terça-feira, julho 24, 2007

Arroz Piemontês

Se você é um dos muitos que chegaram neste blog em busca da receita acima, sinto muito, mas vai ter que fazer mais um click. Experimente este link AQUI.

Além de discordar da grafia – creio que o correto seria “arroz piemontês”, “arroz à piemontês” ou “arroz à piemontesa” – vou frustrar um pouco a expectativa de quem desejava preparar um prato tipicamente italiano, considerando que o leitor tem conhecimento de que o Piemonte é uma região do norte da Itália.

Dei uma olhada em algumas das muitas receitas desse prato espalhadas na rede e devo dizer que jamais encontrei nada parecido nessa península sustentada à base de massas e arroz. É bem verdade que o arroz italiano até pode ser colorido, mas nada tão rico de sabores como na receita que muitos procuram. Mesmo um risotto primavera não é tão ousado. Mas se você, leitor interessado, gostaria de aprender a receita de um prato tipicamente italiano, começa aqui um breve percurso sobre o risotto mais característico da gastronomia italiana. O primeiro capítulo é sobre o arroz, esse cereal tão presente nos nossos pratos.



O grão que vem de longe


Conta uma lenda indiana que o deus Shiva se apaixonou por uma menina chamada Retna e a pediu em casamento. Como dote, Retna pediu a Shiva que acabasse com a fome do seu povo, doando-lhes um alimento do qual não se cansassem nunca. Shiva concordou, mas, atarefado como os deuses deveriam ser, ou por representar a classe política da época, acabou não cumprindo a promessa. Retna insistiu que o casamento só aconteceria depois de receber o dote e então Shiva a tomou pela força. Desonrada e humilhada, a garota atirou-se no Ganges, o rio sagrado. E a sua alma se transformou em uma planta com abundantes grãos branco-dourados: o arroz. Shiva foi servido, assim como o povo indiano, que a partir daquele momento teve do que nutrir-se.

Também para os chineses o arroz nasceu da frustração de um deus. O Gênio Bom, incapaz de aplacar a fome dos homens durante uma terrível escassez de alimentos, arrancou os próprios dentes e os jogou ao vento. O que parecia um gesto inútil, acabou demonstrando toda a sabedoria dos deuses. Os dentes transformaram-se em uma planta que deu vida a milhões de grãos de arroz.

Lendas à parte, o certo é que o arroz veio do Oriente. Estudiosos dividem-se entre a ilha de Java e o Camboja, quando se referem à origem da planta. Em escavações arqueológicas às margens do rio Mekong, foram descobertas tigelas cheias de arroz de, aproximadamente, seis mil anos antes da Era Cristã.

Como, desde sempre, são as guerras a movimentar o mundo, o arroz acompanhou os exércitos nas viagens: uma vez colhido, se conserva por longo tempo. Teria sido Dário, rei da Pérsia, a levar o arroz até a Mesopotâmia. Mais tarde, por volta do ano 330 a.C., o grego Aristobulo se encarregou de espalhar o precioso grão entre os habitantes das terras banhados pelo Mediterrâneo.

Naquela época o produto custava muito. Os diversos intermediários que o transportavam do Oriente à Europa aumentavam o preço a cada passagem, fazendo-o custar uma fortuna. O arroz acabava comercializado como iguaria rara, utilizado em pequenas doses como medicamento, a ser consumido em forma de chá por quem havia problemas digestivos; como cosmético, para deixar a pele macia e luminosa; pelos gladiadores de antiga Roma, que se dopavam com punhados de grãos. Ou seja, naquela época o arroz era utilizado para quase tudo, menos para o feijão-com-arroz nosso de cada dia. Só na Idade Medieval começou a ser cultivado na Andaluzia, levado pelos mouros.

Ainda por causa das guerras, era comum faltar alimentos para os menos nobres. Quando, entre 1348 e 1352, a peste resolveu parte do problema da fome eliminando milhões de bocas, a maioria dos mercantes manteve-se afastada do risco da doença e do continente europeu. O povo, que já sofria a carestia, viu-se mais esfomeado que nunca, capaz de comer qualquer coisa. Então, por que não o arroz? Foi nesse período que o consumo de arroz tornou-se um hábito alimentar que dura até hoje.

Pode-se dizer que o risotto teve sua origem em Nápoles. Na realidade, foram os espanhóis a levar o arroz a Nápoles no século XIV, através da família Aragonês. Mas o alimento não fez muito sucesso nas terras secas da região, tendo sido exportado até o Norte, onde criou raízes e se desenvolveu como cultura comercial.

