Friday, October 15, 2010

Pagando mico na Itália

Recentemente minha cunhada Valéria e o marido Roberto estiveram nos visitando, numa escapada veloz do roteiro do grupo de excursão com o qual fizeram um giro pela Europa. Além da satisfação imensa em recebê-los – apesar da visita de médico – alguns detalhes da viagem deles me chamou a atenção, curioso que sou.

Primeiro eles reclamaram da comida. Afirmaram ter comido mal praticamente durante toda a viagem, mesmo tendo passado uma semana na Itália. Se lamentaram que na Suíça não aceitaram o cartão de débito que estavam utilizando e descobriram que o cartão telefônico que compraram no aeroporto no Brasil por 20 dólares (para 20 minutos de conversação) não funcionava bem e custou caro demais. Também faltou informação sobre o “tax free”. Trouxeram bagagem demais, o que inviabiliza certas compras. Mas gostaram de conhecer a nossa casa, a cidade e de comer bem. Acho que também gostaram de nos ver e às sobrinhas, mas estou aguardando que nos mandem as fotos antes de me pronunciar com mais veemência.

Se você estiver preparando uma viagem à Itália, algumas dicas podem ser úteis. Antes de fazer as malas, certifique-se de que você irá realmente necessitar de toda a roupa que pretende colocar na mala. Roupas de baixo ocupam pouco espaço e nunca são demais, mas escolha apenas um par de sapatos confortáveis e chinelos, além do sapato usado para a viagem. Mais espaço na mala permite não extrapolar o limite e evita pagar peso extra na volta. Verifique cuidadosamente o roteiro da viagem e procure se informar sobre os hotéis e restaurantes existentes na zona.

Ao desembarcar no aeroporto, procure uma agência de “tax free”, que normalmente fica perto da “dogana”, e pegue alguns formulários. Se tentarem lhe vender os formulários, passe a outra agência – que normalmente são três balcões simples, um ao lado do outro. Use os formulários nas lojas que não os tiverem e peça ao próprio vendedor para preenchê-los. No dia da viagem de volta, coloque todas as suas compras em uma mesma mala e avise ao fazer o check-in. Eles irão lhe devolver a mala, já com os devidos adesivos para ser despachada pela dogana. Dirija-se imediatamente à dogana e, sem abrir a mala – a menos que eles exijam – mostre passaporte, bilhete de embarque, notas ficais e formulários de “tax free” devidamente preenchidos. A mala será embarcada por lá, com todas as compras dentro, repito. Depois, dirija-se ao balcão de “tax free” com os documentos carimbados pela dogana para reaver o imposto sobre compras. Lembre-se de que você poderá ter que pagar o ICMS ao chegar no Brasil, ao retirar a bagagem.

Os restaurantes sugeridos pelos guias costumam oferecer vantagens aos guias. Não canso de repetir que na Itália se come bem é nas “trattorias”, que são restaurantes mais simples que oferecem a comida típica do local com produtos da estação. É muito comum encontrar uma placa escrito “menu fisso €12,00”, ou valores que não ultrapassam os 15 euros. São os pratos sugeridos pela casa com o que há de mais fresco na feira da cidade e que incluem um prato de massa, um prato de carne com salada ou legumes, água ou um copo de vinho e café. Alguns oferecem também a sobremesa. E o cliente sai satisfeito por ter saboreado um prato típico da região por um preço razoável. A regra é simples: como a hora do almoço vai das 11:30 às 14:00 horas, mas ninguém chega antes do meio-dia, espere até às 12:15. Se os operários começarem a chegar aos bandos, entre depressa. Os demais trabalhadores também virão, mas não é raro que o alto escalão local tenha mesa reservada.

Quanto aos cartões de débito, não há nada a fazer, senão ter um pouco de dinheiro vivo – euro – que na Suíça é aceito sem problemas (exceto moedas), mas saiba que o troco virá em francos suíços. Quanto ao mico do cartão telefônico, saiba que em qualquer tabacaria italiana você encontra cartões telefônicos internacionais a partir de cinco euros por duas horas de conversação. Peça “scheda telefonica per il sudamerica” [skêda telefónica per il sudamerica], raspe o código secreto e siga as instruções.

Se você ainda não conhece, visite o Minube e digite o seu destino. Lá você encontrará dicas preciosas de onde comer, sugestões de passeios e roteiros que os guias não frequentam. Enfim, informação local de quem mora ou já visitou a cidade.

