Tuesday, February 06, 2007

Nova Ordem

Nestes últimos dias tenho lido muita coisa sobre as mudanças climáticas e seus efeitos. Como acontece com qualquer assunto, existem opiniões divergentes e pontos de vista radicais. Alguns anunciam o fim do mundo enquanto outros pedem calma e acusam o alarmismo dos primeiros. Há quem espera pela materialização de uma liderança no cenário mundial, alguém dotado de qualidades carismáticas, de autoridade científica e ética suficientes para atrair todos os esforços dispersos no caos que tais mudanças vêm causando. Assim como há quem acredita que a biosfera é um organismo e que a humanidade é o câncer que deu nela.

Não sou cientista. Sou apenas um pai de família assustado com as perspectivas ambientais, que prefere participar do esforço conjunto em manter o planeta em que vivemos, em vez de cruzar os braços esperando que alguém o faça por mim. Sei que pode parecer ingenuidade, mas realmente acredito que a soma de pequenas ações podem fazer diferença. Após ler sobre as afirmações do Paul Kring, diretor da campanha “One Planet Living”, do WWF britânico, me sinto muito menos ingênuo. Aliás, vale a pena ler todas as matérias desta edição especial da BBC.

E eis que surge a questão: como conciliar a atual ordem econômica mundial com as mudanças necessárias? Se alguém tiver a resposta, deixe um comentário em letra de forma.

Para sobreviver, as empresas necessitam vender sempre e mais. Há uma guerra para descobrir novas necessidades e transformá-las em produtos, que logo serão substituídos por modelos mais inovativos, criando um ciclo vicioso e perigoso do qual não conseguimos escapar. Somos consumidores. Jamais acessei o Orkut e talvez só por isso ele não me faz falta. Mas já não sei viver sem internet, fax e celular. Tenho procurado consumir alimentos de estação produzidos localmente, pois sei que isso incentiva os agricultores locais, reduz quilômetros de transportes e poluição e ainda mantém o cinturão verde em torno da cidade. Mas é impossível agir assim com tudo. O que fazer?

As empresas não sobreviverão ao planeta, assim como é utópico projetar um mundo sem empresas. Pelo menos por mais um bocado de anos. A saída é conciliar as duas partes e buscar alternativas que reduzam o impacto do atual processo industrial. Como? Bom, a idéia das pequenas ações pode ser ampliada. Ou melhorada. O consumo responsável penaliza quem polui ou não respeita o meio-ambiente. Mas é preciso que o consumidor faça a sua parte. E o consumidor somos nós. Temos o hábito de não ler etiquetas e de dar pouca importância aos certificados de manejo sustentável dos produtos que consumimos. Exigimos das empresas responsabilidade social mas nos esquecemos de verificar como agem as empresas que produzem o pão-nosso de cada dia. Pois bem, a responsabilidade social é nossa, também. Ou as nossas exigências perdem valor. Se nos empenharmos, podemos criar as condições necessárias para uma verdadeira revolução do sistema produtivo que chamamos “modelo econômico”.

Só para citar um exemplo de que não vale a pena esperar pelo tal líder carismático, um cidadão italiano escreveu uma carta com uma sugestão ao seu deputado, após ler uma reportagem. Como a idéia não era das piores, a sugestão acabou virando lei, em 2006, e o resultado é que a partir de 2010 os sacos de compras dos supermercados italianos não poderão usar o polietileno como matéria-prima, mas deverão ser produzidos com material biodegradável a partir do milho. Outros países europeus já estão adotando a proposta. Consumidor e revolucionário.

Estou doido para começar a ler coisas mais amenas sobre o futuro da Terra.


* Publicado contemporaneamente no Faça a Sua Parte

7 comments:

Lilica said...

Ai, companheiro Allan, eu tb estou doida para ler coisas mais amenas sobre nosso futuro. Mas tenho lido coisas tão assustadoras...
O post pro Faça a sua parte eu farei em breve, mas aviso logo, as notícias não são das melhores!
Fiz meu meme ecológico lá no blog.
Beijinhos

Anonymous said...

Ai, já há tanta notícia ruim, tá na hora de começarem as boas.
Allan, vê lá no gmail, a escala que fiz hoje pro "faça a sua parte" e se dá pra começarmos a segui-la.
abraço, garoto

Luma Rosa said...

Os países mesmo que tardiamente deverão optar por uma geração de energia limpa. O problema referente à camada de ozônio é uma questão global na medida que afeta todo o planeta, no entanto, a tendência da humanidade é para o uso abusivo de tudo. Uns pela riqueza, outros pela pobreza. Nos países ricos o grande vilão é o consumo de combustível fóssil, principalmente dos aviões que trafegam à grande altitude. Parece que nesse novo relatório eles terão que diminuir o teto.

Sei que gosta de cozinhar, então vai a notícia: no interior da Argentina estão experimentando fogões solares. Algo como uma chapa concava de inox, na forma de parabólica que fica ao chão, captando energia e com um apoio para panelas. No futuro, cozinharemos ao ar livre, como os nossos ancestrais.
Bem, se cada um fizer a sua parte podemos desacelerar essa destruição, mas parece ser algo inevitável! Não podemos ficar de platéia!
Estou de volta!! Boa semana! Beijus

Fernanda said...

Bom dia,
encontrei o seu blog através do da Georgia e queria dizer-lhe que gostei muito do seu post; eu também sou uma mãe preocupada, quero que os meus filhos cresçam num planetea saudável, porém isso está a tornar-se num sonho.Não adiantam as cimeiras, porque os lobbies aconómicos mundiais ñ querem saber se o planeta é habitável daqui a 50 anos, eles querem ganhar dinheiro AGORA!E eles é que mandam. A única hipótese do cidadão é fazer o que pode p/ ñ poluir e começar a agir, pressionando os políticos, em manifestações, mails, sei lá que mais.
Gostei da ideia do saco! Em Portugal ninguém leva saco p/ o supermercado, cá em casa fazemos isso, mas somos bicho raro! Acho que vou enviar essa ideia para o nosso parlamento.
Tenha um bom dia!

Anonymous said...

Agora é a hora da reação, os efeitos já estão sendo sentidos. Se não mudarnos nossa forma consumista de viver, de querer sempre mais e mais, as coisas vão piorar.

Já pensou vida inteligente chegar à terra daqui a mil anos e só ver os prédios que deixamos? Sem arvores, sem animais, nem nada que os pudesse ter construído? Utópico? Não, aconteceu na Ilha de Páscoa, aconteceu com os Maias e talvez aconteça com a humanidade toda: ser extinto por não saber respeitar o seu meio-ambiente e consumi-lo sem se aperceber que ele também vive.

Abraços

valter ferraz said...

Allan, de que adiantou a Revolução Industrial se temos que voltar às práticas de antanho, não?
Abraço

Anonymous said...

Pois aqui na terra brasilis, o que mais vejo é gente mal educada largando sofás nas ruas e jogando lixo pelas janelas dos carros e das casas... A mentalidade dos humanos precisa mudar.

Ricardo M
www.homembaile.blogspot.com