terça-feira, janeiro 14, 2025

A cozinha italiana não existe

 



 

Terminei a leitura do livro “La cucina italiana non esiste”, de Alberto Grandi e Daniele Soffiati. Grandi é professor de história da alimentação na Universidade de Parma. Soffiati é um escritor e crítico de cinema, além de apresentador, junto a Grandi, do podcast “DOI – Denominazione di Origine Inventata”, mesmo título do livro de Grandi, publicado no Brasil como “As mentiras da nonna”. Eles esclarecem que a cozinha italiana é boa por ser recente, e não por contar com séculos de tradição, apresentando uma perspectiva diferente da ideia estática de “autenticidade”:

“A cozinha italiana é uma invenção recente e uma mentira do marketing.”

 

Existem ressalvas, como o queijo do tipo grana (Grana Padano, Parmigiano Reggiano, Trentingrana e Granone Lodigiano, entre outras marcas), mas uma coisa é afirmar que a região produz queijo a séculos, outra coisa é dizer que o queijo do tipo grana tem mil anos.

 

Com uma bibliografia de respeito, explicam como a migração às Américas no fim do século XIX representou um papel importante na formação de uma identidade gastronômica italiana. A maioria dos emigrantes eram camponeses pobres e com fome, que não compartilhavam uma cultura comum. Sequer a língua era a mesma, pois os dialetos eram (e são) diferentes. Foi através da comida que os italianos se reconheceram como povo. E aí entra em cena Pellegrino Artusi (1820/1911) e as muitas edições do seu livro “A ciência na cozinha e a arte de comer bem”, com receitas que circulavam entre as famílias mais ricas. Receitas que eram modificadas a cada nova edição por sugestões das leitoras, que também sugeriam as novas receitas adicionadas. O livro (que ultrapassou um milhão de cópias vendidas, um verdadeiro best seller para um livro publicado pela primeira vez em 1891) foi distribuído pelo Círculo Dante Alighieri aos italianos expatriados e os levou a descobrir as receitas que nunca haviam experimentados na Itália. Contudo, é preciso ponderar que uma receita publicada é apenas uma pedra no quebra-cabeça da história culinária. Ela pode, por exemplo, ter servido apenas para mostrar a habilidade de um chef da época, e não significa que a população local, desnutrida e esfomeada, tivesse acesso a ela.

 

Um argumento divertido é o que trata de inventar referências remotas para temperar receitas e produtos (queijos, embutidos...): “Ah, mas o romanos já comiam a feijoada” é somente uma das tantas lendas que se ouve por aqui. Lendas que Grandi e Soffiati desmistificam. Alguns exemplos:

·       O panetone não foi inventado por um ajudante de cozinha chamado Toni, em 1495. Foi o confeiteiro milanês Angelo Motta, em 1919, a modificar a receita daquele pão doce simples, adicionando as frutas cristalizadas e passas e alterando a fermentação para que ficasse alto e macio. Do sucesso da confeitaria, nasceu a primeira fábrica do doce, denominado Panettone Motta. O amado panetone foi desenvolvido e distribuído graças a industrialização.

·       A Cipolla Rossa di Tropea IGP é uma cebola com casca e estrias internas roxas. A Indicação Geográfica Protegida (IGP) é um selo que pode ser dado a produtos com pelo menos uma operação executada no território. Pois a cebola mais cara dos supermercados italianos cumpre essa regra: o porto e a estação ferroviária locais recebem a cebola colhida alhures, a embala e vende com a etiqueta e o selo IGP. Na cidade de menos de seis mil habitantes de Tropea, na Calábria, não se planta cebola. De nenhuma cor. Um outro produto muito consumido por aqui, a Bresaola Della Valtellina IGP, da tradicional marca Rigamonti, foi adquirida pela brasileira JBS e é produzida com carne 100% brasileira [o caso da bresaola é informação minha e não está no livro].

