Originalmente o Corpo dos Alpinos
era a infantaria de montanha do exército italiano, fundada em 1872. Desde
então, o termo “alpino” tornou-se sinônimo de todo militar especializado em
ações de montanha. Acabou tornando-se uma confraria masculina, que reúne
militares de montanha da ativa e da reserva.
Parece que algo acontece quando os
alpinos se reúnem e endossam o característico chapéu verde com a pena no lado
esquerdo. Pessoas comuns se transformam em honestos servidores, prontos à
competição de solidariedade – coisa incomum por aqui. Talvez seja o efeito do
controle mútuo, talvez seja a lembrança da experiência positiva partilhada
durante o serviço militar, talvez seja somente a vontade de encher a cara e
divertir-se. Seja qual for o motivo, os alpinos não passam despercebidos – nem
silenciosos – e a presença deles é sempre uma festa.
Uma vez por ano os alpinos se reúnem
em uma cidade. Em 2013 foi a vez de Piacenza acolher os mais de quatrocentos
mil alpinos, que não deixaram os moradores do centro dormir por três noites. A
cidade começou a preparar-se dois meses antes e não faltou alojamento, banheiro
nem vinho e cerveja. Todas as praças, escolas e espaços públicos foram
transformados em acampamentos. Nenhuma rua do centro histórico ficou impune e
os comerciantes estão tendo câimbras de tanto sorrir. Somente o percurso do
desfile do dia 12 de Maio foi poupado. Em compensação, o desfile durou exatas
doze horas. Moramos num primeiro andar da principal avenida do centro, mas
estávamos ocupados demais aproveitando a festa para assistir todo o desfile.
No chapéu alpino, a pena preta de
corvo é reservada à tropa; a marrom, de águia, aos suboficiais e oficias
menores; a branca, de ganso, aos oficiais superiores e generais. Nos dias de
festa as patentes são esquecidas, em nome da confraternização e do copo cheio.
Cada grupo traz suas manias, corais, bandinhas, fanfarras e alegria. Difícil
não se deixar contagiar. Pergunte aos comerciantes piacentinos. Muitos estão
planejando uma excursão a Pordenone, sede da festa no ano que vem. Talvez lhes
faça companhia.
“Di qui non si passa.”
16 comments:
Muito bom conhecer histórias, fatos de um pais tão lindo e tão amado que desejo tanto conhecer...adoro suas escritas, Allan... tenha um lindo domingo...
beijos, Márcia...
maniasdapenelope.blogspot.com.br
que delicia esse post! Me arrepiou...
E eu imagino a farra que não deve ter sido essa confraternização. Se italiano já é barulhento no dia a dia, imagina nessa farra toda aí!
Gente unida por um bem comum que faz bem de verdade é sempre contagiante.
Com certeza, Allan!
Boa semana
mas tbem ali no norte sao bastante racistas ou nao, Allan?
otimo texto explicativo!
um gde abraco
Oi Allan, você descreveu muito bem o que significa "alpino" no imaginário dos italianos... alpino não è sou um militar mas uma especie de instituição.
Posso imaginar o barulho (eles costumam beber muito :) ), aqui no sul, onde eu moro não é muito comum uma reunião assim.
abraço
V.
Dá para não amar esse país?
Allan,
Acho que cidades pequenas aproveitam mais os dias especiais para realizarem festas tradicionais.
Eu fiquei me lembrando de uma cidadezinha que morei uns anos no litoral do Rio. era comum, por exemplo, as procissoes.
O seu texto está otimo, tive a sensação de ver o que deseja explicar.
beijos
Que legalll
Mas juro que viajei legal... e a primeira imagem que me surgiu na mente foi a do chocolate alpino, que eu adoro. kkk
Mas achei fantástica essa tradição, não conhecia !
Bjs
Debby :)
Allan,
No início da leitura, já pensei em chocolate, obvio! :)
Muito interessante. Pelo visto, vocês nem se incomodam tanto com o barulho, já que pretende unir-se a eles na próxima festa, ahah.
As ruas são bem estreitas, né?
abraço, garoto
Olá Allan,
Que delicia de post. Ver o quanto o povo dessas cidades pequenas curtem e comemoram com vigor algumas datas.
TUdo de bom.
Oi, Allan!!
Acho que mais um pretexto para beber!! E depois de uns goles, os mais velhos ficam saudosistas. E os mais jovens do que se lembram? Pode ser uma forma de reafirmação do sentimento que no passado unia os italianos e que agora dividem o norte do sul. Lembrando-os que unidos formam a pátria italiana!
Se não pode com eles Allan, junta-se à eles!!
Beijus,
Allan, bom dia!
Esse post é contagiante e as imagens no vídeo só me encheu de curiosidade.
Xeros
Olá Allan!
A diversidade cultural me encanta! Estas reuniões fazem 'aquela' bagunça, mas são necessárias de vez em quando para renovar os sorrisos e as lembranças.
Abraço!
Imagino o vazio depois de três dias de intensa e ruidosa manifestação de alegria.
Manoel Carlos
Bem animados! Parece coisa que a gente só vê na tv a cabo, mas é real. Quem sabe no ano que vem...
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