Não, não chamem uma frittata de omelete, palavra derivada do francês omelette, prato com algumas regras e receitas básicas. Uma verdadeira frittata não tem foto nem receita até o momento de abrir a geladeira e descobrir quais sobras podem ser aproveitadas. As poucas regras para uma frittata são: deve ser alta, o pão é o único acompanhamento possível, um copo de vinho eleva a preparação à condição de refeição e afaga o espírito.
Sabe aquela abobrinha deixada de lado por ser pequena demais? Será cortada em finas fatias e será refogada no último momento, para ficar ligeiramente crocante. Sim, pois uma frittata começa com um refogado de cebola (ou cebolinha, se for aquela italiana com o bulbo maior e da qual se descarta a parte verde). Deve ser um refogado lento, onde os ingredientes serão adicionados após a cebola começar a ficar transparente.
Pode-se colocar um pouco de bacon ou pancetta? Sim, é claro! Mas devem ser fatias tão finas como um som de violinos nessa sinfonia de sabores. A menos que… Bem, a menos que você descubra uns poucos filés de anchovas dentro daquele vidrinho na porta da geladeira. Até mesmo o mexilhão que sobrou do almoço que não houve, por falta de tempo ou porque ele ou ela preferiu estar em outro lugar. Desabafe a desilusão cortando em tirinhas e refogando o mexilhão já cozido com a cebola. Que mais? Não fique aí olhando para esta carta, mas para a geladeira e verifique o que pode enriquecer a sua frittata, tomando o cuidado de não adicionar ingredientes de sabores marcantes, mantendo leveza e personalidade. Azeitona? Melhor não, mas se você insiste, que seja pouca e cortada fininha; alcaparras? Só se não tiver colocado azeitonas. Couve-flor cozida, brócolis cozido, alface, vagem cozida picada, escarola ou outras verduras. Nunca tudo de uma vez e sempre em quantidades parcimoniosas. Não é uma salada, mas uma frittata.
Refogue tudo em uma frigideira grande (ou pequena, se estiver sozinho/a: a frittata deve ficar alta) com um fio de azeite, controlando para que não seque e, se necessário, adicione um pouco d’água sem deixar desmanchar. Os ovos serão batidos com uma pitada de sal, pimenta do reino e um punhado generoso de queijo ralado na hora. Pode-se adicionar aos ovos um pouco de creme de leite fresco ou mesmo um pouco de leite. Quantos ovos? Dois por pessoa. Quando o refogado estiver homogêneo é hora de adicionar a abobrinha crua em fatias finas, a salsinha cortada sem critério – se houver (critério e salsinha) – e despejar os ovos já batidos. Use uma colher de pau par misturar os ingredientes antes que os ovos comecem a endurecer. Cubra e deixe o fogo lento amalgamar perfumes e sabores. O vinho lhe fará ouvir os violinos, mas ele deve ser degustado, não o adicione na frittata. Com a ajuda de uma escumadeira, vire a frittata com cuidado. Na falta de companhia, abuse do vinho e da música. Ele ou ela não saberá o que terá perdido e talvez nem mereça descobrir. Afagados alma e estômago, não anote a receita. Cada frittata será uma ocasião única.
bom dia, meu amigo, voce me ensina muitas coisas!, vou fazer!!!
ReplyDeletebeijos e saudades
Cadê a foto Allan?Uma receita dessas tem que ser seguida de imagem.
ReplyDeleteTudo bem por ai?
Pois é, enfrantamos no Brasil um inverno tenebroso de 30 graus e na Alemanha um verao escaldante de 7 graus. Fazer o quê, nao é mesmo?
Bom fim de semana
Allan, essa receita parece uma poesia! Bjs!
ReplyDeleteOi Allan.
ReplyDeleteMeu pai sempre comeu a fritatta com pão e eu achava estranho. Quando fui para a Italia é que percebi que eles comiam assim.
Eu prefiro comer com salada: de tomates.
E o vinho, é claro!
Bjs.
Elvira
Aiiii fiquei até com fome!! Vou tentar fazer algo parecido. Eu disse parecido - não confio no meu talento culinário, mas vou lá!
ReplyDeleteQue bela sinfonia, Allan!
ReplyDeleteComplimenti!
Olá! Não sei se vc me considera uma leitora, porque quase não deixo comentários... Mas saiba que acompanho o seu "Carta da Italia" há anos!
ReplyDeleteAdorei a frittata!!!
Allan
ReplyDeletequero ver foto sim!
mas esta sua descrição foi dando água na bôca, vou ter que fazer a minha, tenho algumas coisinhas na geladeira... o vinho já estou tomando...rs
bom fim de domingo pra vc!
beijo
Ju
Andreia Batista: Fico contente por saber que alguém acompanha o blo há anos. E se você não for considerada uma leitora, quem seria? :)
ReplyDeleteFaça a frittata e me conte depois.
Abraços :)
conheco fritatta de pasta, acho um horror!
ReplyDeleteAmei o texto e 'sabor' da fritatta. Minha avó fazia, aproveitando sobras...que saudades...da vovózinha e das suas fritattas...rs
ReplyDeleteOlá Allan,
ReplyDeleteBela receita, ou melhor, bela indicação de fritatta, pois como vc disse: uma fritatta não possue receitas.
Vou experimentar fazer uma.
O bom do seu blog é isso, ele vem com uma pitada de cultura!!!
Bravo...
Ciao
Olá Allan,
ReplyDeleteBela receita, ou melhor, bela indicação de fritatta, pois como vc disse: uma fritatta não possue receitas.
Vou experimentar fazer uma.
O bom do seu blog é isso, ele vem com uma pitada de cultura!!!
Bravo...
Ciao
Que delícia de post! Muitíssimo bem escrito. Se eu não tivese acabado de almoçar faria uma frittata agora mesmo.
ReplyDeleteoi Alan. Não consigo ler seus posts sm deixar um comentário. São todos muito bons. E essa frittata me deixou com água na boca. Farei, é certo. Baci.
ReplyDeleteagora somente um gde abraço:)
ReplyDeleteA apresentação da receita mereceria uma crônica da Apicius...
ReplyDeleteManoel Carlos
Olá
ReplyDeleteViemos aqui agradecer por ter inserido nosso link em seu blog roll, mas também viemos para dizer que mudamos de domínio, agora o site é www.biosferams.org por isso pedimos a alteração do link, porque se a mudança não for feita os visitantes serão levados ao endereço antigo.
Agradecemos
A Georgia quer foto só pra ser torturada, só pode ser. kkkkkkkkkkkkk
ReplyDeleteEu imaginei tudo aqui e senti até o cheiro, por sorte ainda é cedo e não vou correr para a cozinha a fim de fazer uma boa e deliciosa fritatta, mas do almoço não passa.
Bacio