·       A pizza, de origem árabe, era consumida em Nápoles como comida de rua, nos lugares mais mal frequentados da cidade. Não existia receita, cada um fazia como podia, utilizando o que tinha de mais barato, modificando o pouco recheio quase diariamente. Apesar disso, o primeiro estabelecimento a produzir e vender exclusivamente pizza abriu em Manhattan. Os italianos que retornavam se assustavam com a ausência de pizzarias na Itália.

 

Ainda evidenciam, os autores, o esforço em ligar a qualidade ao território, à tradição e à capacidade transformar cada pedaço de terra italiano em um único lugar possível para determinada receita, queijo, vinho, hortaliça, embutido, etc.

 

Achei o livro muito mais didático e menos polêmico que o anterior, “DOI – Denominazione di Origine Inventada”: Alberto Grandi é hostilizado desde o lançamento do “DOI...” Chegaram a pedir o exílio dele, apesar dos muitos professores e profissionais entrevistados no podcast, se mostrarem menos indulgentes com o marketing em detrimento da história que Grandi. A invenção da tradição tornou-se a tradição da invenção.

 

A última lição é a que eles deixam claro desde o início: a cozinha italiana existe e é ótima, mas fruto da inovação, e não de receitas com séculos de tradição. Como todas as outras.

domingo, dezembro 15, 2024

Francesco De Gregori – Titanic – tradução




Essa música, de Francesco De Gregori, cria bem o clima no navio antes da interrupção da viagem. A melodia brinca com ritmos caribenhos e a história é vista por diversos personagens, onde até mesmo os da terceira classe estão felizes. Está inserida no álbum Titanic, lançado em 1982. Em poucas palavras, aproveite a vida antes o iceberg.

 

Titanic

 

A primeira classe custa mil liras, a segunda cem,

a terceira dor e susto.

E cheira a suor da escotilha e cheiro de mar morto.

Senhor Capitão me escute bem,

Eu tenho as mil liras boas e prontas,

Na primeira classe quero viajar neste esplêndido mar.

 

Tem também minha filha de quinze anos

e em Paris comprou um chapéu,

Se nos convidasse para jantar em sua mesa hoje à noite,

como seria bom.

E com a orquestra que nos acompanha

Com esses novos ritmos americanos,

Saudaremos à Grã-Bretanha

com um copo nas mãos

E com o gelo dentro do copo

Faremos um brinde tilintante,

À esta viagem global,

À esta lua gigante.

 

Mas quem disse que na terceira classe,

que na terceira classe se viaja mal,

Esse beliche parece uma cama de casal, é melhor do que no hospital.

Nós, de cafonas, sempre fomos chamados

mas aqui nos tratam como cavalheiros,

que quando chove você pode ficar dentro,

mas com bom tempo saímos.

 

Neste mar tão negro quanto petróleo

Para admirar esta lua metálica

e quando as sirenes soam,

quase parece que canta o galo.

Quase parece que o gelo

que temos no coração vai lentamente

derretendo

no meio da fumaça deste vapor

dessas férias em alto mar.

E gira, gira, gira, gira a hélice gira,

gira, que chove e neva,

para nós, jovens da terceira classe

que para não morrer vamos para a América.

 

E o operador de rádio em sua torre,

os longos dedos azuis no ar,

E transmitia saudações e esperanças

para este cruzeiro extraordinário.

mensagens de saudação recebidas

em quase todas as línguas do mundo,

se comunicava entre Viena e Chicago

em pouco menos de um segundo.

 

E a garota de primeira classe,

apaixonada por seu chapéu,

Quando o viu dançando à noite,

o achou muito bonito.

Talvez por causa daqueles olhos de gelo

tão difíceis de evitar,

pensou "Talvez com um pouco de coragem,

antes do final eu vou deixá-lo me beijar".

E como é bela a vida esta noite, entre o amor que atrai

e um pai que reza,

para nós, garotas de primeira classe

que para se casar vamos à América,

para nós, garotas de primeira classe

que para se casar vamos à América,

para nós, garotas de primeira classe

que para se casar vamos à América.

 


domingo, novembro 24, 2024

Berto

  


  Esse é o Berto, o mais recente agregado à família, adotado tem quase três meses. O pimentinha do canil era um forte candidato à lista dos cães não adotáveis, por seu comportamento agressivo. “O Prefeito”, era como o chamavam no canil da cidade. À exceção da doce Teresa, mordeu todo o exército de voluntários e funcionários do canil.