Hoje existem mais de 120.000 tipos diferentes de arroz, um cereal consumido pela metade da população mundial. Os tipos mais consumidos no Brasil, de qualidade “fino” e “extra-fino”, são comuns entre os povos orientais, ao contrário daquele utilizado na cozinha italiana, de diâmetro maior. O preferido pelos italianos para o risotto de sempre, é o carnaroli, que fica ligeiramente duro no interior e macio por fora, sem, contudo, virar papa. Mesmo assim, é comum encontrar a mesma receita com uma outra qualidade de arroz

Valores nutritivos (valores aproximados) em 100 gramas de arroz:
Valor energético – 347 kcal
Proteínas – 7,2 g
Lipídios – 0,6%
Glicídios – 79,7 g
Fibra – 0,6 g
Cálcio – 9 mg
Fósforo – 104 mg
Ferro – 1,32 mg
Vitamina B1 – 0,08 mg
Vitamina B2 – 0,03 mg
Colesterol – 0,0 mg
3 Colheres de sopa (aproximadamente 60 g) de arroz contém 100 calorias

Vá escolhendo o seu arroz. No próximo post você vai ficar por dentro dos segredos do Parmigiano Reggiano, o rei dos queijos.
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sábado, julho 21, 2007

segunda-feira, julho 16, 2007

Nova Receita

Fiquei lisonjeado quando recebi o convite para estrear como Chef. Nesta terça tem receita minha aqui. (Não é exatamente minha, mas vale assim mesmo.)

Aproveite para conhecer - se é que você ainda não conhece - um belíssimo site constantemente atualizado. Vai lá conferir.
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quinta-feira, julho 12, 2007

Alex Castro e Luiz Biajoni















BLOGUEIROS LANÇAM LIVROS EM
HAPPENINGS NO RIO E EM SP

Por favor, não ria do título deste release.


Nós sabemos: você está cansado dessa história. Acha até que não dá pra abrir uma pauta ou um espaço no caderno de cultura do seu jornal, ou em seu site ou mesmo no seu, ãhn, blog sobre esse assunto, já que toda semana tem algum, ãhn, "novo autor" saído diretamente da blogoseira para o papel. Mas talvez dessa vez possamos mostrar algo diferente. A editora não é uma "major"; trata-se de uma nova experiência editorial. E, bem, dessa vez os blogueiros são autores dos dois e-books mais baixados, resenhados e comentados da internet brasileira: Alex Castro e Luiz Biajoni.

Alex Castro (antes, Alexandre Cruz Almeida), o dono do Liberal Libertário Libertino, teve seu romance, "Mulher de Um Homem Só", baixado mais de 30 mil vezes. Na seqüência, fez uma das primeiras experiências de e-book pago do Brasil, com "Onde Perdemos Tudo”. Ele lança agora dois livros: um apresenta a reunião dos melhores textos em cinco anos de blog, com escritos já míticos como os "Quem Sou Eu" e "Pessoas que Acreditam em Coisas"; e outro, um e-book inédito com crônicas de viagem sobre Cuba.

Luiz Biajoni escreve no condomínio Verbeat e é autor de "Sexo Anal - Uma Novela Marrom" - o e-book mais resenhado da internet brasileira, com mais de 50 textos na rede (boa parte deles pode ser lida em http://novelamarrom.blogspot.com). Contrariando expectativas, ele lança agora uma obra curta e intimista que inova ao trazer, como brinde, um CD como trilha-sonora.

"Onde Perdemos Tudo" e "Sexo Anal - Uma Novela Marrom" tiveram resenhas elogiosas no Caderno Prosa & Verso d'O Globo no final do ano passado.

Pois Alex Castro e Luiz Biajoni estarão vendendo e assinando os livros, ao vivo, no mundo real, nos seguintes dias e locais:
- Rio de Janeiro: Bar Amarelinho, Praça Floriano, 55-B, Cinelândia - Sábado, 14 de julho, 19h30
- São Paulo: Bar Canto Madalena, R Medeiros de Albuquerque, 471, Vila Madalena - Sábado, 21 de julho, 19h30

Como sói acontecer, haverá encontro de blogueiros nesses locais, nessas datas, com malabarismos e engolidores de fogo - coisas que os blogueiros estão acostumados a fazer para ganhar a vida. Os autores estarão à disposição da imprensa que ainda não esteja farta desse tipo de matéria.


Os livros>>>

"Liberal Libertário Libertino - Crônicas" - 136 páginas, R$ 28,50 - Alex Castro, carioca, ex-rico, podófilo, leitor voraz de 300 volumes por ano, escreve com argúcia sobre temas banais e conta experiências inusitadas, como a história de sua fuga do furacão Katrina, em New Orleans, e a posterior busca por seu cão, Oliver, nos escombros da cidade. "Radical Rebelde Revolucionário - Crônicas Cubanas" - 100 páginas, R$ 20,00 - apresenta um novo olhar sobre Cuba, através de textos e imagens que oscilam entre a simpatia e a crítica, o amor e a repressão, revelando aspectos insólitos da cultura cubana. Muitas das crônicas de ambos os livros foram publicadas originalmente no diário carioca "Tribuna da Imprensa".

