Wednesday, November 24, 2010

O dinheiro dos outros

Quando o esporte deixa de ser atividade de lazer e saúde para ser considerado espetáculo? Quando a prática passa de amadora para profissional; quando se recebe – ou se paga – para praticá-lo.

Pessoalmente considero o esporte profissional um nincho da indústria do entretenimento, assim como o cinema, por exemplo. E, desse ponto de vista, acho estranho quando alguém critica o salário dos jogadores de futebol, que é o esporte mais exposto na mídia ocidental. Se o atleta treina durante a semana, joga sob chuva, neve ou sol escaldante, de tarde ou de noite, nos fins de semana e feriados, atrai público e provoca emoções em milhões de pessoas, além de movimentar um volume de dinheiro considerável, por que ele deve ganhar um salário inferior a um piloto de Fórmula 1, ou um ator de tv ou cinema?

Como em qualquer profissão, existem os que sobressaem e os que carregam o piano durante toda a carreira profissional; poucos ganham salários milhonários e a maioria dos jogadores de futebol aspiram um dia fazer parte dessa seleta lista. Enquanto esse dia não chega, sobrevivem com salários que só não são piores por serem regulamentados pelas federações, mas que são próximos ao salário de um operário. Quem sobressai, em qualquer profissão, ganha melhor do que quem passa a vida com o piano nas costas. Quantas costureiras existem que ganham não mais de um salário Mínimo? No entanto, Giorgio Armani começou furando o dedo com agulhas. [Queria ver o velho Giorgio jogando de beque contra o Arapiraca.]

Não sou fanático por futebol nem advogado da classe – ou não teria tempo para escrever neste blog – mas acompanho e me divirto com o esporte. Gosto de outras modalidades e, quando estou em casa sem fazer nada, prefiro assistir a uma competição esportiva que filmes ou telejornais (estes sim, deveriam pagar pela audiência – os telejornais). Mas não abro mão de sair para ficar assistindo tv, exceção feita para a Copa do Mundo. “Futebol, o ópio do povo”. Do jeito que o mundo vai, às vezes acho que é melhor viver perenemente drogado. Então, deixemos os jogadores ricos ganharem os milhões deles sossegados. Enquanto for grátis, continuo assistindo; quando tiver que pagar, aumento a minha frequência no teatro. Vai ser difícil me acostumar a não ter replay, cervejinha gelada, bolinho de bacalhau e 25 câmeras flagrando cada lance de cada jogador, mas pelo menos não terei que ouvir o locutor de motociclismo perguntando como é que o piloto Valentino Rossi conseguiu correr as últimas corridas do campeonato de 2010, com a perna e o ombro triturados. Ou ele é muito ingênuo (hipócrata?) ou sou eu que tenho uma imaginação fértil demais para acreditar que o piloto estivesse sob efeito de fortes medicamentos.

5 comments:

myra said...

como sempre voce tem razao!!!
abraços

Luma Rosa said...

Não acho que o problema do futebol esteja nos jogadores e sim em quem assiste. Devemos combater os excessos! Tem gente que assiste futebol de domingo a domingo, uma escola, todo mundo dá pitaco, brigam e levam, muitas vezes, essee vício a tragédia. Sei que dentro do futebol existem legislações regulamentadoras e que as punições nem sempre procedem como deveriam, mas para torcidas organizadas e traficantes de esportistas teriam que ser mais rigorosos.
Eu assisto um programa na sportv sobre futebol, mas que falam de tudo um pouco - acho que fizeram isto para não cansar as meninas que invariavelmente acompanham os meninos no sofá - e também não sei se é por causa disso, mas essa semana dois assuntos foram pontuais e cansou viu?
1. Sexo ou não antes de uma partida importante?
2. Os cuidados com a musculatura leva à vaidade? Porque os "feinhos" do futebol se acham "lindinhos".
Veja o nível dos programas futebolísticos nacionais nivelando para baixo também o telespetador.
Beijus,

Anonymous said...

O que me incomoda é que os interesses financeiros se sobrepõem aos interesses esportivos, muitas vezes dando margem a manipulações desonestas.
Manoel Carlos

daiza said...

oi Allan! passei para te mostrar uma coisa:
http://brasilitalia-doiscoracoes.blogspot.com

li hoje pela primeira vez.
beijossssssssss

Menina no Sotão said...

Eu já fui fã de futebo. Assistia e torcia pelo Milan, depois pelo São Paulo, mas hoje está tudo muito chato. É o tal do políticamente correto pra todo lado.
Isso sem contar aquele papo machista que ainda vigora que mulher não entende de futebol (já dei nó tático em muito moleque e com a bola nos pés). Adorava jogar futebol, mas qdo mudei para o Brasil não tinha onde jogar e fui jogar volei. Gosto do volei hoje, mas do que do futebol e não é por causa da mudança na prática do esporte, mas é que ver esse cenário de discussão salarial de jogador me cansa. É uma realidade que agride e que cria seus pequenos monstros.
Bacio carissimo
Lunna Guedes