    Como manda a tradição, não fomos nós que o escolhemos, mas ele a nós. Ao voltarmos dos passeios que fizemos pelos campos em torno do canil, sempre sob a supervisão de Teresa, os temerosos operadores gesticulavam pelas nossas costas quando entrávamos: “mas que gente é essa? De onde vêm? Vão mesmo adotar a fera?...” numa mistura de estupor e revolta. Berto, indiferente, caminhava tranquilo ao nosso lado, com guia e peitoral, nos passinhos ritmados, tip tap, cauda balançando e direito a colo e beijinhos. “Mas que gente é essa?”

    Teresa ria, sabia que nós teríamos a coragem de tirar o Berto de trás dos alambrados e oferecer a ele carinho, amor, cuidados e muitos lugares mais confortáveis para dormir. E muitos, muitos passeios. Ela nos acompanhou na adoção do Shiva, em 2017 e do Garcia, em 2014. Nos conhece bem.

    Mas voltamos ao primeiro semestre de 2023 para contar como Berto chegou ao Canil. Depois de alguns dias vagando pelas ruas da periferia da cidade, finalmente o serviço de proteção animal conseguiu capturar o monstro de sete quilos, numa emboscada que reuniu funcionários experientes. Foi pego no laço; impossível se aproximar dele sem arriscar a pele. Sem microchip, foi anunciado de muitas formas (jornais, mídias sociais, etc.), esperando que o tutor fosse resgatá-lo no canil. Sim, teria que arcar com o custo da captura, da implantação do microchip e da multa, mas é assim que deve ser. Apesar dos muitos apelos e de todo mundo saber aonde vão parar os cães abandonados, ninguém se apresentou. E Berto – esse foi o nome que recebeu no canil – passou quase dois anos atrás de um alambrado, bem cuidado e protegido, e somente a Teresa que o levava a passear nos campos em volta da estrutura.

    A quase dois meses da chegada do nosso pequenino, ainda não me conformo de não poder chama-lo de bagunceiro, peste, pilantra. Não, Berto é o cão mais doce que já tive na vida. Faz amizade com todo mundo, brinca com todos os cães que não tentam mordê-lo, é obediente, não faz bagunça, não destruiu nada e está aprendendo a brincar com alguns brinquedos. Apaixonou-se pelo Filippo, o veterinário que o examinou cuidadosamente, espetou duas patas e o pescoço (resmungou, mas não tentou morder e permaneceu quieto enquanto eu o segurava). Não late, não uiva e raramente rosna. Se um cão não aceita a aproximação e late, Berto aponta calmamente o focinho noutra direção e ignora. Ignora. Sem estresse.

    

E cá estamos nós noutra viagem sem volta. Como manda a tradição, Berto não é um substituto. E esse é o tempo de ele receber o nosso amor e carinho. E muito, muito cafuné. Que é só o que ele pede.

 

quinta-feira, novembro 23, 2023

DOI Denominação de Origem Inventada - DOI Denominazione di Origine Inventata



DENOMINAZIONE DI ORIGINE INVENTATA Alberto Grandi (Mãntua, Itália – 1967) é um professor associado da Universidade de Parma. Ensina História das Empresas, História da Integração Europeia, História Econômica e História da Alimentação. Publicou diversas teses, artigos e livros, ficou famoso ao publicar em janeiro de 2018 “DOI – Denominazione di Origine Inventata”, livro que rapidamente transformou-se num best-seller. O sucesso foi tão grande que nasceu um podcast (em Italiano) com o mesmo nome, que já chegou à terceira estação. 

