Lá
pelos idos dos anos noventa, um amigo deu um cartão de visitas a uma garota que
acabara de conhecer numa boite (que naquele tempo já se chamava discoteca). “Me
liga”, disse ele. Ela olhou sem entender e respondedeu: “Mas você já me deu o
seu cartão, meia hora atrás...?!” Ele – percebendo que já tinha distribuído
cartões para a metade da boite, jogou a cabeça pra trás numa gargalhada (é
daqueles que dá gargalhadas), tirou o maço de cartões do bolso da camisa, jogou
para o alto e gritou: “Quem quiser que pegue!”
Se
fosse na China, provavelmente teria sido caçado da boite. O povo chinês tem um
ritual na troca de cartões de visitas: é preciso estar de frente à pessoa,
segurar o cartão de visitas com as duas mãos e oferecer com certa cerimônia e
delicadeza, inclinando levemente a cabeça. Será recebido como um presente
inesperado. Cuspir também é considerado extrema falta de educação entre os
chineses.
Na
Itália muitos estrangeiros fazem questão de preservar a própria cultura. Hoje
recebi um opúsculo sobre descobertas científicas que já tinham sido descritas
no Corão. Se você for suficientemente informado e cortês, irá reservar um espaço
à entrada da sua casa para deixar os sapatos ao amigo muçulmano (os seus também
estarão lá), oferecer uma toalha e o banheiro para que ele possa lavar os pés,
os braços e o rosto, além de um local reservado para a oração antes do jantar. Não
é comum por aqui, o que torna o ato mais surpreendente e apreciado.
Cada
cultura tem seus próprios hábitos e não basta conhecê-los. É preciso
respeitá-los. Por aqui, por exemplo, não espere ser convidado uma segunda vez
se você não usar a escovinha do vaso sanitário toda vez que usar o banheiro. A
regra é deixar tudo mais limpo do que quando você entrou, afinal, quem entrar
depois pode julgar você pelo ambiente que encontrar.
Faça
assim: após usar o vaso sanitário, use um pedaço de papel higiênico para limpar
e levantar a tampa do vaso, pegue a escovinha e dê descarga. Use a escovinha para
limpar o vaso durante a descarga para limpar também a própria escova. Escorra e
ponha a escovinha no lugar, baixe a tampa do vaso e lave as mãos. Simples, né?
Podem
parecer pequenos detalhes, mas esses pequenos gestos indicam respeito, são
apreciados e garantem um novo convite. Agora só falta ensinar aos italianos não
assoar o nariz à mesa.
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16 comments:
Usar escova no vaso sanitário é sinal de boa educação. Essa regra deve transbordar as fronteiras do mundo.
Vou recomendar este post no FB, ok?
Bom domingo!
Olá!
Adorei seu post sobre diferenças culturais. Hábitos devem ser conhecidos e respeitados! Mas... quando é que o meu costume deve ser sobrepujado ao do outro? Acho de bom tom quando em visita a um país ou casa de quem nos recebe...
Boa educação pode ser traduzida em empatia (ok, estou só refletindo sobre, risos!).
Achei graça do seu amigo distribuindo o próprio cartão de visitas, rs!
Beijos!
M.
caseicomomundo.blogspot.com.br
Tenho amigos muçulmanos mais nunca pensei nesse detalhe...
A escovinha sempre foi obrigatoria na minha casa!
Mas o q nao aceitarei jamaissss será essa nojeira de assoar nariz na mesa... Meus sogros e meu marido ja aprenderam por aqui!
Bjs
Eu levei um choque tremendo quando morei no Japão, cada diferença que eu levei os primeiros anos pra me adaptar. Eu já tinha uma noção com o meu pai que é imigrante, mas passei a entendê-lo melhor depois que fui morar no país onde ele nasceu.
K!
Diferença cultural? Educação, cortesia, empatia, devia ser normal em qualquer lugar do universo, não?
Abraço, garoto
Allan,
Eu tenho muitos hábitos alemães que trago da infancia. Um deles é nunca entrar com sapatos da rua dentro de casa. Não sei se hoje em dia os alemães não se importam mais com isso, o fato que minha mãe sim, e não só retiro os meus, como minha filha aprendeu e indica aos visitantes que façam isso.
Quanto aos vasos sanitários, bom, aqui no Brasil é um horror a falta de respeito em locais publicos. Morro de dó de quem limpa. Eu sempre tenho o maior cuidado, especialmente pq penso que uma criancinha poderá usar.
Beijos
Ser asseado e respeitador fica sempre bem.
Mas, há tradições que custam a admitir como a tal da morte por apedrejamento: deixam-me doidas os fanatismos.
Uma boa semana.
beijo
Taí… essa da Itália eu não sabia. Acho que vou começar a adotar aqui em casa. tenho tido umas discussões com meu marido (discussões enquanto diálogos, e não brigas) sobre culturas diferentes. Em Portugal é super costume assoar o nariz bem alto aonde quer que se esteja. No Brasil não. E por isso, o brasileiro funga muito. O que incomoda demais os portugueses. É um debate mútuo de culturas… e existem muitas muitas outras coisas…
Vivendo e aprendendo!
Cada lugar e sua cultura! mesmo aqui em Minas, quando vim aqui para o sul, tive que me adaptar a costumes diferentes dos da minha região, mesmo dentro do estado!!!
Gostei de saber!
:)
Educação e higiene cabem em qualquer nação!
Quanto a italianada limpando o nariz à mesa, estou aqui há quase 7 anos e não me acostumei - ergh!
Credo eles fazem isso?!!??
"Cada cultura tem seus próprios hábitos e não basta conhecê-los - é preciso respeitá-los", achei legal isso.
Também não conhecia essa da escovinha, cartadaitalia também é cultura, viu só! ;)
rsrsrs adorei!
Oi, Allan!
Conhecer a cultura de um país que destina viajar, evita problemas, assim como receber alguém em sua casa de outra cultura.
Nos países árabes, a mão esquerda é considerada impura pois é destinada a higiene pessoal. Portanto, não receba ou ofereça documentos e cartões de visita com esta mão.
Sobre o uso de escovinha, normal não? Mas o que o brasileiro que visita a Europa não sabe, é que o papel higiênico usado deve ser jogado no vaso, não na lixeira. Na maioria dos lugares, aliás, nem lixeirinha perto do vaso existe!
Veja que engraçada a imagem de instrução do uso do banheiro nas olimpíadas em Sochi/Russia.
Beijus,
"Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso"
Respeito é fundamental. Quando demonstramos respeito, até nossas gafes são perdoadas.
Entre búlgaros eu brindava com naturalidade até um dia em que uma amiga (Klávdia) me disse que todos estranhavam o fato de eu ser uma pessoa muito sincera e franca e não brindar olhando a pessoa com quem eu brindava nos olhos.
Desconcertado, expliquei que em Pernambuco o brinde é coletivo e tentamos fazer todos os copos se tocarem ao mesmo tempo.
Desde então, sempre que eu estava presente, fazíamos dois brindes: um coletivo e depois dois a dois, olho no olho.
Manoel Carlos
Às vezes dá preguiça de usar a escovinha, mas é o certo mesmo. Outro dia vi um site com uma enorme variedade dessas escovinhas, todas bem coloridas e decorativas.
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