Dependendo da idade do leitor desta carta , o título lhe soará estranho : “Diachoé quitanda ?” Mas a maioria ainda lembra de quando ia-se à quitanda comprar frutas , verduras e até ovos , que o açougue também vendia. “Diachoé açougue ?”
No Brasil, a maioria das quitandas simplesmente desapareceu, assim como está acontecendo com os açougues . O ritmo da vida moderna impede desperdiçar tempo indo a açougues , quitandas e padarias e a facilidade de um supermercado sempre perto simplifica as compras e o estacionamento . As cidades brasileiras crescem rápido demais , expulsando pequenos agricultores e granjeiros . Muitas vezes o próprio quitandeiro possuía um sítio onde cultivava parte das hortaliças comercializadas, mas o transporte da zona rural ao centro das cidades se alonga e começa a influir nos preços . Vende-se o sítio para um novo loteamento , fecha-se a quitanda e a tradição vai morrendo.
Na Itália as quitandas ainda resistem. Os supermercados adquirem enormes quantidades dos grandes produtores e oferecem a preços menores , frutas e verduras com melhor apresentação , além de um monte de bugigangas que normalmente o consumidor não compraria, mas a compra por impulso é uma das estratégias de marketing do ramo . E funciona. Fruta e verdura nas quitandas italianas costumam ser mais caras que nos supermercados , mas normalmente são de produtores locais , que trabalham a terra de modo artesanal . A aparência não é a mesma que a dos produtos nos supermercados , mas o sabor justifica a diferença .
Os supermercados oferecem mandioca , limão , manga e mamão do Brasil, couve de Bruxelas, limões espanhóis, abacaxis de Gana , pimentões holandeses que mais parecem produzidos em série – o mesmo tom de laranja , vermelho , verde ou amarelo , o mesmo cabinho torcido exatamente igual e a mesma falta de aroma – e morangos franceses. Mas só as quitandas oferecem os pimentões de Cuneo, diferentes e saborosos , e as mais frescas uvas colhidas na tarde anterior na colina próxima à cidade . A festa de cores e perfumes em uma quitanda italiana é uma festa para os sentidos .
Se você mora em uma daquelas cidades do futuro , onde o mar de prédios impede a visão do horizonte , não há muito a fazer . Mas se, ao contrário , você tem a sorte de morar em uma cidade pequena ou no campo , cultive uma horta , se houver espaço . Convença seus amigos a fazerem o mesmo e, quem sabe, abrirem uma quitanda comunitária . Caso contrário , dê preferência às quitandas – se ainda houver alguma – ou aos tradicionais “verdurões”, que também se utilizam das grandes centrais de abastecimento, mas que muitas vezes adquirem a produção dos agricultores locais . Mesmo que a sua dieta seja pobre de vegetais , você vai se sentir mais participante, vai contribuir para a manutenção dos pequenos agricultores e ajudará a reduzir os já altos índices de poluição . Certamente sua consciência ecológica vai ficar mais leve , seu verdureiro mais feliz , o ar mais perfumado , a mesa mais colorida e eu terei feito a minha parte , convencendo você a readquirir hábitos mais saudáveis . E se você for o dono do supermercado , azeite .
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Você tem razão: o sabor é muito melhor! Experimentei tomates frescos, da horta da Aninha (o meu jeito de ser) e realmente é excepcional. Aqui no Rio temos as feiras livres. Não sei o caminho das frutas e verduras até chegar a elas. Quitandeiros não vejo há tempos. Tem razão: se cada um que tiver um quintal plantasse uma horta , veria com alegria a resposta da terra.
ReplyDeleteObrigada pela presença na inauguração da nova casa!
abraço, garoto
http://drang.org
To com voce e nao abro. Fruta, legume e verdura aqui em casa so do quitandeiro da esquina. Nao que eu seja das primeiras a pegar a coisa mais fresca - prefiro trabalhar ou dormir er er er - mas mesmo no meio da tarde encontro sabores e odores irresistiveis. Meu verdureiro ja conhece meus gostos e até me separa "guloseimas prediletas" e "manias irreparaveis". E' verdade: alèm de ecologico, é também um gesto mais humano comprar no verdureiro. Ali voce é gente. E ele também.
ReplyDeleteQuando morei na Itália a dona da quitanda perto da minha casa nao deixava eu escolher as frutas!! Isso me deixava muito brava e como ela era mal-humorada sempre nao tinha coragem de pedir pra escolher minhas frutas...
ReplyDeleteOlá.
ReplyDeleteJá acompanho seu blog há algum tempo mas nunca tinha comentado.
Aqui no meu bairro, em São Paulo, ainda temos açougues e quitandas. A dona da quitanda conhece os fregueses e sempre indica o que tem de mais fresquinho e o que está melhor. Podemos escolher as frutas e as verduras também.
Assim é mais gostoso ...
Elvira
Eu comprava em supermercado, uma vez que feiras em são paulo estão acabando. Até descobrir o quitandeiro da esquina. No bairro em que moro, também moram montes de nisseis e sanseis, e alguns japoneses de "verdade". Porisso ainda temos quitandas, todas geridas por eles. Ele sabe do que gosto, traz o que peço e ainda escolhe pra mim, que sou uma negação nisso. Me trata pelo nome e me dá bom dia! Já imaginou o Abílio Diniz fazendo isso?? :)
ReplyDeletemaray
www.gardenal.org/checaribe
eu compro carne no açougue aqui perto de casa, mas verduras, legumes e frutas só mesmo no supermercado do abílio diniz. infelizmente. de vez em quando, dou sorte e trago frutas e legumes com algum sabor. ontem comprei uma melancia com gosto de nada. :-(
ReplyDeleteAqui perto da nossa casa tem uma quitanda e há 8 anos desde que chegamos para esta cidade só compramos lá. Já somos conhecidos de lá e eles vêm da Macedônia. As macas têm sabor como as do Brasil. Cada legume comprado lá faz mesmo a diferenca no sabor. Eles também têm um pequeno acougue dentro da quitanda o que facilita muita coisa.
ReplyDeleteBom fim de semana prá vocês
Tem razão. Uma das melhores coisas de estar na França é fazer, todo dia, a fila do padeiro, do açougueiro, do quitandeiro e da loja de vinhos (droga, não posso dizer vinhateiro!). O supermercado, e tem um na rua, fica só pro detergente!
ReplyDeleteBelorizonte também tem suas quitandas, mesmo em bairros mais centrais, como o meu. Há, também, uns proprietários de sítios que trazem sua produção e a vendem dentro do próprio automóvel (utilitários): estacionam em determinada esquina (sempre nos mesmos dias e horários da semana), abrem a tampa trazeira e expõem o que produzem. Há queijos, tomates, frutas, doces caseiros, cachaça (!), etc; tudo de ótima qualidade, quase sempre orgânico, preço razoável. E o atendimento é personalizado!
ReplyDeleteAllan,
ReplyDeleteMuito obrigada por sua explicação sobre o Amare e Adorare, era isso mesmo o que eu queria, não confundiu não, muito pelo contrário.
Olha, pela primeira vez na vida tenho um espaço com as plantinhas, sobretudo manjericão, algumas pimentas...ervas de um modo geral. O mérito não é meu, mas do meu marido, eu só aproveito.
Abraços
Leila