No livro, assim como no podcast, ele trata das mentiras contadas sobre a história da cozinha italiana. A abertura do podcast é: “A carbonara é uma receita americana; o vinho Marsala foi inventado por mercantes ingleses; até alguns anos, o único ingrediente do molho all’Amatriciana era a cebola. Os produtos típicos italianos são muito bons, mas a história deles é uma mentira contada a partir dos anos setenta, mais ou menos. Benvindos a DOI, denominação de origem inventada, o post de Alberto Grandi, que lhes conta a verdade, nada mais que a verdade, sobre a tradição – um pouco improvisada – da cozinha italiana”. Mas tem muito mais. Ele desmistifica os mitos da cozinha italiana através da História. É um livro pequeno, divertido e ao mesmo tempo acadêmico. Vai acabar chegando no Brasil, traduzido. 

 Se você é fluente em italiano, o podcast encontra-se em todas as plataformas digitais. Não uso nem Spotify no celular (nem e-mail, app do banco, etc.), prefiro ouvir através desse link abaixo, que não exige cadastro, nem nada. Basta mover a barra de rolamento até o início, lá em baixo, e ouvir o primeiro episódio da primeira estação. E depois ir ouvindo os seguintes. É grátis, informativo, interessante e divertido. Aproveite.

domingo, julho 16, 2023

Cardápio sazonal italiano

Uma amiga escreveu sobre cardápio semanal de restaurantes de São Paulo (Segunda: virado à paulista; terça: dobradinha ou bife a rolê; quarta: feijoada; quinta: massa; sexta: peixe; sábado: feijoada) e lembrei de uma atitude que sempre me intrigou. Por que comemos feijoada no verão? Vejam bem, sou carioca e adoro feijoada. Ia ao Largo da Carioca (ou na Lapa, ou em Santa Teresa, ou no CADEG...) comer feijoada em qualquer época do ano. É costume local e não abria mão, mas eu tinha vinte anos.

Nem pense em pedir um ‘cacciucco ala livornese’ ou uma ‘ribollita’ em restaurantes italianos, no verão (ou um ‘einsben’ ou ‘kassler’ na Alemanha). São pratos de inverno. Vão te prender na mesma cela dos estrangeiros que pedem capuccino depois do almoço e dos que põem ketchup na pizza. Aqui os restaurantes têm, pelo menos, dois cardápios: de inverno e de verão. E não só pela sazonalidade dos vegetais, mas principalmente pelo clima. A oferta de chocolate nos supermercados, por exemplo, é muito reduzida a partir da metade da primavera e vai até o a metade do outono.

O Natal brasileiro é a época em que comemos castanhas portuguesas, longos assados, carne defumada e muito, muito doce. Assim como no hemisfério norte.

As trattorias e osterias são as melhores opções para se comer bem, na Itália. Além de ‘pasta in bianco’ (sem molho) e um ou outro prato típico, o menu é montado pela manhã, depois que a cozinheira ou cozinheiro voltar do mercado. A escolha do que comprar leva em consideração os produtos da época e o preço. Nessa ordem.

Um amigo italiano contou que foi visitar a filial brasileira da multinacional em que trabalha. Um rapaz simpático foi designado para ser seu cicerone. No último dia o acompanhante programou um jantar num restaurante e aproveitou para levar a esposa. “Você não pode sair do Brasil sem conhecer o prato típico da nossa cultura.” E lá foi o gringo se esbaldar com a nossa feijoada. Do restaurante foram direto para o aeroporto para as quase doze horas de viagem, quando se despediram. E do aeroporto italiano direto para o hospital. “A minha vingança será terrível”, disse. Vai se frustrar, brasileiro não dá bola para sazonalidade. Mesmo que passe mal.

Receita de cacciucco alla livornese 

terça-feira, junho 13, 2023

Shiva - 15.4.2014 / 12.6.2023

 





Shiva faleceu ontem, de insuficiência renal. No início do ano passado o veterinário Filippo Molina (que diversas vezes o curou, espetou, costurou e brincou sentado no chão da nossa casa, tornando-se não apenas um amigo, mas também o anjo da guarda do peralta) descobriu que ele havia um grave problema nos rins. Com a preciosa colaboração da veterinária Hilary Civettini e o pessoal do ambulatório Cer.Pa, buscaram todos os meios para retardar a evolução da doença e permitir a melhor qualidade de vida possível. Fica a nossa gratidão ao excepcional time de profissionais e à veterinária e nutricionista Rossella Di Palma, pelas suas dietas caseiras miradas. Estava bem, considerando os valores dos vários exames efetuados, até o mês passado. Aos poucos foi-se debilitando e nos últimos três dias apresentou um sério agravamento da sua condição. Estávamos em casa, enchendo-o de carinho, eu e a Eloá, aguardando a chegada do veterinário do coração, que o faria dormir. Foi antes, rebelde como sempre. 