"Virgínia Berlim - Uma Experiência" - 68 páginas, R$ 28,50 - Luiz Biajoni, jornalista paulista, faz um exercício de estilo para contar uma história de conquista e perda entre duas pessoas, colegas de trabalho que se apaixonam. Não é possível falar muito sobre o livro sob pena de revelar detalhes importantes. O volume acompanha CD com canções que têm as letras traduzidas em anexo no livro.


A edição>>>

O design e a edição dos três livros ficaram por conta de Albano Martins Ribeiro, do selo OsViraLata, um novo projeto para divulgar o trabalho de escritores independentes e promover o contato entre autores e leitores. Um dos objetivos de Albano é incentivar os escritores a escapar do caminho usual editora-distribuidora-livraria e ter maior interação com seus leitores. "A grafia incorreta de OsViraLata não é à toa," explica Albano. "Se o mercado condena autores à marginalidade, então que esses autores aprendam a sobreviver nela. Nada contra o mercado editorial estabelecido, mas também nada contra o autor que queira publicar e não consiga. Cada um com seus problemas, cada um com suas soluções."

A editora colocou no mercado também neste ano o excelente "Os Melhores (e alguns dos piores) Textos de Branco Leone", do também blogueiro (http://brancoleone.wordpress.com).



URLs dos Livros:>>>

"Virgínia Berlim - Uma Experiência": http://www.osviralata.com.br/01prosa/01_virginiaberlim.html

"Liberal Libertário Libertino - Crônicas": http://www.osviralata.com.br/01prosa/01_lll.html

"Radical Rebelde Revolucionário - Crônicas Cubanas":
http://RRRcronicas.notlong.com

"Os Melhores (e Alguns dos Piores) Textos de Branco Leone": http://www.osviralata.com.br/01prosa/01_brancoleone.html

sexta-feira, julho 06, 2007

Etiquetas Italianas

- …Eu sou daqueles que quando começa uma coisa, vai até o fim.

- [Começou. Esse cara tem o poder de me irritar.] Eu, ao contrário, se percebo estar equivocado prefiro parar e avaliar uma alternativa.

- Vocês, extra-comunitários, são muito suscetíveis à direção do vento. Basta aparecer uma proposta diferente e vão vocês. Tenho minhas próprias convicções.

- Não se trata de suscetibilidade, também tenho minhas próprias convicções. Apenas prefiro não dividir o mundo em partes, nem tenho a necessidade de etiquetar as pessoas para conviver com elas.

- Como jornalista, é muito útil selecionar e dividir as coisas, opiniões, pessoas. Por exemplo: noutro dia precisava escrever sobre salames fui falar com o Sr. Ferrari, na feira. A família dele produz salames de qualidadeanos, e é muito melhor ter o nome dele anotado na agenda comosalame”. Outro exemplo: Quando preciso da opinião da esquerda light, te convido para um café.

- Cara, mas se eu votei no Berlusconi?! [Vou dar um na cabeça desse cara pra mostrar que o modo dele de enxergar o mundo é um modo obtuso.]

- Vo… Você não é um progressista?

- É você que não percebe que essa ótica limitada de ver as coisas lhe impõe fronteiras que não existem. O Sr. Ferrari até vende salames, mas não os fabrica. São os irmãos dele que tocam o negócio de família. aos sábados você o encontra na feira. Nos outros dias ele é professor de filosofia na faculdade. [Essa é verdade, mas que vai doer nele, isso vai. Touchê!]

- O… Sr. Ferrari…?

- O único conforto – se é que isso chega a ser um conforto – é que você etiqueta a si próprio quando diz: “Eu sou daqueles que…” Você se impõe limites restritivos e nem percebe.

- Que história é essa?! Eu evoluo, aprendo novas coisas, absorvo novos valores

- Tenho minhas dúvidas. O problema é que quem não é jornalista como você, também divide as pessoas em função do próprio julgamento, com uma agenda imaginária que registra apenas as informações superficiais, coletadas às pressas para poder classificar logo cada novo conhecido. E o outro nem tem a possibilidade de fazê-los mudar de idéia. Uma vez etiquetado, a convicção do juiz não muda.

- Peraí, vocême chamando de obtuso.

- Não se preocupe, reconheço as suas outras características e ainda lhe dou a possibilidade de mudar.

- Quem disse que eu quero mudar? Sou feliz assim!

- [É esse o problema.] Eu sei.

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