Friday, November 01, 2013

Lição de italiano – nomes de vegetais



Piada velha: o alemão, depois de cinco dias só comendo misto quente (a única coisa que sabia em português), decidiu observar o cidadão na mesa ao lado e pedir algo diferente. Era sábado e o vizinho pediu feijoada. Quando a feijoada chegou, o alemão estalou os lábios e pediu ao garçon: “Feijoada!!!”. O garçon peguntou: “Completa ou meia porção?” E o alemão – quase chorando: “misto quente.”

Dia desses assisti uma cena angustiante: um casal que recusava o prato de salada que tinham escolhido. O garçon não entendia nada e tentava explicar que era o pedido deles, mas pela cara e pelos gestos da senhora, deduzi que ela era alérgica a algum vegetal ali presente. Obviamente não falavam italiano nem outra língua que o garçon fingia saber.

A proprietária bem que tentou ajudar, convidando o casal para ir até a cozinha  escolher o que comer, mas o casal pareceu sinceramente constrangido e preferiu ir embora. Só não conseguiram pagar, impedidos pela dona.

Em época de smartphone e wifi ovunque (em todo lugar, em qualquer lugar), não tem muito sentido andar com dicionário bilíngue. A menos que você – como eu – ainda não tenha aderido à moda da conexão full time e prefira o cheiro dos livros. Ainda que seja um dicionário bilíngue. E se esse é o seu caso, aqui vão as traduções de alguns vegetais e temperos disponíveis nos restaurantes italianos, que podem variar de região a região.

Aglio – alho
Anguria, cocomero – melancia
Barbabietola, bietola – beterraba
Carota – cenoura
Cetriolo – pepino
Cipolla – cebola
Cipollotto – cebolinha
Contorno di verdure – porção de abobrinha, berinjela e pimentão
Coriandolo – coentro
Cumino – cominho
Lattuga – alface
Macedonia – salada de frutas
Mais, granoturco – milho
Mela – maçã
Melanzana – berinjela
Oliva – azeitona
Pepe nero – pimenta do reino
Peperoncino – pimenta
Peperone – pimentão
Pomodoro – tomate
Prezzemolo – salsinha
Rapanello – rabanete
Rosmarino – alecrim
Sedano – salsão
Spremuta – suco (de laranja ou limão), difere do succo di frutta = produto industrializado
Zucca – abóbora
Zucchina – abobrinha

Lembrei de dizer que é errado incluir numa receita o termo pecorino, como se pecorino fosse um tipo especial de queijo. Não é. Pecorino é queijo de leite de ovelha (pecora, em italiano) e existem diversos tipos. O pecorino romano, por exemplo, é mais salgado que um queijo de mesa e serve para ralar sobre a massa. Nem mesmo a simples indicação da marca resolve, pois existem produtores que fabricam diversos tipos de queijos, que são classificados como: fresco ou Tuma; Primosale; Secondosale ou semi-stagionato; stagionato.

E você deve estar se perguntando: “E que diacho pecorino tem a ver com os nomes dos vegetais?” Simples: a ovelha se alimenta exclusivamente de vegetais e o leite dela é um concentrado daqueles vegetais. Ou foi a minha rabugisse que não resitiu.
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17 comments:

myra said...

VOCE e REALMENTE UM EXCELENTE professor!!!!!!!
QUE SAUDADESTENHO DA iTALIA!!!!!!!!!!!
BACIIIII !

Rafael Galvão said...

Ah, essas culturas irmãs: aí comem bietolas, aqui comem baitolas. Alguns inclusive com barba.

Thais Miguele said...

Primeira coisa que vou fazer quando for pra Itália, é pedir uma melância.

Tati e Seus Nicola'S said...

Eee saudade dos produtos made in Italy :(
Nesses dias, estava viajando, meu marido me liga: "Como se diz rosmarino em português? Estou no mercado e não acho e ninguém sabe."
Alecrim. "Ah, tá bem aqui na minha frente."
Lembrei que demorei algum tempo pra gravar o nome italiano do tal do alecrim :)

Sandra said...

