amanhã. Vamos ver quando esse bendito amanhã se transformará em hoje. Grande abraço
Ps. Esperamos todos (eu acho) que a moda eco não passe como todas as modas e crie realmente um estilo de vida. O planeta agradece.
Incrivel viver esse momento de transiçao.
É muito importante esse tipo de mudança. Só é para mim uma infelicidade notar que ela acontece não por notarmos que precisamos preservar, mas pq as empresas a enxergam como um bom nicho de mercado =/
Sabe o que acho de verdade?
As pessoas mais pobres, têm muito a ensinar. Suas atitudes ecológicas, são específicamente por necessidade. Mas que não deixa de ajudar o planeta e a eles próprios.
Digo isso, sem medo de errar, porque tudo que é chic hoje, que as pessoas estão fazendo, eu já fazia há cinquenta anos atrás. Logo....
Um beijo
falando em ECO, dá uma olhada no Centelhas na campanha que tá rolando aqui o Brasil - vc vai adorar! (eu acho né...)
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