- …Eu sou daqueles que quando começa uma coisa, vai até o fim.
- [Começou. Esse cara tem o poder de me irritar.] Eu, ao contrário, se percebo estar equivocado prefiro parar e avaliar uma alternativa.
- Vocês, extra-comunitários, são muito suscetíveis à direção do vento. Basta aparecer uma proposta diferente e lá vão vocês. Tenho minhas próprias convicções.
- Não se trata de suscetibilidade, também tenho minhas próprias convicções. Apenas prefiro não dividir o mundo em partes, nem tenho a necessidade de etiquetar as pessoas para conviver com elas.
- Como jornalista, é muito útil selecionar e dividir as coisas, opiniões, pessoas. Por exemplo: noutro dia precisava escrever sobre salames fui falar com o Sr. Ferrari, na feira. A família dele produz salames de qualidade há anos, e é muito melhor ter o nome dele anotado na agenda como “salame”. Outro exemplo: Quando preciso da opinião da esquerda light, te convido para um café.
- Cara, mas se eu votei no Berlusconi?! [Vou dar um nó na cabeça desse cara só pra mostrar que o modo dele de enxergar o mundo é um modo obtuso.]
- Vo… Você não é um progressista?
- É você que não percebe que essa ótica limitada de ver as coisas lhe impõe fronteiras que não existem. O Sr. Ferrari até vende salames, mas não os fabrica. São os irmãos dele que tocam o negócio de família. Só aos sábados você o encontra na feira. Nos outros dias ele é professor de filosofia na faculdade. [Essa é verdade, mas que vai doer nele, isso vai. Touchê!]
- O… Sr. Ferrari…?
- O único conforto – se é que isso chega a ser um conforto – é que você etiqueta a si próprio quando diz: “Eu sou daqueles que…” Você se impõe limites restritivos e nem percebe.
- Que história é essa?! Eu evoluo, aprendo novas coisas, absorvo novos valores…
- Tenho cá minhas dúvidas. O problema é que quem não é jornalista como você, também divide as pessoas em função do próprio julgamento, com uma agenda imaginária que registra apenas as informações superficiais, coletadas às pressas para poder classificar logo cada novo conhecido. E o outro nem tem a possibilidade de fazê-los mudar de idéia. Uma vez etiquetado, a convicção do juiz não muda.
- Peraí, você tá me chamando de obtuso.
- Não se preocupe, reconheço as suas outras características e ainda lhe dou a possibilidade de mudar.
- Quem disse que eu quero mudar? Sou feliz assim!
- [É esse o problema.] Eu sei.
.
Allan, uma das coisas que mais gosto de ver é pessoas que não têm medo de mudar de opinião. É difícil, mas é enriquecedor. Belo post. Beijocas
ReplyDeleteE viva a modernidade, que nos trouxe o "método". abs
ReplyDeleteEu vivo mudando de opinião, ou melhor, eu nunca mudo de opinião.
ReplyDeleteO senhor Ferrari é igual, nunca está contente. Insiste em aperfeiçoar aqueles carrinhos vermelhos que faz entre um salame e outro.
é uma chatice sem tamanho essa história de ser etiquetada. sem falar que é uma tremenda falta de imaginação, coisa de gente obtusa mesmo.
ReplyDelete"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante/ Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo... "
ReplyDeleteAdorei seu blog! Parabéns!
Vou fazer um link para cá,
assim não perco o caminho...
Abraços,
Carol
Puxa... Acho que não gostaria de saber a opinião dele sobre mim, então!!!
ReplyDeleteBeijos
Adorei!!!
ReplyDeleteO pior de tudo é que existe gente que passa boa parte da vida querendo ser rotulado de algo. Conheço muitos que se vestem de um jeito, falam de certo modo, cursam toda uma faculdade, só para poderem se dizer e para serem identificados como isso ou aquilo.
ReplyDeleteAbraços!
Muito bom este diálogo, acordei já tendo que refletir...
ReplyDeleteabraços
Allan, querido
ReplyDeleteMas que post desses que fazem a gente sorrir e dizer : eu també ! eu também sou assim!
:-)
Querido, aproveitando, voc~e sabe me ensinar onde consigo a letra da musica de Chico: Samba pra Vinícius a parte em italiano cantada por Ornella Vanoni?
Beijos e quando vc puder me dizer, OK? eu vou ficar feliz.
Obrigadíssima!
beijos, amigos e "próximos"
Meguita
Oi Allan, tudo bem?
ReplyDeleteQue bom que eu vivo fugindo da Síndrome de Gabriela.
"Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim, Gabrieeeeeeela..."
Eu nao tenho nada parecido e sou mutante.
Boa semana
Cio Allan
ReplyDelete(Hahahaha, sempre que venho aqui, morro de aprender e rir com seus maravilhosos leitores, que bem gostaria de acrescentar aos meus:-)
Sindrome de Gabriele!!!
Putzgrilo, Georgia, vou incorpot=rar esta, OK? Dou-te os créditos, querida.
===-=-=-Agora o comentário propriamente dito que poderás ler no meu blog;
Mudei o título do post e escrevi:
"Agora, querido Amigo: estás realmente mexendo com a alma da gente, naquilo que temos de mais aparente para os outros: a forma de ser.
Isso eu queria ter dito ontem.
Vemo-nos refletido em ti, em tuas cronache degli cose qutidiani”.
Al più presto, Amico mio e Grazie tante
Vou voltar para o curso de italiano, para não cometer tanti sbagli;-)
Baci
Meguita
Cio, non!!!!
ReplyDeleteCiao!
;-o((((
Faço o maior esforço pra ser inetiquetável, mas... não dá! Sempre tem alguém que consegue me rotular!
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