Na Suíça alemã dizemos Zucchini para a abobrinha :-).
Aliás muito temperos e vegetais por aqui são bem conhecidos pelo nome italiano, salvo a pronúncia, é claro. Aprendi algumas em italiano porque a Suíça tem uma parte italiana e muitos produtos de supermercado vem com a tradução no italiano. Só me dou conta de que me italiano nâo está tão bom, quando vou a Itália e desconheço muitas palavras, kkkkkkkkkkkk

Inaie said...

Ou nós podemos só apontar para qualquer coisa e pronto! :-)

Saudade de vc meu querido!

Anonymous said...

tio,
eu tinha um vegetal que se chamava zé eduardo

pedro luis

Celia na Italia said...

Allan
Esta lição chegou uns 3 anos atrasada :)
Foi particularmente difícil descobrir beterraba, só depois de muito ir ao super mercado, um dia me deparei com ela, já cozida e embalada a vácuo - amei!!!!
Outra grande dificuldade são os queijos, nossa Virgem Santa, não tem um "queijo lanche" bem comum?
Super abraço

Lunna said...

Pois você me fez lembrar-se de um gajo com que encontrei em Cambridge que não falava inglês, mas lá estava para aprender e me inventou de pedir, sem perguntar a ninguém um "english tradicional breakfast" e quando viu tudo que ele tinha pedido não conseguia nem se mover tamanho susto. Tinha de tudo ali, de torradas a feijão, ovos mexidos, bacon, suco, leite e geléia. Isso para citar apenas alguns itens. kkkkkkkkkk

bacio

Priscila said...

Poxa! Coitado do alemao! kkkkkkkk
Ja paguei micos culinarios aqui na Italia, em breve vou contar no blog. :)

Muito util o post! Grazieeee

Anonymous said...

Adorooo! A Itália é sempre mais atrativa pelos seus olhares, logo logo quem sabe nós chegamos por ai.

Teredecorando said...

Uau!!!Boas dicas. Adoro a Itália. Queria ser teletransportada para curtir cada segundo dos atrativos que tem por ai.
Bons fluidos.

www.sosimplesassim.com.br said...

Ótimas informações, Allan. Eu também ainda gosto de sentir o cheiro dos livros, não os troco por nada.
Abraço,
Lylia

BLOGZOOM said...

Allan,

Certa vez, em Praga, num passeio com minha mãe, passei por uma situação chata. Naquela vez, comer no hotel era um terror, e tambem em alguns lugares que a excursao nos levou. Tivemos um dia livre e fomos à Cantina que avistamos dias antes. Tipicamente italiana. Que bom!
Minha mãe pediu pizza tipo portuguesa e eu pedi "pepperoni" pensando ser como aqui no Brasil. Pepperoni no Brasil é um tipo de salame condimentado. O Pizza Hut faz uma deliciosa. Mas na Cantina não era. Eram pimentões e de todas as cores possiveis. Tenho intolerancia! Eles não quiseram trocar, minha mãe nao trocou comigo, nem um descontinho sequer. Eu nao pude comer nada e fiquei muito chateada. Sobrou apenas um delicioso café que não era aguado.

Beijos

Ana said...

Obrigada!! Já copiei. Este post me incentivou a voltar a estudar italiano. Quem sabe... é só deixar de ser preguiçosa.

Bah said...

Se tem uma coisa que aprendi com a tecnologia foi andar com aparelhinhos que eu possa pesquisar e com fotos e com muitos exemplos de preferência a coisa real, ali na hora.

Blogs são de uma utilidade incrível, principalmente quando os livros e guias só mostram o lado bonito.

Kisu!

Unknown said...

Viagens em países que não falamos nadica de nada da língua é perigosa.
Mas como voc~e bem disse em tempos modernos, o celular mesmo fala.
Já me falaram de um restaurante aqui em Heidelberg que cada cliente recebeum tablet e o cardápio é composto por fotos também, aí bastaa pessoa escolhera foto e pedido vai direto para a cozinha. Impressionante não? E assim, daqui há algum tempo não haverá mais garçons e garçonetes...tempos modernos!