Sunday, January 29, 2006

Dia Da Memória

alguns anos Roberto Begnini respondia às entrevistas sobre o que o havia inspirado quando filmou “A Vida É Bela” indicando o livro em quadrinhos “Maus”. Art Spiegelman, autor do livro, ficou furioso e afirmou que Begnini não entendera nada da sua obra. Não entendera a metáfora dos personagens com máscaras de animais e brincava sobre um argumento sério. Spiegelman foi mais longe e acusou Begnini de criar um novo gênero de filme que, em breve, deveria concorrer ao Oscar em uma categoria própria: filmes sobre o holocausto.

Na realidade, havia a saudável tradição de lançar livros, filmes e outras manifestações sobre o tema. Como fez a revista diário em sua última edição mensal. O número foi inteiramente dedicado à shoah, com textos, depoimentos e entrevistas, além de indicar livros, filmes, músicas, debates, grupos de estudo, encontros e exposições comemorativas. O objetivo é o mesmo dos últimos sessenta anos: recordar para não esquecer.

A revista cometeu apenas um único deslize (outra tradição dos últimos sessenta anos): nem uma palavra sobre o massacre aos ciganos ou sobre os negros de Auschwitz. Que pena.


8 comments:

Claudio Costa said...

Quando assisti "A Vida é Bela" senti um misto de júbilo e de amargor. Júbilo pela abordagem leve e quase poética de um tema trágico e terrível. Amargor exatamente pela tragédia que não deve ser esquecida. Nunca. Quanto às críticas, defendo o diretor com uma passagem freudiana, onde o mestre nos ensina que uma das formas saudáveis de enfrentar a tragédia e minimizar a angústia é o humor. Freud cita um condenado à morte que diz ao comandante da escolta que o levará da cela ao cadafalso: "É, parece que hoje não será um bom dia para mim." Terá sido essa a intenção do filme?

Anonymous said...

Eles se esquecem de uma porçao de gente que tambem faz parte das minorias que o regime nazista queria limpar da face da terra. Quase nao se fala nos homossexuais, que segundo relatos dos poucos sobreviventes, foram os que executaram os trabalhos mais pesados e sujos. Alem disso, foram indubitavelmente um dos grupos em que poucos conseguiram sair com vida até o fim do holocausto.

Leila Silva said...

Allan,
Coincidência, estou lendo MAUS neste momento, ia até colocar nos meus cadernos...
Como a Denise, o que detesto na vida é bela é aquele final, acho que ele terminou pensando no Oscar. Ou fez tudo pensando no Oscar?! Enfim, é um bom filme. Eu não sabia dessa briga com o Spiegelman.
Abraços

Anonymous said...

Oi Allan! Boa semana e tudo de bom.

Anonymous said...

Allan, depois de estar morando na Italia, pude ver melhor o que aconteceu com os judeus.
meire

Anonymous said...

Olha, o comentário do Cláudio me arrepiou... Faço minhas as palavras dele. Tanti baci.

Anonymous said...

Me deu engulhos A Vida é Bela. E o papelão do Benigni, de incontrolável, quicante adulação dos americanos, nas festas de indicação para o Oscar, naquela fase toda. Argh!Eu sentia o rosto corar por ele!
No mais, assino embaixo de tudo que Denise Arcoverde escreveu. Esse documentário a que ela se refere, devia ser obrigatório. É uma das melhores coisas que já vi, extremamente esclarecedor.

Lusitano said...

Já houve tantos genocídios na história... mas fica parecendo que só houve este, e que só eles o sofreram. E os comunistas? E a resistência democrática? E os cristãos que se reportavam a Cristo e não a Pio XII? Tudo bem, tudo bem, mas que eles são mestres marqueteiros, isto também é verdade!