Foram quase seis anos de muitas brincadeiras, dengos, catástrofes, lambidas, lutas, corridas, sustos, muito carinho, mergulhos no rio, beijos, passeios, uivos quilométricos, demolições, cafuné, ameaças, mordidinhas e vexames em público. Ah, Shiva! Sem você essa cidade será um tédio sem fim. 

 Com amor, 
 Sua família.

domingo, junho 04, 2023

Trilha sonora italiana - Pino Daniele - Napule è


 

Pino Daniele era um músico de muito sucesso na Itália, falecido em 2015, com sessenta anos. Sua música mais famosa, “Napule è”, foi lançada em 1977 no seu primeiro disco, quando havia apenas dezoito anos. Toca nas rádios ainda hoje. O curioso é que ele cantava muito em dialeto napolitano. 

Abaixo, deixo a letra em napolitano, traduzida em italiano e em português. No vídeo acima, um dueto dele com Pavarotti. 

Napule è (em dialeto napolitano) 

Napule è mille culure 
Napule è mille paure 
Napule è a voce de' criature 
Che saglie chianu chianu 
E tu sai ca' non si sulo 

Napule è nu sole amaro 
Napule è addore e' mare 
Napule è na' carta sporca 
E nisciuno se ne importa 
E ognuno aspetta a' sciorta 

Napule è na' camminata 
Int'e viche miezo all'ate 
Napule è tutto nu suonno 
E a' sape tutto o' munno 
Ma nun sanno a' verità 

Napule è mille culture 
(Napule è mille paure) 
Napule è nu sole amaro 
(Napule è addore e' mare) 
Napule è na' carta sporca 
(E nisciuno se ne importa) 
Napule è na' camminata 
(Int' e viche miezo all'ate) 
Napule è mille culure 
(Napule è mille paure) 
Napule è nu sole amaro 
(Napule è addore e' mare) 

 (em italiano) 
Napoli è mille colori 
Napoli è mille paure 
Napoli è la voce dei bambini 
che sale piano piano 
e tu sai che non sei solo 

Napoli è un sole amaro 
Napoli è odore di mare 
Napoli è una carta sporca 
e nessuno se ne importa 
e ognuno aspetta la fortuna 

Napoli è una passeggiata 
nei vicoli, in mezzo agli altri 
Napoli è tutto un sogno 
e la conosce tutto il mondo 
ma non conoscono la verità 

Napoli è mille colori 
Napoli è mille paure 
Napoli è un sole amaro 
Napoli è odore di mare 
Napoli è una carta sporca 
e nessuno se ne importa 

Napoli è una passeggiata 
nei vicoli, in mezzo agli altri 
Napoli è mille colori 
Napoli è mille paure 
Napoli è un sole amaro
Napoli è odore di mare

 (em português)

Nápoles é mil cores 
Nápoles é mil medos 
Nápoles é a voz das crianças 
que sobem devagarinho 
E você sabe que não está sozinho 

Nápoles é um sol amargo 
Nápoles é o cheiro do mar 
Nápoles é um papel sujo 
e ninguém se importa 
e todos esperam pela sorte 

Nápoles é um passeio 
nos becos, no meio dos outros 
Nápoles é tudo um sonho 
e sabem disso em todo o mundo 
mas não sabem a verdade 

Nápoles é mil cores 
Nápoles é mil medos 
Nápoles é um sol amargo 
Nápoles é o cheiro do mar 
Nápoles é um papel sujo 
e ninguém se importa 

Nápoles é um passeio 
nos becos, no meio dos outros 
Nápoles é mil cores 
Nápoles é mil medos 
Nápoles é um sol amargo 
Nápoles é o cheiro do mar