Pensando bem, lembro que antes de vir para a Itália cheguei a comprar uma “habilitação internacional” que me custou 150 reais onze anos atrás. Na primeira vez que um guarda me parou, ofereci a minha Habilitação Internacional, traduzida em umas dez línguas, inclusive o árabe. O agente desdobrou aquele documentão, olhou pra lá, pra cá, franziu a testa, dobrou, devolveu-me e informou: “Eu quero a sua habilitação brasileira, que isso aqui não serve pra nada.” Com a habilitação brasileira pode-se alugar um carro, viajar e guiar sem problemas por um ano. Para evitar acidentes, pegue um dicionário, visite esta página e familiarize-se com as placas de trânsito.


Bom passeio e boa viagem!

9 comments:

  1. Primeiro, confesso que já fui linkada em outros blogs, mas poucos me comoveram como estar por aqui. Afinal tenho enorme admiração pelos seus textos e escrever "o que faltava" me deixou toda paba. Grata.
    Segundo: que maravilha este post. Não tenho planos de voltar à Itália tão cedo(infelizmente) e minha viagem anterior foi totalmente inusitada, mas as informações aqui encontradas me dão suporte para meu plano de médio prazo. Um abraço duplamente agradecido

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  2. Oi Allan!
    Muito legal esse post!
    Muitas vezes as pessoas passam alguns dias na Itália e saem espalhando suas impressões: na Itália é assim, na Itália é assado...
    Na verdade, a melhor forma de conhecer um país e buscar informações, principalmente com quem vive no local.
    Dessa forma, fica mais fácil fugir das generalizações por falta de conhecimento.
    Até!

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  3. Anonymous2:35 AM

    Hoje em dia a Internet facilita bastante, desde contatos com as pessoas do país e com o idioma até essas informações. Blogs como o seu são uma grande ajuda.

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  4. off topic...ok, coloquei a foto, você fica me devendo os elogios, kkkk

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  5. Eu paguei um mico "inocente". Estava em Praga com minha mãe e, naquele tempo, não sei agora, a comida no Hotel e em alguns restaurantes não eram boas. Vimos uma taberna e ficamos felizes. Eu vi no cardápio; Pizza de Pepperoni. UAUAUAUUU logo lembrei da Pizza Hut que tanto gosto. A minha mãe nem me advertiu que eu poderia estar enganada. E estava. Era de pimentoes, as tres cores, e eu sou ALERGICA! Eu tentei explicar ao garçon o mal-entendido, porém ele se fez de surdo. Nada comi e ainda paguei a conta. Minha mãe?! Claro que ela comeu a que pediu e nem um pedaço me deu! :-(


    Beijos

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  6. Anonymous7:50 AM

    Na Espanha ouvi brasileiro turista reclamando da comida. Na Inglaterra ouvi brasileiro turista reclamando da comida. Nos EUA brasileiro turista vive reclamando da comida. Qual é o problema gastronômico do brasileiro? Quer encontrar arroz, feijão, bife e salada no mundo inteiro? Ah mas nem assim serve pq reclamam do feijão de Cuba, do feijão do México e por aí vai. E essa de levar tanta roupa qdo viaja? Não sabe que o guarda-roupa de turista deve ser limitado? E pra que ficar telefonando pra casa durante a viagem??? Pra reclamar da comida???

    Felizes eram os tupiniquins que viviam nus e não sabiam da existência de outras partes do mundo...

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  7. Dicas preciosissimas, Allan!

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  8. Anonymous9:52 PM

    Allan, eu como guia de turismo preciso concordar com você!!!
    Não resta dúvida que o turista que viaja com um grupo (e não sai dessa rota pré-determinada) é muito diferente do turista "mochilão", que realmente desbrava o local, descobrindo lugares e conversando com pessoas nativas.
    Mas infelizmente isso é o natural de muitos: seguir os passos de outros e reclamar do que se tem. Sem dúvida a comida é sempre a campeã de reclamações e elogios de todos. Ou agrada em muito ou odeia-se completamente!!! rsrsss...
    É isso... ótimo post!!!!
    Valeu.

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  9. Allan, acho q suas dicas servem para qq pessoa q se disponha a viajar e conhecer lugares novos, essas sao dicas para quem tem espírito de viajante, nao adianta, a maioria das pessoas q viajam de excursao nao querem ter muito trabalho em descobrir coisas novas, querem td mastigado e facil, e ai sempre vao cometer pagar um mico ou outro, mas nem vao se dar conta disso pois vao achar q estavam certos.
    Hj em dia com a internet só paga mico em viagem quem quer...

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