domingo, março 30, 2025

O Ramadã é uma festa de cores e sorrisos


   

  Começou o horário de verão e o dia amanheceu lindo. Finalmente um domingo de sol. Tirei o Berto do sofá e fomos passear, pouco antes da nove (uma hora mais tarde, por conta da mudança). Levei-o ao jardim perto de casa – aquele onde foi encontrado o Klimt roubado – e, depois, ao Faxhall, que é uma rua paralela à nossa, fechada ao tráfego, construída sobre os antigos muros da cidade. Muitas árvores, bancos, dois parques infantis, três bares e muita gente. Mas não àquela hora de uma manhã de domingo, quando costuma ser ocupada por tutores e cães e gente correndo. Hoje tinha uma multidão em roupas de festa comemorando o fim do Ramadã. Uma multidão mesmo. É um espetáculo de sorrisos, crianças por todas as partes, adultos, idosos e muita cor. Fico maravilhado com as cores das roupas de alguns e sequer pensei em fotografar. Estava apenas apreciando a alegria deles.

    Caminhávamos tranquilos, no ritmo do Berto que quer cheirar tudo. Fui parado umas cinco vezes por pessoas que me perguntavam se eu sabia o que estava acontecendo. Esclarecia que era a comemoração do fim do Ramadã e seguia em frente. Uma moça com a mãe e um cachorro se disse indignada, que era um absurdo. Acenei com a cabeça e prossegui com meu fiel farejador na direção contrária. Mais adiante uma senhora atônita também me parou para perguntar:
— O que está acontecendo?
— Estão festejando o fim do Ramadã, Senhora.
— Ah...! É hoje? E de onde saiu toda essa gente?
— Essa gente deve morar na cidade ou próximas.
— Mas assim tantos? Nunca vi tantos juntos. Quando me mudei pra Piacenza não era assim.
— Bem, eu moro aqui tem mais vinte e cinco anos e já tinha muito muçulmano.
— Tantos assim?
— Menos, mas tinha bastante.
— E quem é essa gente? O que elas fazem aqui???
— São parte importante da economia italiana: produzem e consomem. Geram receita...
Parei quando percebi que os olhos dela não tinham como se esbugalhar mais e ameaçavam saltar para fora. Melhor, porque a continuação seria informar que algumas daquelas pessoas que a assustavam tinha comerciante, agricultor, operário, prestador de serviços e que os filhos deles seriam os médicos que cuidariam dos nossos filhos e netos, engenheiros, professores, operários, empresários e blá-blá-blá. Melhor assim, ela resolveu sair do Faxhall e pudemos continuar o nosso passeio.
    Na foto feita pela a Eloá, voltamos ao Faxhall para tomar um aperitivo no Bar Americano.

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